Vodafone Mexefest 2017
Lisboa
24-25 Nov 2017
DIA 2 |
Com as pernas meio doridas do dia anterior, foi preciso fazer um esforço e correr até ao Capitólio para gritar por Gondomar. Que é como quem diz, gritar pelos Conjunto Corona, paródia do rap gangsta que é ela própria rap gangsta, ao bom jeitinho tripeiro. Os Corona, sempre demasiado gentis em palco, merecerão sempre o nosso muito apoio enquanto nos continuarem a fazer rir e gingar ao som do groove que permeia temas como "CV", ou nos continuarem a querer fazer partir tudo como em "Pontapé Nas Costas". No fundo, são uma banda punk. O resto da malta é que não sabe - eles parecem sabê-lo desde há muito. Num concerto onde não faltou o hidromel da praxe e um Homem do Robe a cambalear em palco e fora dele, onde cachecóis do Gondomar SC foram parar aos pés e ao pescoço do dB e onde o Nuno Dias estava bem lá à frente para uma vez mais ouvir aquele shout-out gostoso, só faltaram mesmo as putas. Faltam sempre, na verdade.
Com disco de estreia editado há pouco tempo, Iguana Garcia mostrou garra em mais um concerto na Garagem, mas onde não conseguiu o milagre dos Ermo na noite anterior. Ficou aquela sua dança alternativa, com algum glam à mistura, e gente mais preocupada em pôr a conversa em dia que assistir ao raio do concerto. Quando a malta se queixa dos telemóveis sobre as cabeças, eu recordo-lhes sempre que ao menos os ecrãs não falam. Bem, até ao dia.
Eram, talvez, o grande cabeça de cartaz da edição deste ano, fruto das boas críticas que o seu primeiro álbum tem vindo a receber. Os Cigarettes After Sex regressaram a Portugal para amar e ser amados, mas devagarinho, com muito lubrificante e preservativo, e com canções tão sensuais e onde se encontram versos tão românticos como, traduzido de forma livre, «és a Santa Padroeira do broche». "Young And Dumb", esse portento de canção, escutou-se logo à segunda. Depois, surgiram os "êxitos": "John Wayne", "Flash" ou "Each Time You Fall In Love". Os Cigarettes After Sex, quer vocês queiram quer não, são os Red House Painters para toda uma nova geração (e eu fui o primeiro gajo a dizê-lo, e tenho posts no Facebook que o provam); fazem chorar, fazem o coração tremer de emoção, fazem esta juventude querer pinar com beijinhos muitos à mistura. E isso, numa era onde só o ódio é manchete, é bastante fofo.
Já Vaiapraia é a primeira grande voz do queercore em Portugal, deslocando-se até à Garagem para um concerto cheio de punk e de gente, com o estimado Rodrigo a tirar selfies com os telemóveis dos fãs e a acabar de tronco nu. Punk, sim. Como não o ser quando uma sociedade te corta a vontade e o espaço? Mal acabou, foi hora de correr novamente para o Capitólio, com o Desportivo das Aves a moer a cabeça e Allen Halloween a revelar-se uma opção melhor do que aquela que poderia ter sido Julia Holter, tal era a sede de violência. Ali, houve "Drunfos" e "Killa Me", e houve rendições acústicas de temas seus e de Zeca Afonso, do álbum por lançar e que se chamará Unplugueto. E houve, também, prova de que o hip-hop tuga afinal está vivo. Durante anos e anos pareceu que não. Vivos também os Liars, hoje reduzidos a um único membro da formação original, e que foram até à Estação do Rossio para apresentar o seu novo trabalho, com Angus Andrew vestido de noiva e imensa gente passada dos cornos mal sou "Mess On A Mission". Como não poderia deixar de ser, já que é alta malha.
Com disco de estreia editado há pouco tempo, Iguana Garcia mostrou garra em mais um concerto na Garagem, mas onde não conseguiu o milagre dos Ermo na noite anterior. Ficou aquela sua dança alternativa, com algum glam à mistura, e gente mais preocupada em pôr a conversa em dia que assistir ao raio do concerto. Quando a malta se queixa dos telemóveis sobre as cabeças, eu recordo-lhes sempre que ao menos os ecrãs não falam. Bem, até ao dia.
Eram, talvez, o grande cabeça de cartaz da edição deste ano, fruto das boas críticas que o seu primeiro álbum tem vindo a receber. Os Cigarettes After Sex regressaram a Portugal para amar e ser amados, mas devagarinho, com muito lubrificante e preservativo, e com canções tão sensuais e onde se encontram versos tão românticos como, traduzido de forma livre, «és a Santa Padroeira do broche». "Young And Dumb", esse portento de canção, escutou-se logo à segunda. Depois, surgiram os "êxitos": "John Wayne", "Flash" ou "Each Time You Fall In Love". Os Cigarettes After Sex, quer vocês queiram quer não, são os Red House Painters para toda uma nova geração (e eu fui o primeiro gajo a dizê-lo, e tenho posts no Facebook que o provam); fazem chorar, fazem o coração tremer de emoção, fazem esta juventude querer pinar com beijinhos muitos à mistura. E isso, numa era onde só o ódio é manchete, é bastante fofo.
Já Vaiapraia é a primeira grande voz do queercore em Portugal, deslocando-se até à Garagem para um concerto cheio de punk e de gente, com o estimado Rodrigo a tirar selfies com os telemóveis dos fãs e a acabar de tronco nu. Punk, sim. Como não o ser quando uma sociedade te corta a vontade e o espaço? Mal acabou, foi hora de correr novamente para o Capitólio, com o Desportivo das Aves a moer a cabeça e Allen Halloween a revelar-se uma opção melhor do que aquela que poderia ter sido Julia Holter, tal era a sede de violência. Ali, houve "Drunfos" e "Killa Me", e houve rendições acústicas de temas seus e de Zeca Afonso, do álbum por lançar e que se chamará Unplugueto. E houve, também, prova de que o hip-hop tuga afinal está vivo. Durante anos e anos pareceu que não. Vivos também os Liars, hoje reduzidos a um único membro da formação original, e que foram até à Estação do Rossio para apresentar o seu novo trabalho, com Angus Andrew vestido de noiva e imensa gente passada dos cornos mal sou "Mess On A Mission". Como não poderia deixar de ser, já que é alta malha.
· 06 Dez 2017 · 01:00 ·
Paulo Cecíliopauloandrececilio@gmail.com
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