Russian Circles / Deafheaven
Hard Club, Porto
12 Mai 2012
Não sei se aquela sombra tem estado sempre lá. Não sei se foi só com a subida dos Russian Circles ao palco que ela se instalou. O que é certo é que aquela sombra, meio homem meio monstro, providenciou o filme para a banda sonora que estava a ser gerada no palco do Hard Club, no Porto, na noite de sábado. As expectativas para Russian Circles não eram altas – escrevo por mim -, num género de pós-metal próximo do obsoleto em álbum. O resultado, como muitas vezes acontece quando se espera pouco, foi surpreendente. O concerto satisfez, preencheu até as expectativas que não existiam e permitiu que se saísse do Ferreira Borges com um sorriso nos lábios. O que em álbum é ligeiramente monótono e deixa sempre um sabor na boca que não se expande como devia ser, em palco é mais interessante e entrega-nos a uma leveza que hoje em dia não é comum. E leve é como se sai de um concerto de Russian Circles.
Não me recordo da última ocasião em que vi a sala menor do Hard Club tão cheia. Enquanto os riffs de melodias entrecortadas com o ressoar que já conhecemos ao género se fazem ouvir e sentir, no tecto da sala há uma sombra. Está mesmo ao centro, por cima do palco. Uma das suas mãos toca bateria, a outra guitarra ou baixo. O corpo é que é o mesmo. Por vezes descolam-se, mas a maior parte do tempo é passada em simbiose. Mexe-se mais rápido do que os corpos por baixo dela e está perfeitamente delineada pela luz. É o filme imprevisto da noite. A música conhece-se bem: arranca, desenvolve o trecho melódico, quebra, explode, repete.
Se as expectativas para Russian Circles foram superadas, as que se levavam para Deafheaven foram dilaceradas. Aquela voz não funciona ao vivo. Nem aquele vocalista. Ao princípio soava a algo a dar para o ´emo´. Após ajustar os tampões nos ouvidos já parecia um guincho que continuava desajustado ao que ali estava. Mais vale guardar para álbum aquilo que é inviável em palco. As melodias estão lá, mas falta a força e a garra. A vontade de estar lá.
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Russian Circles © Estela Silva |
Não me recordo da última ocasião em que vi a sala menor do Hard Club tão cheia. Enquanto os riffs de melodias entrecortadas com o ressoar que já conhecemos ao género se fazem ouvir e sentir, no tecto da sala há uma sombra. Está mesmo ao centro, por cima do palco. Uma das suas mãos toca bateria, a outra guitarra ou baixo. O corpo é que é o mesmo. Por vezes descolam-se, mas a maior parte do tempo é passada em simbiose. Mexe-se mais rápido do que os corpos por baixo dela e está perfeitamente delineada pela luz. É o filme imprevisto da noite. A música conhece-se bem: arranca, desenvolve o trecho melódico, quebra, explode, repete.
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Russian Circles © Estela Silva |
Se as expectativas para Russian Circles foram superadas, as que se levavam para Deafheaven foram dilaceradas. Aquela voz não funciona ao vivo. Nem aquele vocalista. Ao princípio soava a algo a dar para o ´emo´. Após ajustar os tampões nos ouvidos já parecia um guincho que continuava desajustado ao que ali estava. Mais vale guardar para álbum aquilo que é inviável em palco. As melodias estão lá, mas falta a força e a garra. A vontade de estar lá.
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Russian Circles © Estela Silva |
· 13 Mai 2012 · 23:57 ·
Tiago Diastdiasferreira@gmail.com
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