UM – Festival Internacional de Intermédia Experimental
Galeria ZDB, Lisboa
13 Nov 2009
O festival UM, Festival Internacional de Intermédia Experimental, reuniu artistas portugueses e estrangeiros de diversos panoramas artísticos em eventos distribuídos por diferentes pontos da cidade de Lisboa, entre exposições, workshops, debates e performances. Um dos locais que acolheu o festival foi a Galeria ZDB, que na noite de 13 de Novembro apresentou um conjunto de propostas musicais sob um conceito original.

Na primeira parte da noite actuaram os Whit, quarteto giradisquista luso que integra Nuno Moita, Miguel Sá, Fernando Fadigas e Pedro Lopes. Não tivemos oportunidade de os ver, já que em simultâneo actuava o trio Yells at Eels de Dennis González no aniversário da loja Trem Azul, mas fomos ainda a tempo de acompanhar a actuação mais esperada, a sequência de concertos “QuWackâ€.

Infinite Livez © Sofia Ferreira

O conceito dos concertos “QuWack†consistia em ter dois palcos - um de cada lado do aquário, com o público no meio da sala. Numa parede é projectado um cronómetro, que marca o tempo que deve ser rigorosamente cumprido: quinze minutos para cada actuação solo, cinco minutos em colaboração com o músico seguinte. Não houve ensaios, mas os músicos respeitaram as indicações e as actuações iam-se seguindo sem paragens, com os músicos a cumprir ao segundo.

O primeiro a entrar foi Infinitive Livez, em regime electrónico, com a sua música a dividir a atenção do público com a sua grande (e irónica) cabeleira postiça. Entrou depois Alfredo Carajillo (Pedro Sousa, membro dos OTO), no saxofone alto. Primeiro em diálogo com o ritmo electrónico de Livez, depois num solo inteligente a tirar partido das potencialidades do saxofone, utilizando ainda diversos objectos como fonte musical.

O inglês Team Brick serviu-se de várias ferramentas - electrónica, guitarra, voz (num canto quase operático), piano – para uma actuação quase esquizofrénica, perdida na multiplicidade de recursos. Seguiu-se o português Tiago Morna, que mostrou ser um bom executante da guitarra portuguesa, baseando grande parte da actuação no repertório de Carlos Paredes, mas exibiu principalmente uma rara capacidade de colocar o instrumento em diálogo com os outros músicos.

Alfredo Carajillo © Sofia Ferreira

O inglês Bass Clef (electrónica, trombone) foi criando um ambiente electrónico negro, uma atmosfera rítmica pesada, com as intervenções do trombone a marcar o equilíbrio. Naquela que seria talvez a actuação mais aguardada, o músico cumpriu as expectativas que justificadamente lhe haviam sido depositadas. O português Gabriel Ferrandini arrancou de seguida para o seu solo de bateria. Depois de acompanhar respeitosamente a electrónica de Bass Clef, o “Paal Nilssen-Love português†partiu para uma orgia rítmica, naquele que foi sem dúvida o melhor momento da noite, numa improvisação de intensidade brutal.

Katapulto marcou o regresso a uma electrónica mais pura, seguindo-se o japonês DJ Sniff, que mostrou a sua técnica no “scratchâ€, num live act de grande categoria. Entre Katapulto e Sniff assitimos ao momento de colaboração mais vibrante, numa verdadeira batalha sonora em tempo real. O concerto encerrou com o regresso de Infinitive Livez.

Mais do que a exibição da capacidade individual de cada um dos músicos, o conceito QuWack promoveu a capacidade de diálogo e improvisação, de confronto e comunicação, entre músicos de formações e backgrounds muito distintos. A programação musical do UM completou-se com as performances de Rafael Toral e Staalplaat SoundSystem (dia 12, no espaço ECV Fiat Garage) e com as actuações de Mr. Gasparov, Bass Clef e Andre Wakko (dia 14 no MusicBox).
· 16 Nov 2009 · 11:31 ·
Nuno Catarino
nunocatarino@gmail.com

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