Weyes Blood
Galeria Zé dos Bois, Lisboa
27- Fev 2015
O disco The Innocents, de 2014, era o mote para o concerto na ZDB. Weyes Blood já tinha editado um primeiro disco (The Outside Room, de 2011), mas foi com o disco do ano passado que foi conquistando meio mundo, galgou tops, e foi esse o epicentro da actuação no aquária da Rua da Barroca. Natalie Mering entrou no palco da ZDB de vestimenta branca, quase angelical.

Desde logo somos seduzidos por aquela voz, que voa sobre tapetes instrumentais simples, quase sempre com uma base de guitarra ou piano. Natalie cedo dominou o público pela proximidade da actuação ao som do disco e, logo ao segundo tema do concerto, atacou uma das suas melhores canções - “Some Winters”, que após um início com o piano frágil se eleva com a voz por cima da pianada pré-gravada.

© Luís Martins

Sozinha em palco, Natalie Mering teve como instrumento principal a voz, que planava sobre os instrumentais pré-gravados, servindo-se pontualmente da guitarra. Destacava-se a segurança da voz e digna de nota é ainda a qualidade e eficácia das canções, que aguentam dignamente a interpretação solitária. Apreciadora de Thomas Pynchon e Flannery O'Connor, a sua música evoca a folk pastoral das cantoras inglesas dos anos 60 e 70, mas Weyes Blood consegue definir o seu próprio universo, com emoção, intensidade e negritude em doses equilibradas.

Não faltaram os grandes momentos de The Innocents, como “Land of broken dreams” (sobre a “North America”, nas palavras da própria) e “Bad Magic”, este interpretado à guitarra, um dos mais belos temas da noite. Já na parte final, e a pedido de alguém do público, Natalie tocou “Ashes”. Para tema final foi escolhida uma surpresa: uma versão de “Everybody’s Talkin’”, original de Harry Nilsson popularizado no filme Midnight Cowboy, aqui numa versão mais lenta, arrastada. Weyes Blood voltou ainda para um encore, com “Summer”, também a pedido do público.

© Luís Martins

Na primeira parte, actuou a dupla Van Ayres & Rabu Mazda, a combinar uma certa sujidade electrónica com batidas regulares, numa curiosa mescla sonora - se ao início soou estranha, facilmente se entranhou e conquistou o público.
· 02 Mar 2015 · 00:31 ·
Nuno Catarino
nunocatarino@gmail.com
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