Noite às Novas: Rudolfo / Robert Foster / EITR / Alek Rein
Galeria Zé Dos Bois, Lisboa
14 Jan 2011
Depois da inauguração oficial da época 2011 de concertos com JP Simões, a ZDB regressou com a tradicional “Noite às Novasâ€. Nesta espécie de baile de debutantes para bandas nacionais, subiram ao palco do aquário da Rua da Barroca no Bairro Alto quatro propostas bem distintas entre si - como ponto comum entre os quatro projectos, apenas a novidade de se apresentarem ao vivo na ZDB.
Rudolfo © Vera Marmelo

A festa arrancou com o inclassificável Rudolfo. Vindo do Porto, Rudolfo apresentou o seu “hate beatâ€, amálgama pós-moderna de nostalgia infanto-juvenil: jogos de vídeo (jogar Street Fighter em palco, mochila Sega às costas), genéricos de desenhos animados (Pokemon, Dragon Ball GT, etc.). Sobre bases instrumentais pré-gravadas (electrónica 8-bit), a voz esganiçada de Rudolfo passou por temas originais como “Os meus amigos não gostam de mim†e “Gosto das tuas cuecas†(temáticas universais) e até covers dos Xutos & Pontapés. Rudolfo anda pelo meio do público, uma dúzia de miúdos dança freneticamente, alternando entre o mosh e o bailarico. Ainda não sabemos o que pensar disto.

Robert Foster © Vera Marmelo

Seguiu-se Robert Foster, o mais recente projecto de Carlos Nascimento. Do seu CV fazem parte os Osso (referência da década `00 nacional) e a música de Foster é auto-classificada de “waterfalling meta-progâ€. Neste new age progressivo trabalhado à base de sintetizadores, a massa sonora vai ganhando forma na obsessiva sobreposição de camadas de som, metodicamente controladas. Sem se tornar demasiado expansiva, a música vive num permanente desenvolvimento, espécie de lava mutante.

EITR © Vera Marmelo

De seguida acturam os EITR, que são descendentes de um outro projecto nacional, os OTO. De trio passaram a duo, agora com Pedro Lopes no gira-discos preparado e electrónicas e Pedro Sousa no saxofone tenor e pedais de efeitos. Trabalhando no fértil terreno da improvisação livre, as texturas vindas da parafernália electrónica de Lopes entrelaçam-se com o prolongado sopro do sax de Sousa (num registo assumidamente diferente da explosão free jazz do seu duo com Gabriel Ferrandini). Apesar de por vezes a música soar perdida, Lopes e Sousa conseguiram alcançar alguns momentos de interessante comunhão.
Alek Rein © Vera Marmelo

A noite fechou com a proposta mais acessível, Alek Rein. Alternando entre uma versão puramente folk (só voz e guitarra acústica) e uma versão folk-rock (banda completa, formato quarteto) Rein mostrou algumas boas ideias e canções com potencial. Além de cabelo comprido e barba, Alexandre Rendeiro incorpora os típicos tiques musicais da “americana†- até há uma música com o título “I believe in America†- e o resultado acaba por ser globalmente satisfatório. Com um EP fresquinho, Gemini, Alek promete dar que falar nos próximos tempos. Quer se goste ou não se goste, o presente e o futuro da música nacional passou pelo aquário da ZDB. E valeu sobretudo pela riqueza e diversidade das formas.
· 17 Jan 2011 · 13:41 ·
Nuno Catarino
nunocatarino@gmail.com
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