Master Musicians Of Bukkake
Galeria Zé dos Bois, Lisboa
17 Out 2010
Quem gosta de se deter por alguns instantes a ponderar na etimologia das palavras e dos nomes conclui duas coisas acerca deste super-grupo com raízes nos Sunn O))), Sun City Girls e Earth; primeiro, que Master Musicians é retirado aos míticos Master Musicians Of Jajouka - uma influência que se estenderá, decerto, para além do nome; segundo, que Bukkake é uma prática sexual com origem japonesa, que encontra apelo universal nos vídeos de Momo Iizawa, Azusa Ayano e Nanami Nanase (não aconselhamos a pesquisa destes últimos a menores de dezoito). Mas também há a música, drogada como os Sunn o são, cósmica como os Earth o conseguem, com traços orientais e nativo-americanos; os MMB são como que pajés, colocando-se entre o fogo de Deus e a cimitarra do Grande Satã, e adorando ambos em igual medida.
Hoje foi a beleza das Mil e Uma Noites que pairou sobre Lisboa; num palco da Galeria Zé dos Bois tornado mesquita, todos os sete músicos, perdão, guerrilheiros berberes, entram anónimos, ao som de campainhas e com o aroma de incenso (e outras substâncias psicotrópicas) no ar, sendo prontamente cobertos por uma enorme nuvem de fumo. Quando se ouve o primeiro trovejar da corneta nas mãos de um dos imãs, é o sinal para nos descalçarmos, baixarmos a cabeça para Meca e começarmos as orações, que duram dez minutos, até ser hora de celebrar com "Schism Prism", funk deífico e dançável ao ponto de ser haram, retirado de Totem One, álbum obrigatório para quem quiser lançar-se nos rituais árabes dos MMB.
Porém, não se pense que é só nos desertos árabes que a música dos MMB encontra frutos; também no krautrock há muito por onde se pegar, como por exemplo a batida motorik que faz mexer "Golden Splendor", faixa por lançar em disco mas que ao vivo é o ponto alto do espectáculo do grupo; os Neu! se fossem Sauditas, ou Bryn Jones se fosse alemão. A trip que proporcionou ganhou contornos irónicos para quem leu as declarações de Angela Merkel quando se referia ao falhanço da integração islâmica na Alemanha. Para terminar em grande, tiveram de ser os cânticos de "Eaglewolf" a arrancar a participação mínima da audiência, enquanto os MMB saíam do palco e distribuíam preces e extintores. Bela estreia deste colectivo em Portugal; espera-se impacientemente pelo regresso. Insha'Allah.
Hoje foi a beleza das Mil e Uma Noites que pairou sobre Lisboa; num palco da Galeria Zé dos Bois tornado mesquita, todos os sete músicos, perdão, guerrilheiros berberes, entram anónimos, ao som de campainhas e com o aroma de incenso (e outras substâncias psicotrópicas) no ar, sendo prontamente cobertos por uma enorme nuvem de fumo. Quando se ouve o primeiro trovejar da corneta nas mãos de um dos imãs, é o sinal para nos descalçarmos, baixarmos a cabeça para Meca e começarmos as orações, que duram dez minutos, até ser hora de celebrar com "Schism Prism", funk deífico e dançável ao ponto de ser haram, retirado de Totem One, álbum obrigatório para quem quiser lançar-se nos rituais árabes dos MMB.
Porém, não se pense que é só nos desertos árabes que a música dos MMB encontra frutos; também no krautrock há muito por onde se pegar, como por exemplo a batida motorik que faz mexer "Golden Splendor", faixa por lançar em disco mas que ao vivo é o ponto alto do espectáculo do grupo; os Neu! se fossem Sauditas, ou Bryn Jones se fosse alemão. A trip que proporcionou ganhou contornos irónicos para quem leu as declarações de Angela Merkel quando se referia ao falhanço da integração islâmica na Alemanha. Para terminar em grande, tiveram de ser os cânticos de "Eaglewolf" a arrancar a participação mínima da audiência, enquanto os MMB saíam do palco e distribuíam preces e extintores. Bela estreia deste colectivo em Portugal; espera-se impacientemente pelo regresso. Insha'Allah.
· 19 Out 2010 · 19:27 ·
Paulo Cecíliopauloandrececilio@gmail.com
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