Efterklang
Lisboa Ao Vivo
23- Out 2019
Ter os Efterklang entre nós uma vez mais seria sempre uma ocasião especial. Ainda para mais quando, ou até mesmo porque, o seu vocalista, Casper Clausen, decidiu mudar-se para a Lisboa que fervilha mais alto, hoje, que qualquer cidade europeia. O mote era a apresentação de Altid Sammen, o seu novo álbum, que foi sendo interpretado ao longo da primeira parte de um concerto dividido em dois, perante meia casa de irredutíveis, que esqueceram por uma noite que o Lisboa Ao Vivo fica longe, que os bilhetes custavam 25€ e que havia mais concertos a acontecer perto do centro da cidade.

Ouve-se uma voz em dinamarquês a dar início a uma canção lenta, fria de outono, toda ela folhas a cair e chocolate quente, antes de os sintetizadores - ditos "sonhadores" - começarem a tomar conta do espaço e do pensamento. Tudo o que é entoado por Casper contém a beleza de um lume brando. E diz ele: «espero que percebam a mensagem, apesar de ser em dinamarquês». Não que seja preciso perceber; a emoção não precisa de tradução.

Por entre floreados melancólicos, rasgos kösmische e uma flauta a adocicar, os Efterklang foram proporcionando aos presentes uma daquelas noites que, em inglês, se adjectivam como comfy - um conforto gritante no meio do caos diário. «É surreal; vejo muitas caras conhecidas», disse a dada altura, como prenda para os supracitados irredutíveis, antes de arrancar com "Modern Drift", apresentar a banda - oriunda de todos os países e mais alguns - e de dedicar um tema aos First Breath After Coma (que abriram a noite com uma interpretação integral do seu último álbum, Nu, névoa, melodias digitais e uma guitarra quase metálica), "Sedna", que chegou mesmo a ser cantada por alguns. Em suma, um serão muito bonito. Há palavra melhor que esta?
· 11 Nov 2019 · 23:04 ·
Paulo Cecílio
pauloandrececilio@gmail.com