Fuck Buttons
Lux, Lisboa
16 Jun 2010
Esperar quase uma hora para ver os Fuck Buttons subir ao palco pareceu-nos exagerado. Mas Andrew Hung, o primeiro dos britânicos de Bristol a dar a cara – com dois ganchos maravilhosos a prender a franja –, não parecia estar muito preocupado com isso. Com o seu ar despreocupado e despretensioso, ligou uns cabos, preparou os sintetizadores e deu início a “Surf Solar”, um dos melhores temas da dupla. Enquanto os pads ruidosos encontravam reconhecimento na plateia, Benjamin John Power, o mais efusivo dos dois, decidiu pegar no touro pelos cornos e incendiou o espectáculo, enquanto enveredava pelo seu show de deep throat ao microfone – opção certa, os guturais notavam-se bem mais desta forma. O público começava a sentir a vibração no peito, a batida impunha-se e já ninguém queria ficar parado.
A distorção, uma das marcas deste concerto e dos Fuck Buttons, foi invariavelmente um dos dois cliques necessários para despoletar uma reacção mais eufórica por parte de quem assistia ao diálogo visual bem coordenado ente Hung e Power. Por outro lado, o ambiente voltava a aquecer quando surgia um ritmo mais pujante ou quando o tipo de chapéu se dirigia para o timbalão de chão, ajudando à solidificação da secção rítmica. A energia que transmitem apenas com o olhar ou a fornicação mútua da mesa que os separa faz com que o espectáculo não adormeça nem, consequentemente, a plateia.
Há outro detalhe na performance ao vivo dos Fuck Buttons que não pode passar em claro. Quem julga que vai ver caixas de ritmos automatizadas e sintetizadores em loop num qualquer software de som aproveite para pôr essa hipótese de parte. Se houve alguns enganos, rítmica e melodicamente, isso também significa uma (inesperada) humanização no que toca ao desempenho dos britânicos.
Não sabemos se poderia ter havido melhor palco para o concerto que o do Lux. Cada som introduzido era claramente distinguível dos restantes e, não obstante o noise da cena, toda a harmonia resultava em algo incrivelmente equilibrado. Só faltaram alguns decibéis para, além de ter superado em tudo os discos e resultar num espectáculo sensorial, ter sido visceral.
Fuck Buttons © Roberto Estreitinho |
A distorção, uma das marcas deste concerto e dos Fuck Buttons, foi invariavelmente um dos dois cliques necessários para despoletar uma reacção mais eufórica por parte de quem assistia ao diálogo visual bem coordenado ente Hung e Power. Por outro lado, o ambiente voltava a aquecer quando surgia um ritmo mais pujante ou quando o tipo de chapéu se dirigia para o timbalão de chão, ajudando à solidificação da secção rítmica. A energia que transmitem apenas com o olhar ou a fornicação mútua da mesa que os separa faz com que o espectáculo não adormeça nem, consequentemente, a plateia.
Fuck Buttons © Roberto Estreitinho |
Há outro detalhe na performance ao vivo dos Fuck Buttons que não pode passar em claro. Quem julga que vai ver caixas de ritmos automatizadas e sintetizadores em loop num qualquer software de som aproveite para pôr essa hipótese de parte. Se houve alguns enganos, rítmica e melodicamente, isso também significa uma (inesperada) humanização no que toca ao desempenho dos britânicos.
Fuck Buttons © Roberto Estreitinho |
Não sabemos se poderia ter havido melhor palco para o concerto que o do Lux. Cada som introduzido era claramente distinguível dos restantes e, não obstante o noise da cena, toda a harmonia resultava em algo incrivelmente equilibrado. Só faltaram alguns decibéis para, além de ter superado em tudo os discos e resultar num espectáculo sensorial, ter sido visceral.
· 17 Jun 2010 · 14:07 ·
Simão Martinssimaopmartins@gmail.com
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