Semibreve.
Theatro Circo, Braga
15-17 Nov 2013
Durante três, em Braga, transforma-se numa espécie de ilha. Num fim-de-semana apenas, a cidade conhecida pelos arcebispos, projecta-se ao mundo de uma forma como raramente se projecta ao longo do ano. É o Semibreve, na sua terceira edição, um festival cada vez mais internacional, mais amplo, mais total. Não existem muitos festivais em Portugal com uma programação assim; arriscaríamos dizer mais, não existem muitos festivais na Europa com uma programação destas. Em três anos, o SEMIBREVE teve o dom de conseguir trazer a Braga alguns dos maiores nomes da música experimental mundial. E isso ninguém lhes tira.
Ao longo dos três dias houve vencedores. Mas nunca houve vencidos. No primeiro dia houve três concertos com resultados bastante diferentes. Um óptimo concerto do britânico Philip Jeck, visualmente acompanhado por Lol Sargent, que apresentou Resurrection, um espectáculo audiovisual inspirado no 20º aniversário de Vynil Requiem, uma das suas obras mais celebradas. Houve uma actuação assim-assim do britânico Helm, como quem diz Luke Younger, que na sala secundária explorou paisagens bem abrasivas e de difícil penetração. Houve momentos bons, sobretudo quando a imensa teia de texturas se tornava ainda mais imensa, mas a viagem teve alguns altos e baixos. Os vencedores da primeira noite foram claramente os Raime, que apresentaram o disco de estreia Quarter Turns Over A Living Line com toda a pontaria necessária para deixar memória. Ao longo de cerca de uma hora, apresentaram desenharam horizontes de uma beleza desumana, fria e desértica. E prenderam a atenção do início ao fim. “The Walker in Blast and Bottle” foi uma perdição.
Era previsto e cumpriu-se sem surpresas: Forest Swords foi o vencedor da segunda noite do Semibreve. Mas com curta vantagem para o concerto que abriu a noite (já lá vamos). Matthew Barnes apresentou em palco com um baixista e passeou-se com classe pelas amplas paisagens (prometo que é a última vez) que mostrou essencialmente em Dagger Paths (2010) e em Engravings (2013). Com uma presença surpreendentemente forte do dub, sobretudo nas mãos do tal baixista que o acompanhou, Barnes seguiu quase em jeito best-of para uma actuação quase sem falhas. Só pecou por ser curto. Mas ainda deu para dançar mentalmente com a fabulosa “Rattling Cage”. Pouco atrás da actuação de Forest Swords esteve The Haxan Cloak, a quem coube a abertura da segunda noite do festival. Bobby Krlic deu ao público do Semibreve aquilo que esperávamos: um banho de baixos e drones. De tal forma que, pudemos comprovar numa saída rápida para a casa de banho, as paredes do Theatro Circo tremiam a bom tremer. Pouca luz, poucas distracções, muita música. Na sala secundária, Rafael Toral, com Ricardo Webbens e o baterista Afonso Simões, apresentou provavelmente a proposta mais extrema de todo o festival, num concerto onde esteve em evidência os “gadgets sonoros” poucos convencionais do músico português e a liberdade de improvisação, de onde resultaram alguns bons momentos de entendimento colectivo.
Na despedida, no terceiro e último dia do festival, dois concertos verdadeiramente diferentes. Depois de um concerto mais “sério” (com todas as aspas) do alemão Atom TM, os ingleses Sculpture apresentaram um espectáculo onde a electrónica – menos matemática, menos racional – chegou lado a lado com um entusiasmante trabalho “gráfico” e de manipulação visual. Se o primeiro deu um concerto impressionante na sua intensidade e no poderio sonoro (apesar da egotrip e de bocas algo vistas e revistas à MTV e gente como Justin Timberlake), o segundo acabou por entreter muito mais do que convencer a 100%. O vencedor foi Atom TM mas Sculpture acabou por fechar o festival provando apesar de tudo a amplitude da sua oferta. Não é exagero nenhum dize-lo: o calendário musical nacional já não passa sem o Semibreve. Que venha o próximo.
Ao longo dos três dias houve vencedores. Mas nunca houve vencidos. No primeiro dia houve três concertos com resultados bastante diferentes. Um óptimo concerto do britânico Philip Jeck, visualmente acompanhado por Lol Sargent, que apresentou Resurrection, um espectáculo audiovisual inspirado no 20º aniversário de Vynil Requiem, uma das suas obras mais celebradas. Houve uma actuação assim-assim do britânico Helm, como quem diz Luke Younger, que na sala secundária explorou paisagens bem abrasivas e de difícil penetração. Houve momentos bons, sobretudo quando a imensa teia de texturas se tornava ainda mais imensa, mas a viagem teve alguns altos e baixos. Os vencedores da primeira noite foram claramente os Raime, que apresentaram o disco de estreia Quarter Turns Over A Living Line com toda a pontaria necessária para deixar memória. Ao longo de cerca de uma hora, apresentaram desenharam horizontes de uma beleza desumana, fria e desértica. E prenderam a atenção do início ao fim. “The Walker in Blast and Bottle” foi uma perdição.
Era previsto e cumpriu-se sem surpresas: Forest Swords foi o vencedor da segunda noite do Semibreve. Mas com curta vantagem para o concerto que abriu a noite (já lá vamos). Matthew Barnes apresentou em palco com um baixista e passeou-se com classe pelas amplas paisagens (prometo que é a última vez) que mostrou essencialmente em Dagger Paths (2010) e em Engravings (2013). Com uma presença surpreendentemente forte do dub, sobretudo nas mãos do tal baixista que o acompanhou, Barnes seguiu quase em jeito best-of para uma actuação quase sem falhas. Só pecou por ser curto. Mas ainda deu para dançar mentalmente com a fabulosa “Rattling Cage”. Pouco atrás da actuação de Forest Swords esteve The Haxan Cloak, a quem coube a abertura da segunda noite do festival. Bobby Krlic deu ao público do Semibreve aquilo que esperávamos: um banho de baixos e drones. De tal forma que, pudemos comprovar numa saída rápida para a casa de banho, as paredes do Theatro Circo tremiam a bom tremer. Pouca luz, poucas distracções, muita música. Na sala secundária, Rafael Toral, com Ricardo Webbens e o baterista Afonso Simões, apresentou provavelmente a proposta mais extrema de todo o festival, num concerto onde esteve em evidência os “gadgets sonoros” poucos convencionais do músico português e a liberdade de improvisação, de onde resultaram alguns bons momentos de entendimento colectivo.
Na despedida, no terceiro e último dia do festival, dois concertos verdadeiramente diferentes. Depois de um concerto mais “sério” (com todas as aspas) do alemão Atom TM, os ingleses Sculpture apresentaram um espectáculo onde a electrónica – menos matemática, menos racional – chegou lado a lado com um entusiasmante trabalho “gráfico” e de manipulação visual. Se o primeiro deu um concerto impressionante na sua intensidade e no poderio sonoro (apesar da egotrip e de bocas algo vistas e revistas à MTV e gente como Justin Timberlake), o segundo acabou por entreter muito mais do que convencer a 100%. O vencedor foi Atom TM mas Sculpture acabou por fechar o festival provando apesar de tudo a amplitude da sua oferta. Não é exagero nenhum dize-lo: o calendário musical nacional já não passa sem o Semibreve. Que venha o próximo.
· 21 Nov 2013 · 00:32 ·
André Gomesandregomes@bodyspace.net
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