Yo La Tengo
Capitólio, Lisboa
6- Fev 2019
Foi um Capitólio muito bem composto aquele que começou por dar as boas vindas aos Yo La Tengo, de regresso a Lisboa para apresentar There's A Riot Going On, disco editado o ano passado e cujo título provém da obra com (quase) o mesmo nome dos Sly & The Family Stone. Que não se pense, no entanto, que este álbum age como um qualquer statement político por parte de uma banda aversa a tais demonstrações, pelo menos públicas. Em diversas entrevistas, Ira Kaplan deixou bem claro que essas interpretações ficam com quem as faz, reservando-se o direito de manter alguma aura de mistério em torno da escolha destas palavras específicas.
Em noite de derby lisboeta, facto a que os Yo La Tengo fizeram alusão durante o concerto, agradecendo a presença dos que ali se encontravam, a banda norte-americana - um dos últimos baluartes do indie norte-americano dos anos 80 - apresentou-se como em muitas outras ocasiões: dividindo o espectáculo em duas partes, com intervalo pelo meio, quase como que num jogo de futebol. A primeira, mais calma, serviu para mostrar precisamente os temas de There's A Riot Going On, começando com um drone melancólico e uivante a abrir caminho para "You Are Here", a primeira faixa do novo álbum, pautada por uma bateria kraut e um baixo daqueles.
Era a primeira salva de um concerto que durou duas horas, e mais poderia ter durado. Houve, porém, quem desistisse ao intervalo, como se a sua equipa estivesse a perder por 4 ou 5 golos de diferença (e houve até quem fosse palidamente escoltado por um segurança quando a primeira parte nem ia a meio); a sala mostrou-se mais despida quando os Yo La Tengo regressaram para acelerar um bocado mais as coisas à procura da reviravolta. O que não significa que não tenham existido ocasiões de perigo, como a bela "She May, She Might" ou o eterno anoitecer de canções como "Song For Mahila".
Mas entraram os avançados, o poder de fogo que a equipa Tengo precisava. O órgão maníaco de "Sudden Organ", logo a seguir a "Shades Of Blue", obrigou-nos a procurar abrigo mais perto da acção. E, claro, houve a guitarra de Kaplan, que nem parece ter a idade que tem (62, caramba!), a mostrar-nos que o sentido da vida pode muito bem ser ser-se jovem e barulhento, gastando a dor em camadas de feedback. Uma invasão de palco de uma fã mais extremosa - que não pôde deixar de cumprimentar toda a banda - teve lugar antes de um encore com surpresa: um fã pediu uma canção que espantou até o guitarrista, que acedeu (que canção foi não percebemos: agradecíamos aos leitores que nos ajudassem). E ainda houve espaço para "Prisoners Of Rock N' Roll", de Neil Young com os Crazy Horse, e o final suave com "Somebody's In Love", dos Cosmic Rays. Tudo somado, foi uma bela partida.
Em noite de derby lisboeta, facto a que os Yo La Tengo fizeram alusão durante o concerto, agradecendo a presença dos que ali se encontravam, a banda norte-americana - um dos últimos baluartes do indie norte-americano dos anos 80 - apresentou-se como em muitas outras ocasiões: dividindo o espectáculo em duas partes, com intervalo pelo meio, quase como que num jogo de futebol. A primeira, mais calma, serviu para mostrar precisamente os temas de There's A Riot Going On, começando com um drone melancólico e uivante a abrir caminho para "You Are Here", a primeira faixa do novo álbum, pautada por uma bateria kraut e um baixo daqueles.
Era a primeira salva de um concerto que durou duas horas, e mais poderia ter durado. Houve, porém, quem desistisse ao intervalo, como se a sua equipa estivesse a perder por 4 ou 5 golos de diferença (e houve até quem fosse palidamente escoltado por um segurança quando a primeira parte nem ia a meio); a sala mostrou-se mais despida quando os Yo La Tengo regressaram para acelerar um bocado mais as coisas à procura da reviravolta. O que não significa que não tenham existido ocasiões de perigo, como a bela "She May, She Might" ou o eterno anoitecer de canções como "Song For Mahila".
Mas entraram os avançados, o poder de fogo que a equipa Tengo precisava. O órgão maníaco de "Sudden Organ", logo a seguir a "Shades Of Blue", obrigou-nos a procurar abrigo mais perto da acção. E, claro, houve a guitarra de Kaplan, que nem parece ter a idade que tem (62, caramba!), a mostrar-nos que o sentido da vida pode muito bem ser ser-se jovem e barulhento, gastando a dor em camadas de feedback. Uma invasão de palco de uma fã mais extremosa - que não pôde deixar de cumprimentar toda a banda - teve lugar antes de um encore com surpresa: um fã pediu uma canção que espantou até o guitarrista, que acedeu (que canção foi não percebemos: agradecíamos aos leitores que nos ajudassem). E ainda houve espaço para "Prisoners Of Rock N' Roll", de Neil Young com os Crazy Horse, e o final suave com "Somebody's In Love", dos Cosmic Rays. Tudo somado, foi uma bela partida.
· 20 Fev 2019 · 23:06 ·
Paulo Cecíliopauloandrececilio@gmail.com