Fu Manchu / Miss Lava
Santiago Alquimista, Lisboa
5 Fev 2010
Mesmo que quisessem, os Fu Manchu dificilmente efectuariam um concerto fraquinho. Duvidamos até que não sejam capazes de outra coisa que não seja um recital de rock, conforme apetecido por quem o prefere sem subtilezas. Por todas as músicas cedidas a videojogos e filmes de skate, os Fu Manchu ocupam o lugar da banda de rock californiano quintessencial, que esteve sempre ao lado dos putos (veja-se o videoclip “Evil Eye”) durante estes últimos vinte anos. Eles nem sequer são especialmente elaborados (a linguagem repete-se de disco para disco), nem tão pouco deviam ser. E aqui estou eu a repetir a introdução utilizada há três anos, porque não há mesmo muito a dizer acerca dos Fu Manchu além de que representam uma garantia clássica de pura gratificação eléctrica pela mão do rock.
Tal garantia resulta naturalmente do entrosamento desenvolvido por uma formação que mantém, desde há doze anos, os mesmos dois guitarristas (os incríveis Scott Hill e Bob Balch) e baixista (o não menos incrível Brad Davis). Talvez por não ter esquecido a grandeza das duas passagens do colectivo californiano pelo Paradise Garage (a primeira foi lendária), o público que acorreu ao Alquimista chegou para ocupar grande parte dos dois pisos da sala. Ali estavam algumas centenas de pessoas prontas para escutar os riffs que viram as páginas de histórias sobre vida extraterrestre, fenómenos do deserto e “chave na mão e siga” (a sagrada trilogia temática dos Fu Manchu).
Depois do “arrastão” negro dos Sunn o))), na terça anterior, determinadas canções parecem ainda mais aceleradas, o que muito contrasta com outros momentos em que os Fu Manchu revertem ao stoner rock que pesa uma tonelada. A dinâmica assenta precisamente nessa alternância de mudanças feita de olhos fechados: o quarteto coloca prego a fundo com “Hell on wheels”, levanta poeira melódica com “California Crossing”, abre espaço psicadélico no intervalo de “Adonizer”, manipula o eco no refrão da novidade “Signs of infinite power”, é pouco menos que gigante na rendição das obrigatórias “King of the Road” e “Evil Eye”. No encore, efusivamente reclamado pelo público, houve ainda tempo para “Boogie Van” e, logo de seguida, uma versão “para deitar a casa abaixo” de “Godzilla”, o velhinho clássico dos Blue Öyster Cult, que nos deixa a torcer pelo monstro japonês no refrão Oh no! There goes Tokyo! Go, go, Godzilla!. Ó não, lá se foi Lisboa outra vez, com a pegada dos Fu Manchu.
Responsáveis pelo aquecimento, os Miss Lava estiveram umas quantas casas acima do exigido, durante a possante meia hora de que dispuseram para apresentar o álbum de estreia Blues for the Dangerous Miles. Atiçados pelo cronómetro, o quarteto português esteve imparável na oscilação entre a corpulência dos Clutch e uma repescagem bem esgalhada do hard rock de 80 (com o carisma desses tempos a apoderar-se do vocalista Johnny Lee). No fim, houve uma cover de “Green Machine”, um original dos Kyuss, que terá deixado alguns dos presentes com uma vontade ainda maior de ver reunida a ex-banda de Josh Homme, depois de alguns rumores nesse sentido.
Fu Manchu © Mauro Mota |
Tal garantia resulta naturalmente do entrosamento desenvolvido por uma formação que mantém, desde há doze anos, os mesmos dois guitarristas (os incríveis Scott Hill e Bob Balch) e baixista (o não menos incrível Brad Davis). Talvez por não ter esquecido a grandeza das duas passagens do colectivo californiano pelo Paradise Garage (a primeira foi lendária), o público que acorreu ao Alquimista chegou para ocupar grande parte dos dois pisos da sala. Ali estavam algumas centenas de pessoas prontas para escutar os riffs que viram as páginas de histórias sobre vida extraterrestre, fenómenos do deserto e “chave na mão e siga” (a sagrada trilogia temática dos Fu Manchu).
Fu Manchu © Mauro Mota |
Depois do “arrastão” negro dos Sunn o))), na terça anterior, determinadas canções parecem ainda mais aceleradas, o que muito contrasta com outros momentos em que os Fu Manchu revertem ao stoner rock que pesa uma tonelada. A dinâmica assenta precisamente nessa alternância de mudanças feita de olhos fechados: o quarteto coloca prego a fundo com “Hell on wheels”, levanta poeira melódica com “California Crossing”, abre espaço psicadélico no intervalo de “Adonizer”, manipula o eco no refrão da novidade “Signs of infinite power”, é pouco menos que gigante na rendição das obrigatórias “King of the Road” e “Evil Eye”. No encore, efusivamente reclamado pelo público, houve ainda tempo para “Boogie Van” e, logo de seguida, uma versão “para deitar a casa abaixo” de “Godzilla”, o velhinho clássico dos Blue Öyster Cult, que nos deixa a torcer pelo monstro japonês no refrão Oh no! There goes Tokyo! Go, go, Godzilla!. Ó não, lá se foi Lisboa outra vez, com a pegada dos Fu Manchu.
Miss Lava © Mauro Mota |
Responsáveis pelo aquecimento, os Miss Lava estiveram umas quantas casas acima do exigido, durante a possante meia hora de que dispuseram para apresentar o álbum de estreia Blues for the Dangerous Miles. Atiçados pelo cronómetro, o quarteto português esteve imparável na oscilação entre a corpulência dos Clutch e uma repescagem bem esgalhada do hard rock de 80 (com o carisma desses tempos a apoderar-se do vocalista Johnny Lee). No fim, houve uma cover de “Green Machine”, um original dos Kyuss, que terá deixado alguns dos presentes com uma vontade ainda maior de ver reunida a ex-banda de Josh Homme, depois de alguns rumores nesse sentido.
· 06 Fev 2010 · 21:05 ·
Miguel Arséniomigarsenio@yahoo.com
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