B Fachada / Kurt Vile & The Violators
Frágil, Lisboa
9 Dez 2009
Em frente ao Frágil, na Rua da Atalaia, a fila vai ganhando muitos metros até que alguém pergunta: Isto vai ser Fachada mais o quê? A resposta mais óbvia aponta para Kurt Vile, precoce saltimbanco com um pé seguro no rock de casta e outro na lo-fi esquecida. A resposta oculta, por sua vez, obriga a reconhecer que a noite era mesmo de B Fachada. A ele pertence o recém-lançado homónimo que a fatia maior do público esperava ver transformado em palco (com voz e guitarra, desta vez). É obra dele o misto de entusiasmo e curiosidade que torna eléctrico o ar da sala do Bairro Alto. Na verdade, A Guerra de Fachada, travada ultimamente entre fiéis e infiéis, atingiu já proporções tais que ninguém entrou no Frágil sem primeiro passar pelo detector de metais. A vida não está fácil.
Mas B Fachada gere bem uma plateia preenchida por rendidos e alguns cépticos (gente que faz questão de se ouvir nas piadas de bolso). Talvez por isso, novidades como “Velha Europa”, “O Desamor” e “Setembro” tenham merecido rendições galvanizadas. Nota-se que as canções foram apuradas pelo tempo que passou desde a bonita noite no Museu da Música. Dirigindo-se aos descrentes mais ruidosos, B Fachada indica depois que a próxima não tem nada que saber e logo de seguida surgem os dois acordes de “Kit de Prestidigitação”, que reflecte bem as cores reggae da t-shirt da Trojan que o cantautor trazia vestida. Em encore, o panfleto jocoso “Zé” surpreende por parecer cada vez mais violento e intenso. Como vem sendo hábito, B Fachada saiu fortalecido sem deixar de ser natural como os grandes.
Foi pena que uma parte considerável de público tenha saído também no encalço de algumas horas de sono em vez de ficar para ver Kurt Vile e os dois excelentes Violators que trouxe consigo. Com dois álbuns repletos de tradição sujeita a risco, Kurt Vile é o tipo de herdeiro que A Bola destacaria logo na pré-época com a manchete Este não engana. Kurt Vile aproveita a dimensão limitada do palco para concentrar as canções de Childish Prodigy (revisitado quase na íntegra) numa plataforma de verso e refrão, que só depois é demolida por tremendos devaneios psicadélicos (saudavelmente arredados do exagero). Kurt parece a certa altura o Cousin It da Família Addams, tal é a quantidade de cabelo que lhe cobre o rosto. Parece também Bruce Springsteen sem travões, em “Freak Train” (ponto alto da noite), e Neil Young da fase Zuma no tratamento que deu a “Monkey”, um original dos Dim Stars. Esperemos atentos, então, porque este não engana.
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Kurt Vile & The Violators © Mauro Mota |
Mas B Fachada gere bem uma plateia preenchida por rendidos e alguns cépticos (gente que faz questão de se ouvir nas piadas de bolso). Talvez por isso, novidades como “Velha Europa”, “O Desamor” e “Setembro” tenham merecido rendições galvanizadas. Nota-se que as canções foram apuradas pelo tempo que passou desde a bonita noite no Museu da Música. Dirigindo-se aos descrentes mais ruidosos, B Fachada indica depois que a próxima não tem nada que saber e logo de seguida surgem os dois acordes de “Kit de Prestidigitação”, que reflecte bem as cores reggae da t-shirt da Trojan que o cantautor trazia vestida. Em encore, o panfleto jocoso “Zé” surpreende por parecer cada vez mais violento e intenso. Como vem sendo hábito, B Fachada saiu fortalecido sem deixar de ser natural como os grandes.
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Kurt Vile & The Violators © Mauro Mota |
Foi pena que uma parte considerável de público tenha saído também no encalço de algumas horas de sono em vez de ficar para ver Kurt Vile e os dois excelentes Violators que trouxe consigo. Com dois álbuns repletos de tradição sujeita a risco, Kurt Vile é o tipo de herdeiro que A Bola destacaria logo na pré-época com a manchete Este não engana. Kurt Vile aproveita a dimensão limitada do palco para concentrar as canções de Childish Prodigy (revisitado quase na íntegra) numa plataforma de verso e refrão, que só depois é demolida por tremendos devaneios psicadélicos (saudavelmente arredados do exagero). Kurt parece a certa altura o Cousin It da Família Addams, tal é a quantidade de cabelo que lhe cobre o rosto. Parece também Bruce Springsteen sem travões, em “Freak Train” (ponto alto da noite), e Neil Young da fase Zuma no tratamento que deu a “Monkey”, um original dos Dim Stars. Esperemos atentos, então, porque este não engana.
· 12 Dez 2009 · 12:42 ·
Miguel Arséniomigarsenio@yahoo.com
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