The Peppermints / d3ö
Galeria ZĂ© dos Bois, Lisboa
14 Out 2005
Sexta-feira, noite de rock’n’roll. Primeiro os conimbricenses d3ö, incendiadores de palcos profissionais, donos de riffs porreiros e “hey hey” a rodos. Depois, as norte-americanas Peppermints, donas de fatiotas sem pinta, cabelos descolorados (menos a baterista) e um ar de putéfias que não se compra (ou se calhar até se compra). Dois trios, um célebre por ter nas suas fileiras Tony Fortuna, dos Tédio Boys (mas não só, claro, já que os d3ö têm créditos firmados em nome próprio), e outro célebre por ter sido editado pela Paw Tracks, editora dos iluminados Animal Collective.
Como Ă© hábito, o atraso das pessoas ditou que os d3ö começassem a tocar muito depois das 11 da noite, hora marcada. Uma sala bem composta para a entrega total deles, com Tony Fortuna do lado direito do palco (esquerdo de quem vĂŞ), a suar, a cantar, a tocar guitarra rĂtmica, um frontman carismático cheio de força, o baterista no meio, com uma camisola de futebol e brilhantina no cabelo (e depois o outro Ă© que se chama Tony), com um ar compenetrado e concentrado, sempre a tentar nĂŁo perder o ritmo, e o guitarrista principal a tocar melodias do surf-rock ou apenas a trazer um pouco mais de melodia Ă s coisas. Canções rápidas e eficazes, com Tony a falar nos intervalos das mesmas, a explicar que o guitarrista esteve a ver Onde Pára a PolĂcia e ficou a falar como Zed, ignorando que este Ă© de Academia de PolĂcia, entre muitas outras frases pouco compreensĂveis.
Pede-se sempre ao pĂşblico para aderir, para se despir, mas sĂł a banda Ă© que tira a parte de cima da roupa. “Mais ninguĂ©m tem calor?” O pĂşblico adere pouco, sĂł há alguma agitação quando Ă© impossĂvel escapar Ă s baterias dançáveis e as ancas começam a mexer-se. Uma entrega da banda que nĂŁo teve repercussões no pĂşblico fizeram com que o concerto fosse fraco, nada ao nĂvel do melhor que os d3ö sabem fazer. Tudo porque os d3ö sĂŁo uma banda de palco, e Ă© quase redundante ouvi-los em disco.
As Peppermints nĂŁo sabem tocar. Adoram nĂŁo saber tocar. SĂŁo trĂŞs raparigas, duas delas pouco respeitáveis, com cabelo descolorado e vestidas, respectivamente, com fato de treino e mini-saia. Uma com cabelo comprido e ar de quem esteve horas a maquilhar-se, a outra com cabelo curto. A baterista Ă© mais respeitável, mas tambĂ©m nĂŁo sabe tocar. A do cabelo comprido toca baixo e grita, a do cabelo curto toca guitarra e, para se armar em guitar heroine (ignorando que, para isso, Ă© necessário saber tocar), usa uma guitarra em forma de estrela. As “canções” das Peppermints demoram um minuto, mais ou menos, e sĂŁo feitas pondo os dedos nos instrumentos de corda e batendo nas partes da bateria quase aleatoriamente, gritando coisas imperceptĂveis por cima. NĂŁo Ă© estranho, entĂŁo, que soem todas iguais. Será isto punk? Será isto rock’n’roll? NĂŁo, sĂŁo umas Melt-Banana medĂocres, sem força nem poder. Apresentam os temas dizendo de que falam os mesmos, ora da chuva e do tempo, ora de vegetais, ora de morte (diz-se “KILL KILL KILL”). E Ă© mesmo necessário fazĂŞ-lo, já que ninguĂ©m percebe o que gritam e grunhem. No meio deste rock sujo e manhoso (no mau sentido), as duas raparigas principais trocam de instrumentos. E – surpresa das surpresas – tocam-nos de forma idĂŞntica.
Tocam durante menos tempo do que os d3ö, a banda que “abriu” para elas (mas lhes deu uma abada enorme, mesmo não estando nos seus melhores dias). Jesus Chryst, o registo de longa-duração deste ano, é exactamente assim, mas sem os pregos que houve em “palco” (que os ouve, mesmo que a banda não soubesse tocar propositadamente).
Noite morna, com um pĂşblico demasiado bem composto para a mediocridade que foram os concertos. NĂŁo se sabe porque Ă© que os Animal Collective foram apostar nas Peppermints, já que nem em disco nem ao vivo sĂŁo algo de especialmente interessante. Será divertido vĂŞ-las pela primeira vez, mas sabe-se sempre que aquilo nĂŁo Ă© bom. Noutras notĂcias bem mais interessantes, os Animal Collective já estĂŁo em Portugal, e Avey Tare, Deakin e Geologist (Panda Bear, o lisboeta do grupo, nĂŁo estava lá) estavam no pĂşblico. TambĂ©m nĂŁo pareciam muito entusiasmados com as Peppermints, o que ajuda Ă estranheza por terem assinado as Peppermints na Paw Tracks. Por agora escapa-nos, mas há-de existir uma razĂŁo qualquer.
Como Ă© hábito, o atraso das pessoas ditou que os d3ö começassem a tocar muito depois das 11 da noite, hora marcada. Uma sala bem composta para a entrega total deles, com Tony Fortuna do lado direito do palco (esquerdo de quem vĂŞ), a suar, a cantar, a tocar guitarra rĂtmica, um frontman carismático cheio de força, o baterista no meio, com uma camisola de futebol e brilhantina no cabelo (e depois o outro Ă© que se chama Tony), com um ar compenetrado e concentrado, sempre a tentar nĂŁo perder o ritmo, e o guitarrista principal a tocar melodias do surf-rock ou apenas a trazer um pouco mais de melodia Ă s coisas. Canções rápidas e eficazes, com Tony a falar nos intervalos das mesmas, a explicar que o guitarrista esteve a ver Onde Pára a PolĂcia e ficou a falar como Zed, ignorando que este Ă© de Academia de PolĂcia, entre muitas outras frases pouco compreensĂveis.
Pede-se sempre ao pĂşblico para aderir, para se despir, mas sĂł a banda Ă© que tira a parte de cima da roupa. “Mais ninguĂ©m tem calor?” O pĂşblico adere pouco, sĂł há alguma agitação quando Ă© impossĂvel escapar Ă s baterias dançáveis e as ancas começam a mexer-se. Uma entrega da banda que nĂŁo teve repercussões no pĂşblico fizeram com que o concerto fosse fraco, nada ao nĂvel do melhor que os d3ö sabem fazer. Tudo porque os d3ö sĂŁo uma banda de palco, e Ă© quase redundante ouvi-los em disco.
As Peppermints nĂŁo sabem tocar. Adoram nĂŁo saber tocar. SĂŁo trĂŞs raparigas, duas delas pouco respeitáveis, com cabelo descolorado e vestidas, respectivamente, com fato de treino e mini-saia. Uma com cabelo comprido e ar de quem esteve horas a maquilhar-se, a outra com cabelo curto. A baterista Ă© mais respeitável, mas tambĂ©m nĂŁo sabe tocar. A do cabelo comprido toca baixo e grita, a do cabelo curto toca guitarra e, para se armar em guitar heroine (ignorando que, para isso, Ă© necessário saber tocar), usa uma guitarra em forma de estrela. As “canções” das Peppermints demoram um minuto, mais ou menos, e sĂŁo feitas pondo os dedos nos instrumentos de corda e batendo nas partes da bateria quase aleatoriamente, gritando coisas imperceptĂveis por cima. NĂŁo Ă© estranho, entĂŁo, que soem todas iguais. Será isto punk? Será isto rock’n’roll? NĂŁo, sĂŁo umas Melt-Banana medĂocres, sem força nem poder. Apresentam os temas dizendo de que falam os mesmos, ora da chuva e do tempo, ora de vegetais, ora de morte (diz-se “KILL KILL KILL”). E Ă© mesmo necessário fazĂŞ-lo, já que ninguĂ©m percebe o que gritam e grunhem. No meio deste rock sujo e manhoso (no mau sentido), as duas raparigas principais trocam de instrumentos. E – surpresa das surpresas – tocam-nos de forma idĂŞntica.
Tocam durante menos tempo do que os d3ö, a banda que “abriu” para elas (mas lhes deu uma abada enorme, mesmo não estando nos seus melhores dias). Jesus Chryst, o registo de longa-duração deste ano, é exactamente assim, mas sem os pregos que houve em “palco” (que os ouve, mesmo que a banda não soubesse tocar propositadamente).
Noite morna, com um pĂşblico demasiado bem composto para a mediocridade que foram os concertos. NĂŁo se sabe porque Ă© que os Animal Collective foram apostar nas Peppermints, já que nem em disco nem ao vivo sĂŁo algo de especialmente interessante. Será divertido vĂŞ-las pela primeira vez, mas sabe-se sempre que aquilo nĂŁo Ă© bom. Noutras notĂcias bem mais interessantes, os Animal Collective já estĂŁo em Portugal, e Avey Tare, Deakin e Geologist (Panda Bear, o lisboeta do grupo, nĂŁo estava lá) estavam no pĂşblico. TambĂ©m nĂŁo pareciam muito entusiasmados com as Peppermints, o que ajuda Ă estranheza por terem assinado as Peppermints na Paw Tracks. Por agora escapa-nos, mas há-de existir uma razĂŁo qualquer.
· 14 Out 2005 · 08:00 ·
Rodrigo Nogueirarodrigo.nogueira@bodyspace.net
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