Real Combo Lisbonense - Optimus Bailes Optimus
Clube Ferroviário, Lisboa
6 Jan 2011
No Dia de Reis foram muitos os que se deslocaram ao Clube Ferroviário para assistir ao 3º Baile Optimus, série limitada de concertos em que o Real Combo Lisbonense se faz acompanhar por convidados especiais.

Grande fila para entrar e alguns atropelos à parte… o Bolo-Rei oferecido no salão de festas fazia esquecer esses pormenores e confortava os estômagos menos precavidos.

O RCL pediu (que as Marias vestissem saias rodadas e os Manéis levassem flores na lapela) e algumas meninas corresponderam à chamada, com peças lisas ou estampadas.

Real Combo Lisbonense © Tiago Pereira

Após o início do concerto, com o instrumental “Está Fresquinho”, “O Fado É Bom Pra Xuxu” e “Borracha do Rocha” (uma ladainha que nunca falha), chega “Maria Morena”, primeiro momento de nacional cançonetismo. Ian Mucznik, de fato branco, chega a fazer lembrar António Calvário.

A noite vai balançando entre momentos em que o baile é mem’bom para dançar e músicas mais orquestrais. E entretanto sobe ao palco o primeiro special guest: Jorge Cruz, vocalista de Diabo na Cruz. Recebe grande ovação antes de repetir, em jeito de súplica, ”Oiçam!”, no tema “O Vento Mudou”, de Eduardo Nascimento, em que é acompanhado – e bastante acarinhado – pelas vocalistas de RCL, Ana Brandão e Márcia Santos. Mas é no “Timpanas” que Cruz se solta mais, numa cavalgada marialva bem lisboeta.

Após o intervalo, Márcia Santos regressa com uma tiara na cabeça, ou não fosse Dia de Reis e Rainhas. Depois de “Sensatez”, tempo para uma musiquinha para machucar os corações – os que não conhecem “Não Vem Que Não Tem” bem podem auto-flagelar-se, de tão deliciosa que é esta composição.

Real Combo Lisbonense © Tiago Pereira

«Há Sinceridade Nisto?», pergunta Ian Mucznik – «Não há, não há!», surge em seguida a resposta. Permito-me discordar: existe uma genuína boa-fé em levar as pessoas a sair de casa, após um dia de trabalho chuvoso, para dançar (em vez de ficarem a vegetar em frente à tv que transmite o “Ídolos” ou a “Casa dos Segredos”) ao som de um cancioneiro recuperado de uma forma leve, bem-disposta e despretenciosa. O Real Combo não pretende ser mais do que aparenta: música para ouvir e dançar. «Oiça para dançar; dance para se divertir», como já escreveram os próprios.

Carminho © Tiago Pereira

Chega Carminho, de rosto angelical e vestida de forma pouco fadista: casaco de cabedal preto sobre um vestido vermelho e calças igualmente escuras, calçando uns all-star. Começa por pedir que os presentes escolham pares, já que vai cantar um slow – na verdade, arranca com um fado à maneira Lisbonense, no qual se destaca a voz profunda da vocalista e o órgão Hammond de João Paulo Feliciano. Para contrastar, segue-se “Camisa Amarela”, na qual Carminho canta e arrisca uns passos ao ritmo do samba.

«Quase que podemos acabar assim», desabafa JP Feliciano no final da música; mas há lugar para uns shots de “Laranjina”, a versão Real Combo de “Tequilla”.

No encore («Ninguém acaba assim», foi repetindo o público após as apresentações e despedidas da praxe… ao que JP Feliciano apenas soube responder «Com esta é que vocês nos tramaram») volta a ouvir-se o “Timpanas”, sendo que desta feita Carminho acompanha o Diabo Cruz ao microfone.

«As coisas boas acabam e as óptimas também» - até à primeira Quinta-Feira de Fevereiro.
· 07 Jan 2011 · 19:35 ·
Hugo Rocha Pereira
hrochapereira@bodyspace.net

Parceiros