Sensible Soccers / Quelle Dead Gazelle
Galeria Zé dos Bois, Lisboa
15- Fev 2014
Que amor é este que nos faz sempre voltar, Sensible Soccers? A frase não é minha, foi vergonhosamente decalcada de um miradouro qualquer, mas assenta-lhes bem. Começa a ser difícil encontrar palavras para os descrever, e ainda bem. Quanto menos tempo perdermos à procura de razões que expliquem o encanto dos Sensible Soccers, mais tempo vamos ter para os ver, ouvir e sentir. Lisboa – e a Zé dos Bois em particular - sabia disso e entregou-se sem protestar, a todas essas razões que a razão vai continuar a desconhecer e que nos fazem amar os Sensible Soccers.
Manuel, Hugo, Filipe e Emanuel são mestres a jogar (e a equilibrar) emoções. Sente-se na música e nos rostos que começaram a tantalizar a ZDB com um passeio pelo que o passado não esquece. A veia mais experimentalista pulsa mais forte agora que o disco de estreia está cá fora e por isso o regresso a Fornelo Tapes tenha surpresas. Depois de entranhado o quase dub que agora reveste “Eurobounds” e superado o escalar épico de “Zaire 1974” – que confirma o potencial shoegaze que lhes apontam -, está tudo em estado de transe. Dali a nada, estamos perante o wormhole que é 8, a entrar por “AFG” e a sair por “Sob Evariste Dibo” e o corpo, ainda que levado para longe dali pela cosmicidade que lhes é cada vez mais inerente, está pronto para agraciar o êxtase.
Olhando para os rostos espalhados pela sala, repartidos entre olhos semi-cerrados e sorrisos rasgados, dir-se-ia que 8 é a prova tão cabal quanto genial de como os Sensible Soccers são, como a frase lá do cimo, decalcados de um sonho simples, porquanto a simplicidade os faz ser bonitos e desarmantes. E mesmo quando aqui e ali ameaçam soar mais crus, nunca deixam de descerrar a luz que as suas músicas carregam. A mesma luz que, naquela hora e naquele lugar, sabemos que nos vai salvar de todo o mal.
É quase hora de abrir os olhos, mas ainda há tempo para mergulhar numa malha sem nome, que funciona tal qual uma descarga de endorfinas e que atira a ZDB com pés e coração para África. Viciados, agarrados e curados do torpor, os corpos pedem uma última benção, aquela que tem o nome de “Sofrendo por você” e funciona como prêambulo para o final. Já sabemos que a seguir acaba e talvez por isso encontramo-nos todos lá, para todos aguentarmos a dura tarefa de regressar à terra. Todos ou quase todos - parte de mim ainda está lá, a dançar que nem um tolo. Haja coração.
Na primeira parte, os Quelle Dead Gazelle foram diametralmente opostos aos Sensible Soccers. Não qualitativamente, claro, foram pouco subtis e entregaram-se de peito aberto à ZDB. Os temas do EP de estreia, editado o ano passado, desfilaram lado-a-lado com algumas novidades que continuam a piscar o olho aos ritmos a sul do Equador. Muita brita e felizmente muita “Afrobrita” ajudaram a aquecer os ânimos, sem deslumbre, numa noite que àquela hora ameaçava ser demasiado fria.
© Vera Marmelo
Manuel, Hugo, Filipe e Emanuel são mestres a jogar (e a equilibrar) emoções. Sente-se na música e nos rostos que começaram a tantalizar a ZDB com um passeio pelo que o passado não esquece. A veia mais experimentalista pulsa mais forte agora que o disco de estreia está cá fora e por isso o regresso a Fornelo Tapes tenha surpresas. Depois de entranhado o quase dub que agora reveste “Eurobounds” e superado o escalar épico de “Zaire 1974” – que confirma o potencial shoegaze que lhes apontam -, está tudo em estado de transe. Dali a nada, estamos perante o wormhole que é 8, a entrar por “AFG” e a sair por “Sob Evariste Dibo” e o corpo, ainda que levado para longe dali pela cosmicidade que lhes é cada vez mais inerente, está pronto para agraciar o êxtase.
© Vera Marmelo
Olhando para os rostos espalhados pela sala, repartidos entre olhos semi-cerrados e sorrisos rasgados, dir-se-ia que 8 é a prova tão cabal quanto genial de como os Sensible Soccers são, como a frase lá do cimo, decalcados de um sonho simples, porquanto a simplicidade os faz ser bonitos e desarmantes. E mesmo quando aqui e ali ameaçam soar mais crus, nunca deixam de descerrar a luz que as suas músicas carregam. A mesma luz que, naquela hora e naquele lugar, sabemos que nos vai salvar de todo o mal.
© Vera Marmelo
É quase hora de abrir os olhos, mas ainda há tempo para mergulhar numa malha sem nome, que funciona tal qual uma descarga de endorfinas e que atira a ZDB com pés e coração para África. Viciados, agarrados e curados do torpor, os corpos pedem uma última benção, aquela que tem o nome de “Sofrendo por você” e funciona como prêambulo para o final. Já sabemos que a seguir acaba e talvez por isso encontramo-nos todos lá, para todos aguentarmos a dura tarefa de regressar à terra. Todos ou quase todos - parte de mim ainda está lá, a dançar que nem um tolo. Haja coração.
© Vera Marmelo
Na primeira parte, os Quelle Dead Gazelle foram diametralmente opostos aos Sensible Soccers. Não qualitativamente, claro, foram pouco subtis e entregaram-se de peito aberto à ZDB. Os temas do EP de estreia, editado o ano passado, desfilaram lado-a-lado com algumas novidades que continuam a piscar o olho aos ritmos a sul do Equador. Muita brita e felizmente muita “Afrobrita” ajudaram a aquecer os ânimos, sem deslumbre, numa noite que àquela hora ameaçava ser demasiado fria.
· 17 Fev 2014 · 23:55 ·
António M. Silvaant.matos.silva@gmail.com
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