Erlend Øye
Capitólio, Lisboa
16- Mai 2018
Com uma quantidade insuportável de pólen no ar e vinte minutos de atraso, eis que Erlend Øye pisa finalmente o palco do Capitólio, em Lisboa, perante um público que bem conhece - e o público a ele - e que encheu a sala para o ver tocar as suas canções a solo. Prova de que a travagem de uma banda nem sempre significa a travagem do carinho que se tem por ela ou pelos seus membros: os Kings Of Convenience já não editam um disco desde 2009, mas estão ainda bem presentes na memória de todos aqueles que se deslocaram até aqui.
Porque Portugal é um país de extremos, que adora tanto o rock mais rasgado e radiofónico como a electrónica e a folk mais choninhas (e, no fundo, ambas as coisas vão dar ao nosso fado), Erlend Øye não poderia senão ter casa cheia. Ainda que as melodias que toca com a sua banda, os La Comitiva, oriundos da sua agora nativa Sicília, a isso bem convidem. Há ali algo naquela inocência, naquela candura, naqueles dois cavaquinhos e duas guitarras; a ideia de que se pode fazer música para relaxar sem nos perdermos em azeiteirices new age.
A linguagem não é barreira, porque Erlend não canta em norueguês. Canta sobretudo em italiano, e até permitiu aos La Comitiva um par de canções em português com sotaque do país da bossa nova. Muito resumidamente, estamos perante o norueguês mais românico de sempre; aquilo que se escuta poderia muito bem ter vindo da Itália dos anos 50 e 60, concorrido à Eurovisão e limpado aquilo tudo. Fica a dica caso ele se queira meter nessas aventuras de futuro.
De "Upside Down" a "Intentions", de "Bad Guy Now" a momentos Freddie Mercury (nos quais puxava pelo público, para que este cantasse), dos Smiths ("Heaven Knows I'm Miserable Now") a Bruno Martino ("Estate", tornada famosa por João Gilberto), de histórias de como ele e banda andaram a ser turistas ao longo dos últimos dias por Lisboa até um microfone sacado aos anos 40 para um trio de canções instrumentais, houve de tudo no concerto de Erlend Øye. Em especial, a ideia de que há algo para além das cidades e da avalanche constante de informação; há colinas e vales e verde prontos a serem explorados e apreciados. E há a felicidade, suprema e indivisível, de quem não precisa de grandes coisas para ser feliz - qual Alberto Caeiro do indie. A banda sai aos pulinhos do palco como campeões, o público sai do Capitólio satisfeito, e a magia de "La Prima Estate" continua a ressoar na cabeça horas após o concerto. Não há muitos assim - tão bonitos que até parece mentira.
Porque Portugal é um país de extremos, que adora tanto o rock mais rasgado e radiofónico como a electrónica e a folk mais choninhas (e, no fundo, ambas as coisas vão dar ao nosso fado), Erlend Øye não poderia senão ter casa cheia. Ainda que as melodias que toca com a sua banda, os La Comitiva, oriundos da sua agora nativa Sicília, a isso bem convidem. Há ali algo naquela inocência, naquela candura, naqueles dois cavaquinhos e duas guitarras; a ideia de que se pode fazer música para relaxar sem nos perdermos em azeiteirices new age.
A linguagem não é barreira, porque Erlend não canta em norueguês. Canta sobretudo em italiano, e até permitiu aos La Comitiva um par de canções em português com sotaque do país da bossa nova. Muito resumidamente, estamos perante o norueguês mais românico de sempre; aquilo que se escuta poderia muito bem ter vindo da Itália dos anos 50 e 60, concorrido à Eurovisão e limpado aquilo tudo. Fica a dica caso ele se queira meter nessas aventuras de futuro.
De "Upside Down" a "Intentions", de "Bad Guy Now" a momentos Freddie Mercury (nos quais puxava pelo público, para que este cantasse), dos Smiths ("Heaven Knows I'm Miserable Now") a Bruno Martino ("Estate", tornada famosa por João Gilberto), de histórias de como ele e banda andaram a ser turistas ao longo dos últimos dias por Lisboa até um microfone sacado aos anos 40 para um trio de canções instrumentais, houve de tudo no concerto de Erlend Øye. Em especial, a ideia de que há algo para além das cidades e da avalanche constante de informação; há colinas e vales e verde prontos a serem explorados e apreciados. E há a felicidade, suprema e indivisível, de quem não precisa de grandes coisas para ser feliz - qual Alberto Caeiro do indie. A banda sai aos pulinhos do palco como campeões, o público sai do Capitólio satisfeito, e a magia de "La Prima Estate" continua a ressoar na cabeça horas após o concerto. Não há muitos assim - tão bonitos que até parece mentira.
· 04 Jun 2018 · 21:45 ·
Paulo CecÃliopauloandrececilio@gmail.com
FOTOGALERIA
ÚLTIMAS REPORTAGENS
ÚLTIMAS