Mark Eitzel
Musicbox, Lisboa
28- Mai 2014
Eu pobre me confesso: não havia escutado o que quer que fosse do cabecilha dos American Music Club - tampouco a banda em questão - antes de me aventurar até ao Musicbox para o apanhar ao vivo dois anos após a edição do seu último disco a solo (nem tempo houve para picar aqui e ali, sem medos: a reportagem ao Rock In Rio e trabalhos de mestrado afins não o permitiram). Resultado: sai-se de lá maravilhado com Eitzel, com as suas canções, com o fabuloso concerto que deu para menos de uma centena de pessoas neste espaço lisboeta. Caso para dizer que há que começar a dar ouvidos a certos e determinados musicólogos da FCSH.

© Amílcar Rodrigues

© Amílcar Rodrigues

Pouco passava das 22h30, hora acordada, quando Eitzel e sua banda subiram ao palco para galantear o público com um dos melhores espectáculos rock que já por ali passaram. Entre canções dos seus trabalhos individualmente e da banda com que ganhou nome para o mundo, o norte-americano emocionou, fez rir, fez chorar, apresentou-se como enorme animal de palco - amando cada palavra sua como se fosse a última, titubeando para a frente e para trás enquanto segurava o microfone, o apertava contra o peito ou suava em bica debaixo da sua boina. Contava histórias, pequenos poemas. Em nenhum momento semeou a indiferença, algo essencial nos dias que correm.

© Amílcar Rodrigues

© Amílcar Rodrigues

Pelo desconhecimento anteriormente referido é difícil anunciar que canções trouxe até à capital, que canções dele tornou nossas pelo reconhecimento próprio que cada qual ali deposita, naqueles versos, naqueles gestos, na forma como arranca cada sílaba do seu ventre. Mas ficam algumas indicações: "I Love You But You're Dead", primeiro momento em que arrisca pegar na guitarra, "Patriot's Heart", tocada a pedido por um par de mulheres bonitas que se deliciaram do início ao fim com a sua presença, "Blue And Grey Shirt" já no encore e um final blues rock a puxar à ginga com "Bad Liquor". Concerto para o conhecermos? Talvez mais para nos conhecermos. Começou hoje e aqui aquela que parece ser uma paixão que durará para sempre.
· 29 Mai 2014 · 12:41 ·
Paulo CecĂ­lio
pauloandrececilio@gmail.com
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