Ken Vandermark & Paal Nilssen-Love / Yaw Tembe
Galeria Zé dos Bois, Lisboa
14- Mar 2014
Há exactamente dez anos, em Março de 2004, o imparável saxofonista Ken Vandermark apresentava-se ao vivo em Lisboa, no palco do Teatro Maria Matos. A expectativa era muita, Vandermark já tinha desenvolvido um imenso trabalho ao leme da cena de Chicago, sobretudo com o seu quinteto Vandermark 5, mas também nas aproximações a vários projectos post-rock. Na altura o mote da visita era o disco Gambit, gravado com o trio Tripleplay (com Nate McBride e Curt Newton), a sua primeira gravação editada pela label portuguesa Clean Feed. Esse momento marcou o início de uma forte ligação com Portugal e, desde então, Vandermark voltou para actuar várias vezes, com diferentes formações, e voltou para gravar vários discos pela Clean Feed - destacam-se os grupos Made To Break, Side A, Platform 1, entre outras parcerias.
Também visitante regular do nosso país, o baterista Paal Nilssen-Love é um dos mais activos e ferozes bateristas da actualidade, integrando os The Thing, Atomic e Peter Brötzmann Chicago Tentent, entre várias outras colaborações. Com Vandermark o baterista norueguês mantém uma parceria estável, já documentada em registos da Smalltown Supersound. Em Maio de 2006 Vandermark e Nilssen-Love foram a Coimbra tocar no Jazz Ao Centro, durante três noites, e juntaram-se num quarteto inédito, onde estariam ainda Adam Lane (contrabaixo) e Magnus Broo (trompete). O quarteto 4 Corners funcionou numa explosão de energia e musicalidade, resultando num dos mais marcantes discos do catálogo Clean Feed. Desta vez Nilssen-Love e Vandermark apresentaram-se num formato mais compacto, num simples duo.
Como eixo central estava a improvisação, terreno onde ambos se movem com grande à-vontade. Ken Vandermark foi alternando entre os saxofones tenor e barítono e o clarinete. Sempre com uma energia diabólica, o saxofonista de Chicago ia alimentando uma música herdeira da “fire music”, mas que assentava num alicerce de groove constante. Na bateria Nilssen-Love segurava esse ritmo balançante, mas fazia-o e uma forma original, integrando uma imensa diversidade de ideias lá pelo meio, sem descurar a marcação rítmica precisa.
Entre as labaredas dos sopros de Vanderark e os disparos rítmicos de Nilssen-Love crescia uma música a viver sempre no vermelho, na máxima força. Independentemente do instrumento, Vandermark é capaz de surpreender pela forma como cria um vendaval de ondas, numa imaginação imparável e sempre a alta intensidade. Já num registo diferente, num momento ao clarinete, evocou os solos de Evan Parker no saxofone soprano. Da combinação entre o sopro e o ritmo surgiu uma música de magnífica energia. Terá sido um daqueles concertos que os melómanos recordarão em algumas listas dos melhores concertos do ano, seguramente.
Na primeira parte actuou o trompetista Yaw Tembe, uma dos mais recentes revelações da cena improvisada nacional. No palco da ZDB Yaw apresentou-se exclusivamente em formato acústico, sem o apoio da maquinaria e efeitos que costuma usar habitualmente nas suas actuações. Na ZDB explorou possibilidades sónicas do trompete, servindo-se pontualmente de algum objecto adicional, alternando entre diferentes registos, numa prestação global muito interessante.
Também visitante regular do nosso país, o baterista Paal Nilssen-Love é um dos mais activos e ferozes bateristas da actualidade, integrando os The Thing, Atomic e Peter Brötzmann Chicago Tentent, entre várias outras colaborações. Com Vandermark o baterista norueguês mantém uma parceria estável, já documentada em registos da Smalltown Supersound. Em Maio de 2006 Vandermark e Nilssen-Love foram a Coimbra tocar no Jazz Ao Centro, durante três noites, e juntaram-se num quarteto inédito, onde estariam ainda Adam Lane (contrabaixo) e Magnus Broo (trompete). O quarteto 4 Corners funcionou numa explosão de energia e musicalidade, resultando num dos mais marcantes discos do catálogo Clean Feed. Desta vez Nilssen-Love e Vandermark apresentaram-se num formato mais compacto, num simples duo.
Como eixo central estava a improvisação, terreno onde ambos se movem com grande à-vontade. Ken Vandermark foi alternando entre os saxofones tenor e barítono e o clarinete. Sempre com uma energia diabólica, o saxofonista de Chicago ia alimentando uma música herdeira da “fire music”, mas que assentava num alicerce de groove constante. Na bateria Nilssen-Love segurava esse ritmo balançante, mas fazia-o e uma forma original, integrando uma imensa diversidade de ideias lá pelo meio, sem descurar a marcação rítmica precisa.
Entre as labaredas dos sopros de Vanderark e os disparos rítmicos de Nilssen-Love crescia uma música a viver sempre no vermelho, na máxima força. Independentemente do instrumento, Vandermark é capaz de surpreender pela forma como cria um vendaval de ondas, numa imaginação imparável e sempre a alta intensidade. Já num registo diferente, num momento ao clarinete, evocou os solos de Evan Parker no saxofone soprano. Da combinação entre o sopro e o ritmo surgiu uma música de magnífica energia. Terá sido um daqueles concertos que os melómanos recordarão em algumas listas dos melhores concertos do ano, seguramente.
Na primeira parte actuou o trompetista Yaw Tembe, uma dos mais recentes revelações da cena improvisada nacional. No palco da ZDB Yaw apresentou-se exclusivamente em formato acústico, sem o apoio da maquinaria e efeitos que costuma usar habitualmente nas suas actuações. Na ZDB explorou possibilidades sónicas do trompete, servindo-se pontualmente de algum objecto adicional, alternando entre diferentes registos, numa prestação global muito interessante.
· 17 Mar 2014 · 11:45 ·
Nuno Catarinonunocatarino@gmail.com
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