Roll the Dice
Teatro Maria Matos, Lisboa
4 Abr 2012
Há qualquer coisa de industrial na música dos Roll the Dice, escrevêramos em antecipação ao concerto de 4 de Abril no Teatro Maria Matos, em Lisboa. Ou pós-industrial, como nas fotografias de Bernd e Hilla Becher. Ao passo que o casal Becher cristalizava a decadência de antigas estruturas industriais em películas repletas de grão (a preto e branco ou escala de cinza), os Roll the Dice como que constroem bandas sonoras imaginárias para filmes de Sergei Eisenstein ou Dziga Vertov – focados no movimento automatizado da classe operária e na falida promessa do socialismo científico visando um progresso inexorável, a escadinha do historicismo.
Em palco, o imaginário do duo sueco (Malcolm Pardon e Peder Mannerfelt) não se desvanece, muito pelo contrário. Frios, distantes, glaciares, quase não comunicam (exceptuando um singelo “thank you” no final do concerto), por detrás de uma tela onde vão sendo projectadas imagens que se sobrepõem às suas silhuetas (sombras de velhos clássicos “western” à John Ford). Pardon e Mannerfelt que quase não se vislumbram na escuridão (para além da tela, encobertos por uma névoa de fumo), vestidos como operários, munidos de piano eléctrico, sintetizadores analógicos e computador. As densas explanações no tempo e no espaço começam por pequenos apontamentos sonoros, uma linha de piano, um sino, um ruído mecânico, que depois se desenvolvem e aceleram até ao ponto de superação sensorial. Música progressiva, camada após camada, plena de contenção narrativa.
Ao longo de cerca de 80 minutos deambulámos por entre referências como os Kraftwerk, Cluster, Tangerine Dream, Conrad Schnitzler, ou seja, numa intersecção entre o krautrock e a electrónica vintage. O que os diferencia dos conterrâneos The Knife ou Fever Ray (com quem Mannerfelt colabora) é sobretudo a ausência da voz de Karin Dreijer Andersson, aliás, a ausência absoluta de vozes. Seria um elemento disruptivo naquelas linhas sonoras contínuas, infindáveis, que pautam “In Dust” (Leaf, 2011), o segundo disco do duo sueco que serviu de base a um maravilhoso concerto em Lisboa. Não é fácil, exige tempo e predisposição, mas assim que embarcamos no imaginário dos Roll the Dice dificilmente voltamos a sair. É uma pena que ainda passem relativamente despercebidos.
© Emília Salta |
Em palco, o imaginário do duo sueco (Malcolm Pardon e Peder Mannerfelt) não se desvanece, muito pelo contrário. Frios, distantes, glaciares, quase não comunicam (exceptuando um singelo “thank you” no final do concerto), por detrás de uma tela onde vão sendo projectadas imagens que se sobrepõem às suas silhuetas (sombras de velhos clássicos “western” à John Ford). Pardon e Mannerfelt que quase não se vislumbram na escuridão (para além da tela, encobertos por uma névoa de fumo), vestidos como operários, munidos de piano eléctrico, sintetizadores analógicos e computador. As densas explanações no tempo e no espaço começam por pequenos apontamentos sonoros, uma linha de piano, um sino, um ruído mecânico, que depois se desenvolvem e aceleram até ao ponto de superação sensorial. Música progressiva, camada após camada, plena de contenção narrativa.
© Emília Salta |
Ao longo de cerca de 80 minutos deambulámos por entre referências como os Kraftwerk, Cluster, Tangerine Dream, Conrad Schnitzler, ou seja, numa intersecção entre o krautrock e a electrónica vintage. O que os diferencia dos conterrâneos The Knife ou Fever Ray (com quem Mannerfelt colabora) é sobretudo a ausência da voz de Karin Dreijer Andersson, aliás, a ausência absoluta de vozes. Seria um elemento disruptivo naquelas linhas sonoras contínuas, infindáveis, que pautam “In Dust” (Leaf, 2011), o segundo disco do duo sueco que serviu de base a um maravilhoso concerto em Lisboa. Não é fácil, exige tempo e predisposição, mas assim que embarcamos no imaginário dos Roll the Dice dificilmente voltamos a sair. É uma pena que ainda passem relativamente despercebidos.
© Emília Salta |
· 06 Abr 2012 · 14:44 ·
Gustavo Sampaiogsampaio@hotmail.com
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