Allen Halloween
Galeria Zé dos Bois, Lisboa
31 Out 2011
Uma cassete do Allen Halloween deu a volta ao teu bairro e um dia chegou a ti...
A K7 em questão chamava-se Projecto Mary Witch e criou algumas ondas em 2006, mas não tantas quantas a que terá criado esta Árvore Kriminal; seja porque "Drunfos" e respectivo videoclip encontraram espaço em Sics Radicais e murais de Facebook por aí fora, seja porque se começou finalmente a perceber que Allen Halloween é - como o indica a sua Krew no início do concerto - o melhor rapper da tuga, a ZdB esgotou-se para ver a Bruxa na noite de todas elas. E a(s) K7(s) deu(deram) realmente a volta ao bairro: passou por aqueles que andam da rua de tirante e Arnette, chegou às classes médias dos subúrbios e dos óculos de massa e ainda teve tempo para angariar à causa loirinhas com sweats de Burzum. Sem contar com os muitos que ficaram à porta barrados pela segurança (sim, que fique registado o quase-insólito de haver segurança à porta da Galeria). O exorcismo poderia e deveria ter sido mais longo, mas pelo que nos pareceu haviam demónios teimosos à solta nas suas cordas vocais. Halloween fez o melhor que pôde durante cerca de uma hora. E foi bastante bom.
Dispara, motherfucker, saca se tens colhões!
Ao segundo tema a sala explode: "Killa Me", cujo refrão é devidamente acompanhado por todos os presentes, de braços no ar e All Stars velhos a segui-los. Não é preciso que ele peça que respeitemos o seu nome. Fazemo-lo de bom grado. E ainda mais quando, antes de uma primeira pausa para dar lugar à audiência que queira arriscar um freestyle, se ouvem os primeiros beats daquela que é provavelmente a sua melhor malha (ou, pelo menos, a que tem os seus melhores versos): "Fly Nigga Fly". EU NÃO PRECISO DE CANADIANAS PARA PEGAR NA MINHA BEZANA. Tu não, Halloween, mas uma rapariga que desmaiou cá fora é capaz de precisar. Tu não: tu apoias-te n´"O Bom Jogador", n´"O Convite", e em "Crazy", que tem o potencial enorme de vir a ser hino para todos aqueles que passam madrugadas em Lisboa a beber copos enquanto esperam o primeiro comboio para casa. Mais agora que se diz quererem acabar com os transportes à noite. Mas não sujemos o teu nome com política.
- Mic meu, mic meu, há alguém que rime mais que eu?
- Não, Halloween, Shakur já morreu...
Falámos de "Drunfos". Falemos outra vez de "Drunfos": é incrível. Na ponta da língua de cada um estão frases como hoje vou sair, vou rollar, vou dizer a todas as miúdas "olá"..., se um dia me vires na rua diz-me o que é que fazes, eu dou-te na cara em frente dos teus rapazes! ou o quase-meme as costas já não me doem muuuuuuuuuito... enquanto o instrumental estranho, vertiginoso, drogado, maníaco, escolham, toma conta do aquário. A música de Allen Halloween vive sempre desta tensão constante. É o som do momento em que uma butterfly nos penetra o abdómen porque recusámos um cigarro a um tipo com mau aspecto. E, se lhe quisermos encontrar uma qualquer estranheza, é a de essa tensão conseguir juntar grupos tão díspares como os supracitados em comunhão sob a bandeira do hip-hop. Enquanto não o matarem com mais boatos idiotas, os comboios de Allen Halloween nunca andarão para trás.
A K7 em questão chamava-se Projecto Mary Witch e criou algumas ondas em 2006, mas não tantas quantas a que terá criado esta Árvore Kriminal; seja porque "Drunfos" e respectivo videoclip encontraram espaço em Sics Radicais e murais de Facebook por aí fora, seja porque se começou finalmente a perceber que Allen Halloween é - como o indica a sua Krew no início do concerto - o melhor rapper da tuga, a ZdB esgotou-se para ver a Bruxa na noite de todas elas. E a(s) K7(s) deu(deram) realmente a volta ao bairro: passou por aqueles que andam da rua de tirante e Arnette, chegou às classes médias dos subúrbios e dos óculos de massa e ainda teve tempo para angariar à causa loirinhas com sweats de Burzum. Sem contar com os muitos que ficaram à porta barrados pela segurança (sim, que fique registado o quase-insólito de haver segurança à porta da Galeria). O exorcismo poderia e deveria ter sido mais longo, mas pelo que nos pareceu haviam demónios teimosos à solta nas suas cordas vocais. Halloween fez o melhor que pôde durante cerca de uma hora. E foi bastante bom.
Dispara, motherfucker, saca se tens colhões!
Ao segundo tema a sala explode: "Killa Me", cujo refrão é devidamente acompanhado por todos os presentes, de braços no ar e All Stars velhos a segui-los. Não é preciso que ele peça que respeitemos o seu nome. Fazemo-lo de bom grado. E ainda mais quando, antes de uma primeira pausa para dar lugar à audiência que queira arriscar um freestyle, se ouvem os primeiros beats daquela que é provavelmente a sua melhor malha (ou, pelo menos, a que tem os seus melhores versos): "Fly Nigga Fly". EU NÃO PRECISO DE CANADIANAS PARA PEGAR NA MINHA BEZANA. Tu não, Halloween, mas uma rapariga que desmaiou cá fora é capaz de precisar. Tu não: tu apoias-te n´"O Bom Jogador", n´"O Convite", e em "Crazy", que tem o potencial enorme de vir a ser hino para todos aqueles que passam madrugadas em Lisboa a beber copos enquanto esperam o primeiro comboio para casa. Mais agora que se diz quererem acabar com os transportes à noite. Mas não sujemos o teu nome com política.
- Mic meu, mic meu, há alguém que rime mais que eu?
- Não, Halloween, Shakur já morreu...
Falámos de "Drunfos". Falemos outra vez de "Drunfos": é incrível. Na ponta da língua de cada um estão frases como hoje vou sair, vou rollar, vou dizer a todas as miúdas "olá"..., se um dia me vires na rua diz-me o que é que fazes, eu dou-te na cara em frente dos teus rapazes! ou o quase-meme as costas já não me doem muuuuuuuuuito... enquanto o instrumental estranho, vertiginoso, drogado, maníaco, escolham, toma conta do aquário. A música de Allen Halloween vive sempre desta tensão constante. É o som do momento em que uma butterfly nos penetra o abdómen porque recusámos um cigarro a um tipo com mau aspecto. E, se lhe quisermos encontrar uma qualquer estranheza, é a de essa tensão conseguir juntar grupos tão díspares como os supracitados em comunhão sob a bandeira do hip-hop. Enquanto não o matarem com mais boatos idiotas, os comboios de Allen Halloween nunca andarão para trás.
· 01 Nov 2011 · 15:17 ·
Paulo Cecíliopauloandrececilio@gmail.com
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