Sigur Rós
Pavilhão Atlântico, Lisboa
16 Jul 2006
Se atendermos à quantidade de fenómenos que ocorrem à margem desta ponta peninsular, não deixa de ser uma excelente oportunidade avaliar directamente o ponto inicial e conclusivo a um processo de maturação que se revelou a Portugal em três ocasiões (2+1) intervaladas por 9 meses apenas. Pois se em Novembro do ano passado era perceptÃvel que o optimismo grato de Takk... ainda teria de amadurecer para não acusar diferencial perante os clássicos de Ãgætis Byrjun, é altamente gratificante assistir ao momento natal de um disco no preciso dia em que chega ao fim a digressão que o promove. Um Pavilhão Atlântico com a lotação bem longe de esgotada pôde assim assistir à noite que antecedeu o primeiro dos restantes dias de Takk....
Isto porque agora que o disco conclui o seu primeiro real circulo de rodagem, os Sigur Rós usufruem da confiança e domÃnio técnico que se adquire apenas através de convÃvio intensivo com um trabalho de estúdio. O que em Novembro passado soava algo aborrecido e – no seu pior – desalinhado, pôde desta vez ascender ao exigente patamar que espera quaisquer músicas justapostas a “Olsen Olsen†ou "Viðar Vel Tl Loftárasa". “Saeglopurâ€, por exemplo, desperta – por entre o espreitar solarengo do xilofone - sob a forma serena de manhã de domingo, levitasse-se até elucidado núcleo convergente e termina em fade-out de toda a graça que exporta a Escandinávia. Encerra agora grandeza e vibrância capazes de lhe valerem o direito a ser obrigatória nos sets da banda islandesa. Tal como já merece que lhe seja atribuÃda a mesma regalia um “Glósóli†que, cada vez mais, é o degelo perfeito para marcar a aurora dos concertos de Sigur Rós.
Eles que - surgidos por entre a vegetação enevoada - se apresentaram a Oriente (de Lisboa) com uma série de recursos optmizados durante o tal perÃodo gestativo de 9 meses e outras tantas novidades empolgantes: um quinteto de sopro que se dignou a uma inesperada fanfarra durante “Sé Lest†e que redobrou o efeito vitorioso ao apogeu da enorme “Olsen Olsenâ€, além de um convidado que emprestou um discreto slide (ao estilo de Lambchop) a “Viðar Vel Tl Loftárasa". Esse que, antes de se atirar de cabeça em vertigem, reserva um momento de silêncio que a banda mantém durante o perÃodo que o público desejar. Sete Rios não dista assim tanto de Oriente e o veto sepulcral durou 4 segundos. À alma carente que tratou de arruinar os silêncios respiratórios com berros trogloditas como Rewind Selecta! e outros indecifráveis, deixo uma nota de esclarecimento: o novo reggae deixou de existir com a metro-sexualização do género imposta pelo oportunismo do Morangos com Acúçar. Enganou-se certamente na sala de espectáculo. Aconselha-se quarentena a tal histerismo.
Felizmente e porque o deus islandês também escreve direito por linhas tortas, não houve impecilho que travasse a derrocada estonteante que continua a ser o molotov sensorial arremessado por “Popplagiðâ€, - abençoadamente inevitável e o argumento crucial para que a experiência de se assistir a Sigur Rós seja revalidada a cada vez que faz tremer as fundações ao espaço que a recebe. A adrenalina destabiliza o ritmo cardÃaco na ânsia de encontrar aquele crescendo esbarrado na muralha de feedback em que invariavelmente resulta "Popplagiðâ€, que, num pódio que o compare à s rendições ocorridas no Coliseu de Lisboa, merece tecnicamente a medalha de ouro em ex-equo com a do concerto de Março de 2003. Continua a ser a cartada fatal que remedia quaisquer fragilidades exibidas durante hora e meia. Apesar de pertencente a um ( ) cada vez mais renegado ao esquecimento partilhado com Von, enquanto resultar ao vivo "Popplagið†(que desconhece sucessor à altura em Takk...) haverá esperança capaz de convencer os mais caseiros a percorrer a distância até à Islândia poeticamente virtualizada.
Esperança e paciência são valores que escasseiam no que toca à apreciação da primeira parte cumprida pelas Amina, que muito terão de progredir para surpreenderem além de um primeiro contacto imediato. É verdade que já conta com identidade musical própria o quarteto de cordas que habitualmente acompanha os Sigur Rós, mas não ajuda muito repetir a papel quÃmico o concerto de Novembro passado na sala do Rossio.
Isto porque agora que o disco conclui o seu primeiro real circulo de rodagem, os Sigur Rós usufruem da confiança e domÃnio técnico que se adquire apenas através de convÃvio intensivo com um trabalho de estúdio. O que em Novembro passado soava algo aborrecido e – no seu pior – desalinhado, pôde desta vez ascender ao exigente patamar que espera quaisquer músicas justapostas a “Olsen Olsen†ou "Viðar Vel Tl Loftárasa". “Saeglopurâ€, por exemplo, desperta – por entre o espreitar solarengo do xilofone - sob a forma serena de manhã de domingo, levitasse-se até elucidado núcleo convergente e termina em fade-out de toda a graça que exporta a Escandinávia. Encerra agora grandeza e vibrância capazes de lhe valerem o direito a ser obrigatória nos sets da banda islandesa. Tal como já merece que lhe seja atribuÃda a mesma regalia um “Glósóli†que, cada vez mais, é o degelo perfeito para marcar a aurora dos concertos de Sigur Rós.
Eles que - surgidos por entre a vegetação enevoada - se apresentaram a Oriente (de Lisboa) com uma série de recursos optmizados durante o tal perÃodo gestativo de 9 meses e outras tantas novidades empolgantes: um quinteto de sopro que se dignou a uma inesperada fanfarra durante “Sé Lest†e que redobrou o efeito vitorioso ao apogeu da enorme “Olsen Olsenâ€, além de um convidado que emprestou um discreto slide (ao estilo de Lambchop) a “Viðar Vel Tl Loftárasa". Esse que, antes de se atirar de cabeça em vertigem, reserva um momento de silêncio que a banda mantém durante o perÃodo que o público desejar. Sete Rios não dista assim tanto de Oriente e o veto sepulcral durou 4 segundos. À alma carente que tratou de arruinar os silêncios respiratórios com berros trogloditas como Rewind Selecta! e outros indecifráveis, deixo uma nota de esclarecimento: o novo reggae deixou de existir com a metro-sexualização do género imposta pelo oportunismo do Morangos com Acúçar. Enganou-se certamente na sala de espectáculo. Aconselha-se quarentena a tal histerismo.
Felizmente e porque o deus islandês também escreve direito por linhas tortas, não houve impecilho que travasse a derrocada estonteante que continua a ser o molotov sensorial arremessado por “Popplagiðâ€, - abençoadamente inevitável e o argumento crucial para que a experiência de se assistir a Sigur Rós seja revalidada a cada vez que faz tremer as fundações ao espaço que a recebe. A adrenalina destabiliza o ritmo cardÃaco na ânsia de encontrar aquele crescendo esbarrado na muralha de feedback em que invariavelmente resulta "Popplagiðâ€, que, num pódio que o compare à s rendições ocorridas no Coliseu de Lisboa, merece tecnicamente a medalha de ouro em ex-equo com a do concerto de Março de 2003. Continua a ser a cartada fatal que remedia quaisquer fragilidades exibidas durante hora e meia. Apesar de pertencente a um ( ) cada vez mais renegado ao esquecimento partilhado com Von, enquanto resultar ao vivo "Popplagið†(que desconhece sucessor à altura em Takk...) haverá esperança capaz de convencer os mais caseiros a percorrer a distância até à Islândia poeticamente virtualizada.
Esperança e paciência são valores que escasseiam no que toca à apreciação da primeira parte cumprida pelas Amina, que muito terão de progredir para surpreenderem além de um primeiro contacto imediato. É verdade que já conta com identidade musical própria o quarteto de cordas que habitualmente acompanha os Sigur Rós, mas não ajuda muito repetir a papel quÃmico o concerto de Novembro passado na sala do Rossio.
· 16 Jul 2006 · 08:00 ·
Miguel Arséniomigarsenio@yahoo.com
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