Mdou Moctar / Jibóia
Galeria Zé dos Bois, Lisboa
17- Set 2015
Primeiro os nossos! Os portugueses primeiro! Assim foi e no dia 17 de Setembro o português Jibóia actuou em primeiro lugar na Galeria Zé dos Bois. Jibóia apresentou-se ao vivo e num contexto diferente do seu molde habitual. É verdade que Oscar Silva já se tinha apresentado pontualmente em formato expansivo, com a sua “Jibóia Experience”, numa formação alargada com vários convidados e amigos. Mas este novo formato veio mesmo para ficar, não é apenas uma coisa pontual.

Apresentando material de um próximo disco, que estará para chegar, Jibóia actuou em formato duo, com a companhia da bateria de Ricardo Martins (Cangarra, Adorno, Lobster, Noz2, etc.). Foram desvendados temas novos, que de forma geral não andam longe dos ambientes que já conhecíamos: melodias surripiadas ao Oriente com um certo misticismo, conjugadas com espírito e energia rock. Se por vezes a bateria acrescentava dinâmica, noutros momentos pouco somou. O tema menos interessante terá sido o mais barulhento - distorção e explosão são óptimos, especialmente ao vivo, mas nada acrescentam à música de Jibóia.

© Jorge Vieira

Na segunda parte chegou ao aquário da Rua da Barroca o rock tuaregue de Mdou Moctar. Herdeiro dos históricos Tinariwen, que vêm surpreendendo o mundo desde os anos ’80 com o seu rock do deserto, Mahamadou Souleymane mais conhecido por Mdou Moctar, virou uma espécie de Jimi Hendrix do Saara. Moctar já tinha actuado anteriormente em Lisboa (recordou a passagem recente pelo Musicbox, onde actuou com um cabelo mais comprido) e apresentou-se desta vez na ZDB em trio, acompanhado pela guitarra de Ahmoudou Madassane (certinho na guitarra ritmo) e pela bateria de Ibrahim Aboubaka (discreto mas eficiente).

© Jorge Vieira

Combinando a tradição melódica local com a electricidade rock ocidental, Moctar conquistou rapidamente o público que encheu o aquário. Moctar bem pode estar habituado ao calor do deserto, mas sofreu visivelmente com o calor da ZDB, servindo-se várias vezes de toalhas para limpar o suor que escorria. Cada tema de Mdou Moctar, ancorado em riffs irresistíveis, seduzia rapidamente o público e obrigava a dançar freneticamente. Aquela gente é assim, só está bem é a inebriar-nos com músicas exóticas que nos obrigam a dançar sem parar.
· 30 Set 2015 · 00:09 ·
Nuno Catarino
nunocatarino@gmail.com

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