The Walkmen / Os Golpes
Coliseu dos Recreios, Lisboa
14 Nov 2010
Ejaculação precoce: o concerto acaba de arrancar com uma música nova (“While I Shovel The Snow”) e segue-se então um tríptico fabuloso. Entra “In the New Year”, o vocalista Hamilton Leithauser canta “I know that it’s true, it’s gonna be a good year”, o povo levanta-se das cadeiras, aquele ritmo contagia todo o público, o Coliseu está em pé, numa dança frenética. Segue-se “Angela Surf City”, uma das músicas mais marcantes do novo Lisbon, o povo continua em pé, a dança continua. E, como se não bastasse de energia no ar, chega o épico “The Rat”: as palavras (“you´ve got a nerve to be asking a favor, you´ve got a nerve to be calling my number”, etc.) vão de encontro àquela energia trepidante, guitarras em corropio, canção magnífica, ponto final.
Estávamos ainda bem nos começos, mas depois desta sequência o concerto podia bem acabar, que muita gente iria para casa já feliz. Não acabou, a banda prosseguiu com “Blue as your blood”, óptimo tema, mais calminho, e o povo voltou às cadeiras. Era impossível repetir aquela sequência enérgica, mas a banda não parou de lançar canções irresistíveis. Na verdade aquilo tudo parece não passar de rock relativamente elementar. Mas é um rock elegante, feito de canções muito bem desenhadas, feito de guitarras envolventes e com “aquela” voz. E aquela capacidade pouco comum de fazer arte de coisas banais, de transformar vida em montanhas de sentimentos. Muito por culpa de Hamilton Leithauser, que abusa da voz até o canto virar grito.
Há a inevitável referência ao nome do disco novo, que a cidade de Lisboa gosta de quem gosta dela. Do público alguém grita “we love you”, Leithauser responde “we love you too” (sim, houve comunicação com o público - q.b., sem abusar). Por entre o público são visíveis algumas cadeiras vazias, mas ainda assim percebe-se que a sala está relativamente bem composta, que valeu a pena arriscar um “fenómeno de culto” no Coliseu. O espectáculo inclui canções de fino recorte, como “Victory”, “On the Water”, ou “Canadian Girl”, e para o final fica reservado outro grande hino da banda, “Juvelines”, highlight inevitável de Lisbon, espetado ali mesmo antes do encore. O concerto acaba depois de “I lost you” e “We´ve been had”, deixando a todos um rasgado sorriso de satisfação, de quem acabou de assistir a um momento especial.
Na primeira parte actuou o quarteto nacional Os Golpes. A banda de Manuel Fúria revelou em meia dúzia de canções um rock escorreito, herdeiro dos Heróis do Mar (o facto de terem convidado Rui Pregal da Cunha para colaborar no mais recente single desfez qualquer dúvida, se ainda restassem). Com uma actuação enérgica, Os Golpes não desiludiram, mostraram bons temas como “A Marcha dos Golpes” ou “Vá Lá Senhora” e cumpriram impecavelmente a função de aquecimento, numa noite que ficará na memória de muitos.
The Walkmen © Sofia Ferreira |
Estávamos ainda bem nos começos, mas depois desta sequência o concerto podia bem acabar, que muita gente iria para casa já feliz. Não acabou, a banda prosseguiu com “Blue as your blood”, óptimo tema, mais calminho, e o povo voltou às cadeiras. Era impossível repetir aquela sequência enérgica, mas a banda não parou de lançar canções irresistíveis. Na verdade aquilo tudo parece não passar de rock relativamente elementar. Mas é um rock elegante, feito de canções muito bem desenhadas, feito de guitarras envolventes e com “aquela” voz. E aquela capacidade pouco comum de fazer arte de coisas banais, de transformar vida em montanhas de sentimentos. Muito por culpa de Hamilton Leithauser, que abusa da voz até o canto virar grito.
The Walkmen © Sofia Ferreira |
Há a inevitável referência ao nome do disco novo, que a cidade de Lisboa gosta de quem gosta dela. Do público alguém grita “we love you”, Leithauser responde “we love you too” (sim, houve comunicação com o público - q.b., sem abusar). Por entre o público são visíveis algumas cadeiras vazias, mas ainda assim percebe-se que a sala está relativamente bem composta, que valeu a pena arriscar um “fenómeno de culto” no Coliseu. O espectáculo inclui canções de fino recorte, como “Victory”, “On the Water”, ou “Canadian Girl”, e para o final fica reservado outro grande hino da banda, “Juvelines”, highlight inevitável de Lisbon, espetado ali mesmo antes do encore. O concerto acaba depois de “I lost you” e “We´ve been had”, deixando a todos um rasgado sorriso de satisfação, de quem acabou de assistir a um momento especial.
Os Golpes © Sofia Ferreira |
Na primeira parte actuou o quarteto nacional Os Golpes. A banda de Manuel Fúria revelou em meia dúzia de canções um rock escorreito, herdeiro dos Heróis do Mar (o facto de terem convidado Rui Pregal da Cunha para colaborar no mais recente single desfez qualquer dúvida, se ainda restassem). Com uma actuação enérgica, Os Golpes não desiludiram, mostraram bons temas como “A Marcha dos Golpes” ou “Vá Lá Senhora” e cumpriram impecavelmente a função de aquecimento, numa noite que ficará na memória de muitos.
· 15 Nov 2010 · 11:01 ·
Nuno Catarinonunocatarino@gmail.com
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