Pop Dell´Arte / Volcano Skin
Sabotage Club, Lisboa
30- Abr 2015
Antes de mais, há que dar os devidos parabéns ao Sabotage, que anda há dois anos a espalhar o rock e o caos (amiúde o amor, como é natural) pelo Cais do Sodré, servindo de casa a uma miríade de artistas nacionais e internacionais de renome. Perdemos a virgindade com os amigos SAUR e Lydia's Sleep, apanhámos o gigante Dean Wareham e o seu fabuloso disco a solo, recordamos com carinho as noites e o alcoolismo das Wonderland e, acima de tudo, celebramos o que o espaço tem feito pela cultura e pela música na zona de Lisboa, juntamente com tantos outros espaços: assim quase que nem apetece dizer que a capital é uma merda. Que continuem por muitos e bons anos.

Volcano Skin © Rita Sousa Vieira

Numa festa que durou três dias, só houve pernas para ir a um deles, para carimbar o cartão do rock com o selo dos Pop Dell'Arte, banda que nunca antes havíamos presenciado ao vivo apesar desta nos acompanhar desde que ouvimos um "Sonho Pop" no trailer de um filme de cujo título não nos recordamos no momento em que escrevemos este texto (estejam à vontade para o indicar nos comentários do Facebook). Antes disso, Volcano Skin: trio que evoca Manchester, ou que a coloca numa caixa e a recauchuta no século XXI. É difícil não pensar nos Joy Division por força da atmosfera criada pelo grupo ou pelos movimentos espasmódicos do seu vocalista, mas também aqui vemos marcas dos A Certain Ratio ou de The Fall, antes que um interessantíssimo número jazzístico abata a onda pós-punk. E se isto pode cortar a onda a muita gente que já não tem paciência para esta sonoridade em 2015... bem, não se pode agradar a gregos e troianos. Convenhamos, contudo, que é impossível não gostar de bandas com um theremin.

Pop Dell'Arte © Rita Sousa Vieira

Já a meia-noite ia distante quando os Pop Dell'Arte tomam conta do palco, para provar que o adjectivo "mítico" que lhes é aplicado não é feito por dá-cá-aquela-palha. Dadaísmo aplicado ao funk? Spoken word e mouth music? Um groove impressionante que faz saltar o corpo? E ainda temas épicos como "Juramento Sem Bandeira", interpolada com a referenciada "Walk On The Wild Side" de Lou Reed, e a supracitada "Sonhos Pop", onde o que faz falta é animar a malta. Nem uns erros a meio de "Poligrama" e "Groovy Noise" impediram que a primeira aparição dos Pop Dell'Arte diante dos nossos olhos fosse menos que maravilhosa. Pelo contrário, só queremos é tê-los entre nós o mais cedo possível.
· 05 Mai 2015 · 11:00 ·
Paulo Cecílio
pauloandrececilio@gmail.com

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