Lobster / Debut!
Porto Rio, Porto
30 Jun 2006
Sexta-feira e o Porto Rio só começa a “encher” bem depois da hora marcada (23h)? O que é que se passa, gente do Porto? Feitas as contas, foi um concerto para os “suspeitos do costume” e alguns curiosos que escolheram ficar cuidadosamente longe do exíguo palco do Barco Gandufe.
O cartaz inspirava reacções ambíguas: se os Lobster são uma das mais detonadoras bandas em cima de um palco (o concerto recente nos Maus Hábitos ficou na memória do vosso escriba como um momento raro de exaltação juvenil), os outros dois grupos não eram particularmente chamativos - os barreirenses Debut! têm um EP pouco interessante na Merzbau e os Sizo são rock alternativo a atirar para a MTV (o Bodyspace não ficou para os ver).
A sequência de concertos começou tarde com os Debut!, que editaram recentemente Stop Complaining, Music is Dead, o seu EP de estreia, na Merzbau. São um falso trio, composto por um iPod (sim, leram bem), daqueles caros, pequenos e catitas que despertam a gula de muitos, a debitar bateria pré-gravada, um baixista e um vocalista e guitarrista. Abriram com rock afiado dos saudosos At The Drive-In, mas foram a tantos sítios (ao pós-rock, aos Nirvana de Bleach, ao hardcore emocional) que acabaram por saber a fruta ainda verde.
Os sinais (pequenos mesmo assim) de agitação na plateia só começaram com os Lobster, duo lisboeta que representa muito bem o movimento global de miúdos que provêm do hardcore e que nele se baseiam para saltos estéticos. No caso dos Lobster, o hardcore está ainda vincado na violência com que Ricardo percorre a bateria e no cerramento dos “riffs” de guitarra de Guilherme. Mas o namoro com os freakouts do noise e, sobretudo, com as estruturas repetitivas do math rock não permite a rotulagem fácil e preguiçosa. As comparações a Lightning Bolt não são descabidas (até pela qualidade pop que o colega Rodrigo Nogueira tão atentamente detecta no duo norte-americano), mas os Lobster são muito mais directos, menos cacofónicos e mais punk rock.
O concerto baseou-se em Fast Seafood (Merzbau, 2005), com temas como “Colours” (estalhardaço circular, a bateria a crepitar de entusiasmo) ou “Farewell Chewbacca” (início punk rock a derivar para desenhos math e passagem à Explosions in the Sky no final a cair de paraquedas e a resultar surpreendentemente).
Mostraram ainda “Nintendo”, um tema menos memorável do que o normal que vai figurar num disco a meias com os Debut!, e temas do muito esperado split com os Veados Com Fome (o baterista Tiago Ferreira saltou do público para o palco para um tema aparentemente improvisado enquanto Ricardo se divertia na posição de espectador). “Keep it brutal”, desse split, é já um live hit do duo - é tão punk rock e festivo que pode servir de hino para a ainda demasiado curta falange de apoio aos Lobster.
O cartaz inspirava reacções ambíguas: se os Lobster são uma das mais detonadoras bandas em cima de um palco (o concerto recente nos Maus Hábitos ficou na memória do vosso escriba como um momento raro de exaltação juvenil), os outros dois grupos não eram particularmente chamativos - os barreirenses Debut! têm um EP pouco interessante na Merzbau e os Sizo são rock alternativo a atirar para a MTV (o Bodyspace não ficou para os ver).
Lobster © Nuno Dias |
A sequência de concertos começou tarde com os Debut!, que editaram recentemente Stop Complaining, Music is Dead, o seu EP de estreia, na Merzbau. São um falso trio, composto por um iPod (sim, leram bem), daqueles caros, pequenos e catitas que despertam a gula de muitos, a debitar bateria pré-gravada, um baixista e um vocalista e guitarrista. Abriram com rock afiado dos saudosos At The Drive-In, mas foram a tantos sítios (ao pós-rock, aos Nirvana de Bleach, ao hardcore emocional) que acabaram por saber a fruta ainda verde.
Os sinais (pequenos mesmo assim) de agitação na plateia só começaram com os Lobster, duo lisboeta que representa muito bem o movimento global de miúdos que provêm do hardcore e que nele se baseiam para saltos estéticos. No caso dos Lobster, o hardcore está ainda vincado na violência com que Ricardo percorre a bateria e no cerramento dos “riffs” de guitarra de Guilherme. Mas o namoro com os freakouts do noise e, sobretudo, com as estruturas repetitivas do math rock não permite a rotulagem fácil e preguiçosa. As comparações a Lightning Bolt não são descabidas (até pela qualidade pop que o colega Rodrigo Nogueira tão atentamente detecta no duo norte-americano), mas os Lobster são muito mais directos, menos cacofónicos e mais punk rock.
O concerto baseou-se em Fast Seafood (Merzbau, 2005), com temas como “Colours” (estalhardaço circular, a bateria a crepitar de entusiasmo) ou “Farewell Chewbacca” (início punk rock a derivar para desenhos math e passagem à Explosions in the Sky no final a cair de paraquedas e a resultar surpreendentemente).
Debut! © Ana Sofia Marques |
Mostraram ainda “Nintendo”, um tema menos memorável do que o normal que vai figurar num disco a meias com os Debut!, e temas do muito esperado split com os Veados Com Fome (o baterista Tiago Ferreira saltou do público para o palco para um tema aparentemente improvisado enquanto Ricardo se divertia na posição de espectador). “Keep it brutal”, desse split, é já um live hit do duo - é tão punk rock e festivo que pode servir de hino para a ainda demasiado curta falange de apoio aos Lobster.
· 30 Jun 2006 · 08:00 ·
Pedro Riospedrosantosrios@gmail.com
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