Ermo
Musicbox, Lisboa
16- Abr 2015
Não teve sorte o duo bracarense nesta nova vinda à capital do império (com minúscula, evidentemente). De um lado, os Russian Circles enchiam o RCA; ali bem perto, no Sabotage, desenrolava-se um crime eléctrico; e no Lux, Capicua apresentava o seu novo disco. Como concorrer com isto? Como "roubar" público a cada qual destas propostas? É difícil, e daí que para ver, ou voltar a ver, os Ermo no Musicbox tenham respondido à chamada umas trinta pessoas, entre as quais algumas groupies que no final esperaram ansiosamente pelo vocalista António Costa...
Trinta ou quarenta, diriam os Smiths, «que diferença faz?». Porque até podiam estar apenas quatro e duas delas serem a própria banda. Os Ermo voltaram a assinar um concerto fantástico, digno de todo e qualquer elogio que se lhes possa tecer, já que estamos a falar da melhor banda portuguesa da actualidade - bastando que o resto do país deixe de lado o preconceito e a acreditar igualmente nisto. O mote era a apresentação do EP Amor Vezes Quatro, mas, como sempre, os Ermo não foram de encontro às expectativas, apresentando canções novas amiúde os quatro temas que compõem o seu novo trabalho. Uma delas, spoken word auto-depreciativo e entoado com o jeitinho que só António tem, fez cair o queixo de alegria dada a genialidade da coisa. Porra!
Fechados sobretudo no negro, e com a sua electrónica estranha a pairar sobre as cabeças dos convertidos, os Ermo demonstraram uma vez mais que Portugal está bem entregue às novas gerações, sejam as que coabitam mais a norte, sejam aquelas que também nos apaixonaram a sul. E se é verdade que atribuir-lhes um qualquer conceito de "portugalidade" começa a tornar-se um cliché manhoso, não menos o é que o duo de Braga faz mais pela língua que muitos poetas de escrivaninha e de karaoke. Os Ermo continuarão a trilhar o seu próprio caminho, alheios a tudo o que absorvem e absorverão, mentores do seu próprio género ou culto. Afinal de contas, é um prazer / fazer o que Deus quer.
© Rita Sousa Vieira
© Rita Sousa Vieira
Trinta ou quarenta, diriam os Smiths, «que diferença faz?». Porque até podiam estar apenas quatro e duas delas serem a própria banda. Os Ermo voltaram a assinar um concerto fantástico, digno de todo e qualquer elogio que se lhes possa tecer, já que estamos a falar da melhor banda portuguesa da actualidade - bastando que o resto do país deixe de lado o preconceito e a acreditar igualmente nisto. O mote era a apresentação do EP Amor Vezes Quatro, mas, como sempre, os Ermo não foram de encontro às expectativas, apresentando canções novas amiúde os quatro temas que compõem o seu novo trabalho. Uma delas, spoken word auto-depreciativo e entoado com o jeitinho que só António tem, fez cair o queixo de alegria dada a genialidade da coisa. Porra!
© Rita Sousa Vieira
Fechados sobretudo no negro, e com a sua electrónica estranha a pairar sobre as cabeças dos convertidos, os Ermo demonstraram uma vez mais que Portugal está bem entregue às novas gerações, sejam as que coabitam mais a norte, sejam aquelas que também nos apaixonaram a sul. E se é verdade que atribuir-lhes um qualquer conceito de "portugalidade" começa a tornar-se um cliché manhoso, não menos o é que o duo de Braga faz mais pela língua que muitos poetas de escrivaninha e de karaoke. Os Ermo continuarão a trilhar o seu próprio caminho, alheios a tudo o que absorvem e absorverão, mentores do seu próprio género ou culto. Afinal de contas, é um prazer / fazer o que Deus quer.
· 21 Abr 2015 · 11:15 ·
Paulo Cecíliopauloandrececilio@gmail.com
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