Iron & Wine
Teatro Tivoli BBVA, Lisboa
1- Nov 2015
Um acontecimento, várias estreias: no dia em que arrancava o mês de Novembro era inaugurado o festival Misty Fest e Iron & Wine estreava-se ao vivo em Portugal. O projecto musical de Sam Beam abriu no Tivoli BBVA este festival atípico, que vai passar por várias cidades portuguesas, apresentando um cartaz que atravessa diversas áreas, do fado, à clássica, ao jazz, à world music… Nesta edição 2015 do Misty, que decorre durante duas semanas, vão passar grandes nomes nacionais e internacionais como Dead Combo, Cinematic Orchestra, Lenine e Mayra Andrade, entre outros.

Perante um auditório do Tivoli cheiíssimo, e com a maior arte do público já conquistado à partida, Sam Beam apresentou-se a solo, apenas voz e guitarra. O americano disse que se iria tratar de um espectáculo “buffet”, mas seria mais exacto chamar-lhe um serviço “à la carte”: o público sugeria as músicas, gritando os títulos das canções favoritas para o palco, Beam seleccionava algumas das sugestões lançadas e ia interpretando esses temas pedidos.

O concerto arrancou com uma belíssima sequência: “Upward Over the Mountain”, “Jesus the Mexican Boy” e “The Trapeze Swinger”. Apesar da austeridade de recursos, Beam tratou de interpretar cada tema com brio e profissionalismo, conseguindo reproduzir os temas com fidelidade às gravações. Aquela voz - sobretudo a voz - consegue encher a sala toda. E a guitarra, sóbria e sempre eficiente, basta para encher o acompanhamento instrumental.

Por vezes ouviam-se pequenas falhas, um lapso numa letra ou outra, mas nada se estragava, a música seguia e tudo fazia parte do espectáculo. Além dos temas pedidos pelo público, Sam Beam fez ainda questão de interpretar alguns temas mais recentes. Não faltariam canções obrigatórias, clássicos da discografia ironandwiniana, como “Jezebel” e “Naked as we came” - curiosamente estas duas apresentadas em sequência, e a segunda recebeu aquele que terá sido o maior aplauso da noite.

Além da força da voz, da eficácia em cada música, da proximidade ao som que se conhece gravado e mesmo da iconografia da própria figura onde se destaca aquela barba épica (cultivada antes da moda), é inevitável registar a simpatia com que Sam Beam dialogava com o público, parecendo genuinamente feliz, sempre sorridente. Se o público já estava conquistado à partida, não terá saído desiludido. Após mais de hora e meia de canções, Beam regressaria para um encore muito pedido e o concerto fechou com uma interpretação emotiva de “Flightless Bird American Mouth”, quase exclusivamente “a capella”. Na sua estreia em Portugal Sam Beam não só cumpriu como superou as expectativas, foi uma actuação quase perfeita.
· 03 Nov 2015 · 08:50 ·
Nuno Catarino
nunocatarino@gmail.com

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