Evols + p.ma
Lófte, Porto
23 Out 2010
Na misteriosa Rua dos Caldeireiros, num local como há tantos no Porto (desabitado, abandonado, esquecido pelo tempo, à espera de alguém que os queira e lhes dê vida), subindo as longas escadas, numa sala gigante de paredes brancas com projecções psicadélicas, num espaço baptizado como Lofte, há também paredes de som que se propagam pelo espaço e procuram uma vida própria. Paredes dentro de paredes brancas, ruído que se escapava por cada buraco para se espalhar pelo casario circundante até perder a intensidade. Eram os Evols, no final da longa digressão de quatro datas (brincava um dos músicos a meio do concerto), que apresentavam o disco de estreia, outro mural de canções de paredes sonoras erigido por mineiros corajosos. Desculpem o trocadilho.
Lá dentro, ainda, os Evols apresentam canções camufladas de ruído bom. Três guitarras, muitos pedais, amplificadores com aspecto pesado, vozes enterradas em mil e duzentos efeitos. As imagens de Pedro Maia aparecem como o acompanhamento perfeito para as expansões sonoras dos Evols: quatro ou cinco manchas de imagem em constante mudança, viscerais, psicadélicas (já foi dito). Com a luz strobe a manchar toda a sala imagina-se Sophia Coppola a filmar a cena, imagina-se o apadrinhamento dos My Bloody Valentine (os próprios não desdenhariam), imagina-se que fazia falta a Portugal guitarras destas.
Canções como “Silver Mountain” ou “Winter joy”, detentora do hino nacional da República Independente do Shoegaze, no seu positivismo sónico, na extensão da sua palete de cores, garantem quase só por isso o interesse destes Evols. Mas porque há limitações óbvias na utilização exclusiva de três guitarras, foi bom ver nestes mesmos Evols a vontade de enfiar algures um ritmo tirado a ferros às máquinas, ou pequenas variações de som ou de cor que garantiram ao longe de cerca de uma hora de concerto um interesse renovado. Haja mais vezes estas guitarras, nestas outras paredes, neste lofte (que pede mais concertos) ou noutro. Não havendo possibilidade de os apanhar ao vivo, queiram entrar no disco deles para perceber a validade destas guitarras.
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Evols © Inês Martinho Costa |
Lá dentro, ainda, os Evols apresentam canções camufladas de ruído bom. Três guitarras, muitos pedais, amplificadores com aspecto pesado, vozes enterradas em mil e duzentos efeitos. As imagens de Pedro Maia aparecem como o acompanhamento perfeito para as expansões sonoras dos Evols: quatro ou cinco manchas de imagem em constante mudança, viscerais, psicadélicas (já foi dito). Com a luz strobe a manchar toda a sala imagina-se Sophia Coppola a filmar a cena, imagina-se o apadrinhamento dos My Bloody Valentine (os próprios não desdenhariam), imagina-se que fazia falta a Portugal guitarras destas.
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Evols © Inês Martinho Costa |
Canções como “Silver Mountain” ou “Winter joy”, detentora do hino nacional da República Independente do Shoegaze, no seu positivismo sónico, na extensão da sua palete de cores, garantem quase só por isso o interesse destes Evols. Mas porque há limitações óbvias na utilização exclusiva de três guitarras, foi bom ver nestes mesmos Evols a vontade de enfiar algures um ritmo tirado a ferros às máquinas, ou pequenas variações de som ou de cor que garantiram ao longe de cerca de uma hora de concerto um interesse renovado. Haja mais vezes estas guitarras, nestas outras paredes, neste lofte (que pede mais concertos) ou noutro. Não havendo possibilidade de os apanhar ao vivo, queiram entrar no disco deles para perceber a validade destas guitarras.
· 26 Out 2010 · 12:47 ·
André Gomesandregomes@bodyspace.net
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