Belinda Carlisle dizia que “Heaven is a place on earth”. Pois em Londres Heaven is a place on Trafalgar Square, apresenta-se como o clube gay mais famoso do mundo e recebeu os Minus the Bear num final de tarde quente de Agosto. Mas antes até teve mais duas bandas. Uns tais de Sketches, que lembram por vezes os Wild Beasts mas sobretudo uma banda a tentar escrever uma canção para um anúncio de uma operadora qualquer. Rock a puxar ao épico, bem tocadinho mas insosso e inócuo. Se calhar vamos ouvir falar deles mais à frente.

© Angela Costa

Antes da segunda banda há tempo para o momento insólito do estrangeiro (ler com pronúncia estranha): a casa de banho do Heaven tem uma secção de produtor de higiene e beleza, para além do habitual empregado – nunca nativo – que entrega toalhetes ou sabonete em troca de gorjeta, uma daquelas profissões inventadas nas cidades colossais deste mundo. É uma merda ter de sair do serviço sem lavar as mãos.

A seguir sobem a palco uns tais de Sons & Lovers que, viríamos a saber mais tarde, se estreavam naquele mesmo concerto ao vivo. Não se notou nada porque pareceu que tocavam juntos há anos, tal a coesão em palco. O problema é que a ceninha épica que encontraram lá pela sala de ensaios deles, rock cheio de si mesmo e com poucos argumentos para discutir, é de gosto altamente duvidoso – e a evitar.

© Angela Costa

Felizmente os Minus the Bear chegaram rapidamente para limpar o palato. Com novo disco na calha (chama-se Infinity Overhead e é recém-nascido), os norte-americanos deram aos que encheram a sala do Heaven – 400, talvez 500 pessoas - uma boa lição de indie rock de guitarras de colheita clássica. Apesar de a banda liderada por Jake Snider usar ainda elementos electrónicos que tanto ajudaram a definir o seu som ao longo dos anos, ao vivo o que sobressai mais do que tudo são as guitarras.

Apesar de terem ido ao passado buscar canções como "Thanks for the Killer Game of Crisco® Twister" (retirada do disco de estreia), os Minus the Bear decidiram mostrar o que vale o novo disco com “Diamond Lightning" e “Empty Party Rooms" bem destacadas no alinhamento. Num concerto bem suadinho, pelo ritmo e pelo calor da sala, os Minus the Bear cumpriram sempre bem o seu papel e em certos momentos até excederam os objectivos, especialmente quando decidiram dar às suas canções o espaço para respirar que elas merecem.