The Bad Plus
Museu do Oriente, Lisboa
10 Out 2009
Em dia de jogo decisivo para a selecção nacional, o Museu do Oriente acolheu um dos grandes grupos do jazz moderno. Os The Bad Plus regressaram a Lisboa, alguns meses depois de 2/3 da banda terem actuado no Jazz Em Agosto, integrados no quarteto Buffalo Collision. Dessa vez Ethan Iverson e Dave King, piano e bateria, revelaram uma química especial, criando em conjunto alguns dos melhores momentos dessa actuação improvisada. Agora tiveram a companhia de Reid Anderson, o contrabaixista, e os três músicos dedicaram-se aos seus próprios temas, ao seu jazz enérgico.

Quando a banda entrou em palco as notícias futebolísticas eram boas: a Suécia tinha miraculosamente perdido o seu jogo, o nosso jogo já estava em 1-0 (remate de Simão após ataque de Ronaldo). Estava prometida uma noite de notícias boas e assim aconteceu. O telemóvel silencioso recebeu as sms com os golos de Muniz e Sabrosa e a tensão acalmou. Enquanto isso o trio ia desfilando a sua música tão especial: jazz vibrante, assente numa secção rítmica dinâmica e num piano concentrado na vertente rítmica, com os temas espremidos à sua essência, tudo trabalhado por um trio unido num apurado sentido colectivo.

Ao contrário do que se podia prever o alinhamento não integrou covers de temas pop/rock bem conhecidos. Neste concerto no Museu do Oriente o trio optou por tocar quase exclusivamente originais (composições de Iverson e de Anderson) – as excepções foram as versões muito particulares de “Apollo” de Igor Stravinsky e “Song X” de Ornette Coleman. Ainda que os temas não fossem populares, o público deixou-se conquistar, pela forma como as músicas iam sendo trabalhadas, puxando a emoção das melodias, entregando-lhes uma energia intensa.

Para o encore ficaram algumas dessas aguardadas versões. A primeira foi “Flim”, de Aphex Twin, tema onde o trio tem uma abordagem mais minimal, marcada pela elegância. Houve ainda a revisitação ao clássico “Have you met Miss Jones?”, standard do Great American Songbook, com o trio a mostrar estar à vontade em terrenos de jazz tradicional e previsível. E o espectáculo fechou com a interpretação de “Smells Like Teen Spirit”, dos Nirvana, sem o barulho original mas com o mesmo sentido de rebeldia. Os The Bad Plus sabem que o jazz não é um objecto mumificado e arriscam formas inesperadas. E, tal como a selecção nacional, acabou tudo bem.
· 12 Out 2009 · 13:01 ·
Nuno Catarino
nunocatarino@gmail.com

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