Beach House
Lux, Lisboa
17 Mar 2010
Durante todos os perto de 70 minutos que durou a terceira passagem de Alex Scally e Victoria Legrand por Lisboa, a música dos Beach House aventurou-se por uma corda bamba um tanto ou quanto peculiar. Não no sentido de defraudar as expectativas do público, pois este, que lotou completamente o andar de baixo do Lux, saiu perfeitamente rendido à dupla de Baltimore. O risco esteve relacionado com o nível de som com que a voz de Victoria saía das colunas, que por momentos fez temer que a delicadeza do repertório dos Beach House fosse sacrificado no altar das exigências da performance ao vivo. Foi necessário, para usar uma comparação de âmbito Simpsoniano, saber cruzar o geek Milhouse Van Houten com o pugilista de voz doce Drederick Tatum. Terá ou não a euforia do público português, ao qual foram dedicadas várias palavras vindas do palco, ajudado ao sucesso de tal criação? O certo é que a confiança e desenvoltura de Victoria e Alex subiram gradualmente, proporcionando um óptimo e envolvente concerto.
Victoria Legrand, se fosse uma super-heroína, teria decerto como poderes a capacidade de criar uma cortina de fumo diante do seu rosto. Mesmo sem a termos visto, é quase certo que ela esteve lá, e que o que vimos não foi um rosto que se imaginaria impassível a derreter de embevecimento. É que esperaria a dupla, e o baterista que os acompanhou, que músicas como "Gila", "Norway", "Used To Be" ou "Heart Of Chambers" fossem recebidas como mega-hits? A julgar pelos gritos de boas-vindas, temos já canções para fazer parte indispensável da vida de muita gente. Canções de arquitectura inspirada, onde nada parece estar fora do sítio, quer nos alicerces, quer na decoração. Ou repare-se como Alex Scally resiste fervorosamente a qualquer tentação de tocar mais do que uma corda da guitarra de cada vez, dançando por cima dos teclados alcatifados de Victoria, num passeio semelhante a viajarmos por um pontão de olhos fechados, deixando que os salpicos caiam em gotas finíssimas sobre a nossa pele. A bateria ajuda na propulsão vertical da música, evitando também ela qualquer golpe que dê peso a mais à música.
Foi pena que passada uma hora já estivéssemos à espera de encore, o qual veio com "Astronaut", e a encerrar, "10 Mile Stereo". Ambas muitíssimo inspiradas, com Victoria cada vez a demonstrar maior adrenalina (chegou a fazer headbanging lá pelo meio) e maior confiança na voz. Depois das luzes se acenderem, ainda foi preciso ligar a música do PA para que a assistência desmobilizasse. Restarão poucas dúvidas que a única coisa que separa os Beach House de salas maiores em Portugal será a continuação de uma carreira ascendente em termos de qualidade dos álbuns. Souberam encontrar um espaço simples e modesto, mas que, naquele momento, ninguém ocupava tão bem. Enquanto souberem mobilá-lo assim, a Moviflor e o Ikea escusam de mandar entregar panfletos publicitários na sua caixa do correio.
Victoria Legrand, se fosse uma super-heroína, teria decerto como poderes a capacidade de criar uma cortina de fumo diante do seu rosto. Mesmo sem a termos visto, é quase certo que ela esteve lá, e que o que vimos não foi um rosto que se imaginaria impassível a derreter de embevecimento. É que esperaria a dupla, e o baterista que os acompanhou, que músicas como "Gila", "Norway", "Used To Be" ou "Heart Of Chambers" fossem recebidas como mega-hits? A julgar pelos gritos de boas-vindas, temos já canções para fazer parte indispensável da vida de muita gente. Canções de arquitectura inspirada, onde nada parece estar fora do sítio, quer nos alicerces, quer na decoração. Ou repare-se como Alex Scally resiste fervorosamente a qualquer tentação de tocar mais do que uma corda da guitarra de cada vez, dançando por cima dos teclados alcatifados de Victoria, num passeio semelhante a viajarmos por um pontão de olhos fechados, deixando que os salpicos caiam em gotas finíssimas sobre a nossa pele. A bateria ajuda na propulsão vertical da música, evitando também ela qualquer golpe que dê peso a mais à música.
Foi pena que passada uma hora já estivéssemos à espera de encore, o qual veio com "Astronaut", e a encerrar, "10 Mile Stereo". Ambas muitíssimo inspiradas, com Victoria cada vez a demonstrar maior adrenalina (chegou a fazer headbanging lá pelo meio) e maior confiança na voz. Depois das luzes se acenderem, ainda foi preciso ligar a música do PA para que a assistência desmobilizasse. Restarão poucas dúvidas que a única coisa que separa os Beach House de salas maiores em Portugal será a continuação de uma carreira ascendente em termos de qualidade dos álbuns. Souberam encontrar um espaço simples e modesto, mas que, naquele momento, ninguém ocupava tão bem. Enquanto souberem mobilá-lo assim, a Moviflor e o Ikea escusam de mandar entregar panfletos publicitários na sua caixa do correio.
· 18 Mar 2010 · 01:07 ·
Nuno Proençanunoproenca@gmail.com
RELACIONADO / Beach House