Akron/Family
Hard Club, Porto
20 Nov 2011
“Diz o que queres quando podes/Canta quando precisas de compreender/Aguenta-te com os teus pés sobre a terra”, cantava alguém que não parecia precisar de compreender muito, pois já estava tudo claro. O que os move é uma fé naquilo que pode ser melhor e apelam a que o público comungue dessa ideia. Voltando atrás, não estará tudo claro. Eles são felizes porque procuram compreender mais. E cantam. Cantam.

Akron/Family © Ricardo Almeida

Os norte-americanos Akron/Family tocaram cerca de hora e meia ao final da tarde de domingo passado no Hard Club, no Porto. Durante esse tempo houve "noise", houve saudações, houve danças internas e externas (“Se o gajo ao teu lado não estiver de braço no ar, pergunta-lhe: ´Porque raio não estás de braço no ar?´”, questionou Seth Olinsky, guitarrista da banda), houve voz sozinha no espaço.

Akron/Family © Ricardo Almeida

É tudo uma grande canção de amor e de espaço, como diz o título da faixa que encerrou o espectáculo retirada de Meek Warrior, e é esse o sentimento que atravessa a performance do trio: é tudo tão bonito.

Akron/Family © Ricardo Almeida

Durante "Another Sky", o baixista Miles Seaton salta do palco para o meio do público, leva com ele o microfone, faz com que toda a gente participe no coro da canção e, logo de seguida, pega num membro do público ao colo e põe-no ao ombro. Depois disso, enrola metade da sala em fita adesiva e uns cantam enquanto outros batem palmas, mas sem que se saiba ao certo quem faz o quê. Pouco importa.

Os concertos de Akron/Family têm reputação. E cumprem-na. Os momentos de cabeça perdida na electrónica rapidamente se acertam com aquelas sossegadas pausas, o povo é chamado a interagir com o que vem do palco, todos são vocalistas, todos são bateristas, todos são todos.

As canções em si foram das mais recentes, mas é difícil lembrar que há outras além daquelas. É tudo tão bonito. Durante momentos temeu-se o pior, não haveria encore, não havia gente suficiente, mas eles voltaram. "Love and Space" veio à luz sem microfones e apenas com a guitarra e o contributo de todos na sala. E horas depois, perdura. Nos ouvidos e não só.
· 24 Nov 2011 · 01:00 ·
Tiago Dias
tdiasferreira@gmail.com

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