Mark Knopfler
Campo Pequeno, Lisboa
27 Jul 2010
Assistir a um concerto de Mark Knopfler em 2010 poderá fazer pouco sentido para alguns. Mas para os milhares que encheram o Campo Pequeno seria um sonho realizado (em alguns casos pela terceira, quarta ou quinta vez). Para alguns será ainda um ajuste de contas com aquela assustadora capa de Love Over Gold, o vinil que o primo mais velho tinha por casa. Ou apenas uma oportunidade para se confirmar que o disco homónimo dos Straits, aquele de 1978, continua imaculado, sem pingo de gordura. Indiferente às motivações pessoais, Knopfler sentou-se (pose pouco rock) e deu um concerto que não terá deixado ninguém insatisfeito.
Com um disco acabado de editar, Get Lucky, o guitarrista virtuoso (não é ofensa, é constatação elogiosa), arrancou com uma música nova, que pecava por ser demasiado folk, com uma irritante flauta a desviar a atenção do dedilhar do mestre. No entanto cedo se passou para material mais conhecido, com a sequência “What it is” e “Sailing to Philadelphia” - a aproveitar dois dos melhores momentos da carreira a solo pós-Straits. Depois voltou aos temas com arranjos duvidosos (folk britânica demasiado presente, acordeão, mais flautas, porquê, meu deus?), mas o grande momento da noite estava para chegar.
Esse momento chegou quando Knopfler agarrou uma guitarra National, aquela prateada (lembrem-se da capa de Brothers In Arms), e desembrulhou a melhor canção de amor não lamechas da noite: chama-se “Romeo and Juliet”, resiste ao tempo, continua irresistível, uma grande conquista para quem diz não saber fazer canções de amor - “I can't do a love song like the way it's meant to be”, cantava ele, encarnando o papel de Romeu.
Seguiu-se “Sultans of Swing”, a odisseia da banda de bar com pouca sorte, quase história autobiográfica, com a guitarra preciosa em cada detalhe. E pronto, o concerto podia acabar aí que ficava tudo bem. Passaram-se depois alguns temas com arranjos pró-folk (a flauta, novamente aquela flauta), que bem poderiam dispensados, para o espectáculo oficial fechar com “Telegraph Road” - no final regressavam os Dire Straits, claro. Calma, haveria ainda um encore, novamente Straits e desta vez em dose dupla: “Brothers in Arms” e “So Far Away” (êxitos óbvios, público histérico). O público pediu, o mestre acedeu: “Piper to the End” - outro tema novo.
Pouco comunicativo (dirigiu-se apenas uma vez ao público, para apresentar os músicos), Knopfler deu um concerto sem falhas, fazendo uma inteligente gestão dos seus activos. É incrível a forma como os seus dedos deslizam pelo braço da guitarra, é incrível o controlo que tem do som de cada corda, a forma como se desembaraça de cada canção, inserindo subtis variações em cada tema, divertindo-se com os detalhes das suas músicas. Em 2010 ainda deve ser uncool gostar de Dire Straits, mas a Team Knopfler acabou de ganhar mais um adepto.
Com um disco acabado de editar, Get Lucky, o guitarrista virtuoso (não é ofensa, é constatação elogiosa), arrancou com uma música nova, que pecava por ser demasiado folk, com uma irritante flauta a desviar a atenção do dedilhar do mestre. No entanto cedo se passou para material mais conhecido, com a sequência “What it is” e “Sailing to Philadelphia” - a aproveitar dois dos melhores momentos da carreira a solo pós-Straits. Depois voltou aos temas com arranjos duvidosos (folk britânica demasiado presente, acordeão, mais flautas, porquê, meu deus?), mas o grande momento da noite estava para chegar.
Esse momento chegou quando Knopfler agarrou uma guitarra National, aquela prateada (lembrem-se da capa de Brothers In Arms), e desembrulhou a melhor canção de amor não lamechas da noite: chama-se “Romeo and Juliet”, resiste ao tempo, continua irresistível, uma grande conquista para quem diz não saber fazer canções de amor - “I can't do a love song like the way it's meant to be”, cantava ele, encarnando o papel de Romeu.
Seguiu-se “Sultans of Swing”, a odisseia da banda de bar com pouca sorte, quase história autobiográfica, com a guitarra preciosa em cada detalhe. E pronto, o concerto podia acabar aí que ficava tudo bem. Passaram-se depois alguns temas com arranjos pró-folk (a flauta, novamente aquela flauta), que bem poderiam dispensados, para o espectáculo oficial fechar com “Telegraph Road” - no final regressavam os Dire Straits, claro. Calma, haveria ainda um encore, novamente Straits e desta vez em dose dupla: “Brothers in Arms” e “So Far Away” (êxitos óbvios, público histérico). O público pediu, o mestre acedeu: “Piper to the End” - outro tema novo.
Pouco comunicativo (dirigiu-se apenas uma vez ao público, para apresentar os músicos), Knopfler deu um concerto sem falhas, fazendo uma inteligente gestão dos seus activos. É incrível a forma como os seus dedos deslizam pelo braço da guitarra, é incrível o controlo que tem do som de cada corda, a forma como se desembaraça de cada canção, inserindo subtis variações em cada tema, divertindo-se com os detalhes das suas músicas. Em 2010 ainda deve ser uncool gostar de Dire Straits, mas a Team Knopfler acabou de ganhar mais um adepto.
· 28 Jul 2010 · 12:07 ·
Nuno Catarinonunocatarino@gmail.com
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