Big Troubles / Julian Lynch / Ducktails
Galeria Zé Dos Bois, Lisboa
16 Jun 2011
Um(a) canção: "Night Of The Assassins", dos Rallizes Dénudés. Ou, a primeira vez que um tema da melhor banda de sempre foi escutado por este escriba fora do conforto do seu quarto. A ZdB esteve bem composta de público naquela que foi a primeira de três noites de dose tripla: os Big Troubles, Julian Lynch e Matt Mondanile (alias Ducktails) seguem agora até Guimarães e Coimbra, podendo nós desde já assegurar aos habitantes de uma e outra cidade que serão todos imperdíveis.

Dois discos que Julian Lynch decidiu dar ao mundo: Mare e Terra, do ano passado e deste, respectivamente. Se em vinil ou em CD opta por uma maior paz de espírito no que toca ao som, procurando na folk melódica o argumento para a canção, ao vivo recruta dois dos miúdos dos Big Troubles e transforma-se num monstro do ruído. De riffs bem acentuados a longas passagens instrumentais, tudo em Lynch surpreendeu - e ainda mais quem só tinha pegado por alto nos dois discos supracitados. Julian Lynch: the hardest a man can soft rock. Dave Grohl perdeu hoje esse título.

Três, Arcade Dynamics. O novo disco de Ducktails é uma pequena maravilha pop, chillwave sem o ser, repleta de canções para guardar na língua e ir saboreando ao trautear. Teve a mesma ideia que Lynch, e lá estavam três dos Troubles para o ajudar a dar uma roupagem mais pesada às melodias de "Hamilton Road", "Don´t Make Plans" (gigante, gigante), "Art Vandelay" e da indispensável "Killin´ The Vibe", ainda que ninguém tivesse tido a ideia de ir chatear Noah Lennox para sair de casa e dar um pulo à Galeria. Um belíssimo concerto que, pecando por escasso - pela falta de pelo menos um encore - mereceu inteiramente os gritos de "SWAG" que se ouviram no final (por favor, não façam disto um meme em concertos).

Quatro miúdos de Nova Jérsia, como os demais, que provam que a pop ruidosa arraçada de shoegaze ainda não se tornou enjoativa. Os Big Troubles, tocando juntos e não perdidos pelos restantes artistas, lembram os MBV de temas como "Thorn", mostrando canções que prendem verdadeiramente; foram quem abriu a noite e desde logo fizeram pelas ovações de que foram alvo. Ponto alto: a felicidade estampada no rosto do guitarrista enquanto atingia o zénite de aceleração nas cordas. A diversão é e foi contagiante.
· 21 Jun 2011 · 00:37 ·
Paulo Cecílio
pauloandrececilio@gmail.com
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