The Julius Hemphill Sextet
Serralves, Porto
23 Jul 2005
A 14.ª edição do Jazz no Parque assentou numa perspectiva distinta das dos últimos tempos: o propósito era ver o trabalho de certos artistas ser interpretado pelas mãos e corações de outros artistas. No primeiro dos três dias de “festival”, o contrabaixista Zé Eduardo e a sua Unit pegaram no trabalho de Zeca Afonso para concretizar aquilo que chamam de “jazzar no Zeca”, um trabalho estreado no palco da festa do Avante. O segundo dia do festival trouxe a música de Fats Waller - o pianista que viveu de 1904 a 1943 - recriada em palco pela pianista japonesa Aki Takase. No último dia, o Julius Hemphill Sextex entrou em palco para interpretar a música do saxofonista Julius Hemphill, mais conhecido pelo seu trabalho com o World Saxophone Quartet. A estreia do Julius Hemphill Sextex em Portugal fez-se em 2003, aquando de uma actuação no Jazz em Agosto, o festival que acontece todos os anos na Fundação Calouste Gulbenkian.
E foi com todo o estilo de mundo – e mais algum – que o sexteto entrou em palco. Marty Ehrlich (saxofone alto), Matana Roberts (saxofone alto), Andy Laster (saxofone alto), J.D. Parran (saxofone tenor), Andrew White (saxofone tenor) e Alex Harding (saxofone barítono) apareceram em cena furando por entre a plateia e tocando até chegarem ao palco que exibia por detrás de si um cenário natural apetecível – o dia imenso de sol ajudava. Tal como foi anunciado por um dos músicos, o espectáculo seria feito de temas que foram incluídos em The Hard Blues: Live In Lisbon, a gravação editada pela Clean Feed. E assim foi, principalmente em temas como “Opening” e “Spiritual Chairs”, duas composições compostas e aplicadas em peças de dança; na segunda, quando transposta para os espectáculos de dança, montava-se em palco um cenário com cadeiras que significavam diferentes religiões. A interpretação de uma ópera para saxofones foi uma das muitas razões que contribuíram para ficar provado que a música de Julius Hemphill é multidisciplinar, passível de várias aplicações (da dança ao teatro, da ópera ao cinema). Mas o sexteto não se limita simplesmente a copiar a música de Julius Hemphill; recria-a, embora respeitando sempre a memória do seu criador.
Algures no meio das interpretações houve ainda espaço para uma canção de amor e para uma dedicatória a John Stubblefield, o saxofonista recentemente falecido. Partiria até do palco a sugestão de teletransporte para um clube fumarento de jazz nos anos 40, ideia totalmente aplicável a algumas composições interpretadas pelo grupo. Seria “Hard Blues” – o tema anunciado pela banda como aquele que o sexteto toca sempre no final dos espectáculos – a fechar o concerto que incluiria ainda mais um passeio dos músicos por entre a plateia e até alguma brincadeira com as crianças que, debaixo de umas árvores, dançaram a tarde toda ao som do Julius Hemphill Sextet. Mas a tarde foi-se tornando quase noite, o sol foi desaparecendo, e o que fica na memória são sons prazenteiros do sexteto que acompanharam a mudança, ora reclamando para si a claridade da tarde, ora puxando para si as tonalidades taciturnas da noite que se havia de desenhar depois no céu.
E foi com todo o estilo de mundo – e mais algum – que o sexteto entrou em palco. Marty Ehrlich (saxofone alto), Matana Roberts (saxofone alto), Andy Laster (saxofone alto), J.D. Parran (saxofone tenor), Andrew White (saxofone tenor) e Alex Harding (saxofone barítono) apareceram em cena furando por entre a plateia e tocando até chegarem ao palco que exibia por detrás de si um cenário natural apetecível – o dia imenso de sol ajudava. Tal como foi anunciado por um dos músicos, o espectáculo seria feito de temas que foram incluídos em The Hard Blues: Live In Lisbon, a gravação editada pela Clean Feed. E assim foi, principalmente em temas como “Opening” e “Spiritual Chairs”, duas composições compostas e aplicadas em peças de dança; na segunda, quando transposta para os espectáculos de dança, montava-se em palco um cenário com cadeiras que significavam diferentes religiões. A interpretação de uma ópera para saxofones foi uma das muitas razões que contribuíram para ficar provado que a música de Julius Hemphill é multidisciplinar, passível de várias aplicações (da dança ao teatro, da ópera ao cinema). Mas o sexteto não se limita simplesmente a copiar a música de Julius Hemphill; recria-a, embora respeitando sempre a memória do seu criador.
Algures no meio das interpretações houve ainda espaço para uma canção de amor e para uma dedicatória a John Stubblefield, o saxofonista recentemente falecido. Partiria até do palco a sugestão de teletransporte para um clube fumarento de jazz nos anos 40, ideia totalmente aplicável a algumas composições interpretadas pelo grupo. Seria “Hard Blues” – o tema anunciado pela banda como aquele que o sexteto toca sempre no final dos espectáculos – a fechar o concerto que incluiria ainda mais um passeio dos músicos por entre a plateia e até alguma brincadeira com as crianças que, debaixo de umas árvores, dançaram a tarde toda ao som do Julius Hemphill Sextet. Mas a tarde foi-se tornando quase noite, o sol foi desaparecendo, e o que fica na memória são sons prazenteiros do sexteto que acompanharam a mudança, ora reclamando para si a claridade da tarde, ora puxando para si as tonalidades taciturnas da noite que se havia de desenhar depois no céu.
· 23 Jul 2005 · 08:00 ·
André Gomesandregomes@bodyspace.net