Aldina Duarte
Culturgest, Lisboa
08- Mar 2014
De regresso à Culturgest, aquela que é a “sua” grande sala, Aldina Duarte apresentou um espectáculo especial. Durante duas noites, 7 e 8 de Março, a fadista levou ao grande auditório o espectáculo “O que nunca direi”, contando com convidados especiais. Tratando-se de uma celebração do 20º aniversário da carreira, Aldina realçou que o seu fado chegou à “idade adulta”. O fado de Aldina sempre se distinguiu pela maturidade, inteligência, seriedade e alguma secura. Na verdade, talvez nem seja de agora, talvez o seu fado tenha sido sempre adulto.
O espectáculo de dia 8 arrancou, ainda de cortina fechada, com o nome “Aldina Duarte” projectado sobre a cortina enquanto se ouvia a voz da fadista numa gravação “a capella”. Abriu-se a cortina e já no palco estavam os instrumentistas: José Manuel Neto (guitarra portuguesa) e Carlos Manuel Proença (viola). Entrou de seguida Aldina, começando a desbravar o seu já sólido repertório, no seu tom grave e sério.
Após alguns fados, a dupla de guitarras saiu de cena para dar lugar a um grupo alargado de convidados: Júlio Resende (no piano), Ana Isabel Dias (na harpa); e ainda uma dupla alternativa de guitarras, Paulo Parreira (guitarra portuguesa) e Rogério Ferreira (viola). Aldina cantou em duos com harpa e piano, e daí surgiram alguns dos momentos mais especiais da noite – em particular o primeiro momento com a harpa, um arrepiante “Barro divino”.
O piano de Júlio Resende, de origem jazzista mas cada vez mais conhecedor do fado, esteve ao melhor nível nas duas intervenções, particularmente na segunda, onde teve mais espaço. Ouviram-se dois duos com harpa e piano e esta segunda dupla de guitarristas manteve o nível no acompanhamento à voz. Com a saída dos quatro convidados regressou a dupla “original”, Neto/Proença, para acompanhar Aldina nos fados finais.
Ao longo da actuação foram abordados temas como “A estação das cerejas”, “Antes de quê?”, “Fado com dono”, “Xaile Encarnado”, “Ai meu amor se bastasse” ou o portentoso “Não vou, não sou”. Em especial destaque esteve o fado inédito oferecido por João Ferreira-Rosa – ainda sem título, teve direito a repetição no encore. Houve ainda lugar para um mais ligeiro “Gato escaldado”, numa bem-vinda excepção à sobriedade do restante repertório. Para o encerramento oficial ficou reservado “Princesa Prometida” (que corresponde ao vídeo de Aldina com mais visualizações no
Após muitos aplausos, chegaram os encores: primeiro com a dupla Neto/Proença num tema exclusivamente instrumental (e muito aplaudido), depois mais um fado de Aldina. Ao segundo encore seguiram-se mais dois fados de Aldina, desta vez com a companhia da dupla Parreira/Ferreira. A “stand-up ovation”, mesmo no final, e estendida a todo o auditório, foi o sinal da consagração absoluta de Aldina Duarte.
· 10 Mar 2014 · 12:22 ·
Nuno Catarinonunocatarino@gmail.com
RELACIONADO / Aldina Duarte