IndieLisboa 2009
Maxime, Lisboa
23 Abr 05
O IndieLisboa é um festival de cinema cada vez mais enraizado no mapa cultural português. E para além da promoção do seu “core business” (o cinema independente), desde sempre demonstrou um especial afecto pela música - através da secção “IndieMusic” foram exibidos em Portugal alguns dos melhores documentários sobre músicos e bandas nos últimos anos. Nesta edição Indie 09 o primeiro grande momento musical surge no final do filme Tyson: nesse documentário onde monstro do boxe diz que tem medo, Nas canta “Legendary”, numa homenagem à força dos uppercuts de Mike Tyson. E pouco depois teria lugar um dos concertos mais marcantes da programação do festival.
Na noite de 24 de Abril, na passagem para o dia 25 da Liberdade, os Irmãos Catita apropriaram-se das sessões “Indie By Night” com um repertório escolhido especificamente para a ocasião. Além de naturalmente passar por vários dos seus temas já clássicos, foram interpretados temas históricos da revolução e outros menos clássicos, mas também de teor interventivo, como “Ser Fascista” do multifacetado Artur Gonçalves – notável percursor da música satírica dos Catita e dos Ena Pá 2000. Além destas versões, o espectáculo não dispensou a porno-badalhoquice irónica habitual, que incluiu a “Les Champs Elysées” transformada em “Só penso em foder”, um ritual kitsch-javardo que tem no polivalente Manuel João Vieira um pregador activista. Na noite de sábado, 25 Abril, actuaram no cabaret Mário Mata, Gimba e Os Boémia.
A música regressou na segunda-feira seguinte, com a actuação de Gabriel Abrantes. Performer multi-disciplinar, Abrantes ganhou recentemente o prestigiado Prémio EDP Novos Artistas e viu uma curta metragem por si realizada (Visionary Iraq) ser distinguida nesta edição do IndieLisboa. No Maxime apresentou-se como cantor e pianista, apoiado por um baterista. Abrantes senta-se ao piano e martela as teclas, esboça uma melodia simples sobre um ritmo básico e repete, repete. E de repente começa a cantar, perdão, gritar. As palavras não fazem muito sentido (alguns versos: “girls are psycho”, “don’t trust your girlfriend”), mas isso é o menos importante. A música é atabalhoada, demencial. Poderia fazer lembrar um Daniel Johnston sem gota de inspiração ou, numa mais comparação mais aproximada, um Jandek de esquina, banal e previsível. Mas sem a loucura natural dos músicos em causa, sem essa autenticidade, esta música não faz qualquer sentido. Numa entrevista à RTP2 o performer afirmou que nos seus filmes “a qualidade não é o mais importante, é a energia”. Na sua música a energia existe, mas isso não chega para compensar a pobreza absoluta que a caracteriza.
Na terça-feira foi a vez de actuar o grupo Bega Blues Band. A banda veio da Roménia e apesar do nome não se limitou ao blues, foi ao rock, atirou-se a várias covers e fez a festa à maneira antiga. O grupo base é constituído por Béla Kamocsa (guitarra eléctrica e voz), Johnny Bota (guitarra baixo acústica) e Licã Dolga (bateria), contando neste concerto com a participação do convidado especial Lucian Nagy (saxofone soprano e tenor). Os músicos são muito experientes e é impossível não reparar na qualidade técnica do saxofonista, que desenhou bons improvisos sobre os temas. Houve espaço para o blues rock, mas o público gostou de ouvir pela enésima vez interpretações de clássicos como “Hey Joe” de Jimmi Hendrix ou “Satisfaction” dos eternos Stones.
A noite seguinte foi ocupada com o projecto Free Cinematic Sessions by Sig. Sig é Sigfried, realizador, autor de Kinogamma, uma curiosa amálgama visual em dois capítulos. Em palco o realizador-fotógrafo-músico apresentou-se nos teclados e no violoncelo. Teve ainda a companhia de Marcus “Kus” Ruchman num fantástico “beatbox” e de Christophe “Stalk” Turchi num saxofone soprano competente. A música desenvolvida pelo trio evoca directamente a corrente jazzística-atmosférica de uns Cinematic Orchestra sob o efeito de morfina. Com pouca dinâmica, somos remetidos para um estilo que viveu uma época áurea na transição de milénio, mas que hoje em dia soa desactualizado, datado. Ainda assim, o líder do projecto Sig conseguiu desenhar alguns pormenores interessantes no piano.
Seria à partida o concerto mais aguardado do programa “Indie By Night” e o público confirmou a ideia, enchendo o grande cabaret. Nessa noite de quinta-feira B Fachada apresentou o aguardado novo disco, Um Fim-de-Semana no Pónei Dourado e naturalmente o espectáculo centrou-se nos temas desse ábum. Desde logo, canções como “O Ciúme e a Vergonha”, “Beijinhos” ou “Conceição” ficam no ouvido para não mais sair. E “Zé” ou “Zappa Português” são pop de alto potencial (no concerto o artista recusou-se a tocar a do Zappa, uma vez que Samuel Úria não se encontrava presente para o acompanhar). A ironia das palavras continua lá e o tema mais frequente continuam a ser os amores e desamores (especialmente os segundos). O concerto não esqueceu temas antigos como “Mimi” e “A Primavera” (estes ainda da fase Merzbau, incluídos no óptimo Mini CD – Produzido por Walter Benjamin) e “Tradição” (do anterior Viola Braguesa, já fase Flor Caveira). Dispensavam-se os tiques de “princesa”, saúda-se a confirmação de um dos mais vibrantes cantautores nacionais contemporâneos.
A folk voltou na noite de sexta-feira, com Mariana Ricardo. A representante de uma nova vaga folk feminina com sede nacional (ao lado de Rita Braga, Minta e Márcia Santos) tem como principal qualidade as melodias encantatórias das suas composições. A ex-Pinhead Society e actual München, cantou e tocou o ukelele e teve o apoio do baixo eléctrico de Bruno Duarte e de Marco Franco na percussão (que se serviu de um kit muito minimal). Guardou o melhor para o fim, destacando-se a faixa “Sunday is a common day” - que inclui o irresistível verso “I’m not the kind of feeling sorry for myself, I stay home and I listen to the Belle & Sebastian”. O concerto teve direito a encore, uma inesperada versão do tema popular “24 rosas” – sim, esse mesmo, do pai de Ana Malhoa.
Na noite de sábado teve lugar a cerimónia de encerramento, no Cinema São Jorge, onde foram anunciados os vencedores do festival, tendo-se seguido a exibição da longa metragem vencedora do prémio Cidade de Lisboa – a fita americana Ballast, de Lance Hammer. Enquanto isto decorria, os Ena Pá 2000 fechavam as sessões “Indie By Night” no Maxime. Mas a música do Indie também esteve presente nas salas de cinema e foram vários os documentários que apontaram o foco para a música, através da secção “Indie Music”.
O documentário Young@Heart seguiu um coro de pessoas idosas que aborda um repertório pouco convencional – quem esperaria ouvir senhores com mais de setenta anos a cantar “Schizophenia” dos Sonic Youth? O ponto alto do filme mais emocionante do festival acontece quando o grupo interpreta “Fix You”, original dos Coldplay (perdoem-nos a fraqueza, mas nesta interpretação a música fica muito bonita).
Um dos melhores da secção foi O Homem que Engarrafava Nuvens, sobre Humberto Teixeira, compositor fundador do “baião” (um estilo nordestino) e da sua frutuosa parceria com Luíz Gonzaga. Este filme conta com depoimentos de Chico Buarque, Otto, Belchior, Caetano e Zeca Pagodinho, entre outros, para além de fazer um retrato pessoal, através da filha sua Denise. O tema recorrente acaba por ser “Asa Branca”, um hino maior composto por Teixeira (até Maria João e Mário Laginha já pegaram no tema) e vale a pena assistir às reinterpretações de Miho Hatori e David Byrne.
Soul Power é um documentário sobre um festival musical que levou estrelas afro-americanas a África, juntando num mega-festival James Brown, Bill Withers e B.B. King (entre outros) e músicos locais. O filme vale sobretudo pela presença de Muhammad Ali, que poucos dias depois do festival iria defrontar George Foreman (naquela que seria uma das suas vitórias mais inesquecíveis). Apesar das premissas, e de alguns instantes captados ao vivo, acabou por ser um dos filmes menos interessantes da secção. Já Kikoe é uma análise alargada sobre o enorme Otomo Yoshihide, que vai alternando entre registos ao vivo, de actuações da sua New Jazz Orchestra (ONJO) até duos e solos, e entrevistas com músicos de áreas distintas, como Jim O’Rourke e Mats Gustaffson.
O documentário Süden vai de encontro ao maestro e compositor argentino Mauricio Kagel, num regresso ao seu país depois de décadas de ausência. Johnny Cash at Folsom Prison, conforme indica o título auto-explicativo, foca-se na mítica actuação na prisão de Folsom, no respectivo álbum ao vivo e histórias paralelas associadas. Low, you may need a murderer é uma viagem até à banda de “Dinossaur Act” e está centrado no líder Alan Sparhawk e nas suas declarações – acabou por ser o filme mais aborrecido do festival. O filme sobre os Low teve como complemento a curta Adelia, I want to love, um curioso (e mais interessante) retrato sobre os Mogwai. Portugal esteve também representado na secção, através de Aldina Duarte: Princesa Prometida, filme apresentado num timing perfeito, poucos dias após o seu concerto na Culturgest.
Para além destes, a música esteve naturalmente presente um pouco por todo o festival. Os filmes do herói independente Werner Herzog tiveram a música dos Popol Vuh quase omnipresente e Fitzcarraldo aborda o fascínio pela ópera. Com o atípico Tony Manero faz-se a recuperação do disco sound, via Saturday Night Fever. O adolescente Leroy descobre o funk através de Shaft e Isaac Hayes. E o filme Crítico do brasileiro Kleber Mendonça Filho faz uma reflexão sobre a crítica de cinema, mas que facilmente se poderia adaptar à música. Houve momentos de âmbito exclusivamente cinematográficos, como o “comeback” do grande Van Damme com JCVD ou a ante-estreia do mais recente Oliveira, Singularidades de uma Rapariga Loura, com a presença do realizador (o maior aplauso do festival). Cada vez mais seguro e diversificado, conforme se comprovou nesta edição, o Indie pode orgulhar-se de ser, cada vez mais, “mais do que um festival”.
Na noite de 24 de Abril, na passagem para o dia 25 da Liberdade, os Irmãos Catita apropriaram-se das sessões “Indie By Night” com um repertório escolhido especificamente para a ocasião. Além de naturalmente passar por vários dos seus temas já clássicos, foram interpretados temas históricos da revolução e outros menos clássicos, mas também de teor interventivo, como “Ser Fascista” do multifacetado Artur Gonçalves – notável percursor da música satírica dos Catita e dos Ena Pá 2000. Além destas versões, o espectáculo não dispensou a porno-badalhoquice irónica habitual, que incluiu a “Les Champs Elysées” transformada em “Só penso em foder”, um ritual kitsch-javardo que tem no polivalente Manuel João Vieira um pregador activista. Na noite de sábado, 25 Abril, actuaram no cabaret Mário Mata, Gimba e Os Boémia.
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Gabriel Abrantes © Marcos Ramos |
A música regressou na segunda-feira seguinte, com a actuação de Gabriel Abrantes. Performer multi-disciplinar, Abrantes ganhou recentemente o prestigiado Prémio EDP Novos Artistas e viu uma curta metragem por si realizada (Visionary Iraq) ser distinguida nesta edição do IndieLisboa. No Maxime apresentou-se como cantor e pianista, apoiado por um baterista. Abrantes senta-se ao piano e martela as teclas, esboça uma melodia simples sobre um ritmo básico e repete, repete. E de repente começa a cantar, perdão, gritar. As palavras não fazem muito sentido (alguns versos: “girls are psycho”, “don’t trust your girlfriend”), mas isso é o menos importante. A música é atabalhoada, demencial. Poderia fazer lembrar um Daniel Johnston sem gota de inspiração ou, numa mais comparação mais aproximada, um Jandek de esquina, banal e previsível. Mas sem a loucura natural dos músicos em causa, sem essa autenticidade, esta música não faz qualquer sentido. Numa entrevista à RTP2 o performer afirmou que nos seus filmes “a qualidade não é o mais importante, é a energia”. Na sua música a energia existe, mas isso não chega para compensar a pobreza absoluta que a caracteriza.
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Bega Blues Band © Marcos Ramos |
Na terça-feira foi a vez de actuar o grupo Bega Blues Band. A banda veio da Roménia e apesar do nome não se limitou ao blues, foi ao rock, atirou-se a várias covers e fez a festa à maneira antiga. O grupo base é constituído por Béla Kamocsa (guitarra eléctrica e voz), Johnny Bota (guitarra baixo acústica) e Licã Dolga (bateria), contando neste concerto com a participação do convidado especial Lucian Nagy (saxofone soprano e tenor). Os músicos são muito experientes e é impossível não reparar na qualidade técnica do saxofonista, que desenhou bons improvisos sobre os temas. Houve espaço para o blues rock, mas o público gostou de ouvir pela enésima vez interpretações de clássicos como “Hey Joe” de Jimmi Hendrix ou “Satisfaction” dos eternos Stones.
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Free Cinematic Sessions by Sig © Marcos Ramos |
A noite seguinte foi ocupada com o projecto Free Cinematic Sessions by Sig. Sig é Sigfried, realizador, autor de Kinogamma, uma curiosa amálgama visual em dois capítulos. Em palco o realizador-fotógrafo-músico apresentou-se nos teclados e no violoncelo. Teve ainda a companhia de Marcus “Kus” Ruchman num fantástico “beatbox” e de Christophe “Stalk” Turchi num saxofone soprano competente. A música desenvolvida pelo trio evoca directamente a corrente jazzística-atmosférica de uns Cinematic Orchestra sob o efeito de morfina. Com pouca dinâmica, somos remetidos para um estilo que viveu uma época áurea na transição de milénio, mas que hoje em dia soa desactualizado, datado. Ainda assim, o líder do projecto Sig conseguiu desenhar alguns pormenores interessantes no piano.
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B Fachada © Vera Marmelo |
Seria à partida o concerto mais aguardado do programa “Indie By Night” e o público confirmou a ideia, enchendo o grande cabaret. Nessa noite de quinta-feira B Fachada apresentou o aguardado novo disco, Um Fim-de-Semana no Pónei Dourado e naturalmente o espectáculo centrou-se nos temas desse ábum. Desde logo, canções como “O Ciúme e a Vergonha”, “Beijinhos” ou “Conceição” ficam no ouvido para não mais sair. E “Zé” ou “Zappa Português” são pop de alto potencial (no concerto o artista recusou-se a tocar a do Zappa, uma vez que Samuel Úria não se encontrava presente para o acompanhar). A ironia das palavras continua lá e o tema mais frequente continuam a ser os amores e desamores (especialmente os segundos). O concerto não esqueceu temas antigos como “Mimi” e “A Primavera” (estes ainda da fase Merzbau, incluídos no óptimo Mini CD – Produzido por Walter Benjamin) e “Tradição” (do anterior Viola Braguesa, já fase Flor Caveira). Dispensavam-se os tiques de “princesa”, saúda-se a confirmação de um dos mais vibrantes cantautores nacionais contemporâneos.
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Mariana Ricardo © IndieLisboa |
A folk voltou na noite de sexta-feira, com Mariana Ricardo. A representante de uma nova vaga folk feminina com sede nacional (ao lado de Rita Braga, Minta e Márcia Santos) tem como principal qualidade as melodias encantatórias das suas composições. A ex-Pinhead Society e actual München, cantou e tocou o ukelele e teve o apoio do baixo eléctrico de Bruno Duarte e de Marco Franco na percussão (que se serviu de um kit muito minimal). Guardou o melhor para o fim, destacando-se a faixa “Sunday is a common day” - que inclui o irresistível verso “I’m not the kind of feeling sorry for myself, I stay home and I listen to the Belle & Sebastian”. O concerto teve direito a encore, uma inesperada versão do tema popular “24 rosas” – sim, esse mesmo, do pai de Ana Malhoa.
Na noite de sábado teve lugar a cerimónia de encerramento, no Cinema São Jorge, onde foram anunciados os vencedores do festival, tendo-se seguido a exibição da longa metragem vencedora do prémio Cidade de Lisboa – a fita americana Ballast, de Lance Hammer. Enquanto isto decorria, os Ena Pá 2000 fechavam as sessões “Indie By Night” no Maxime. Mas a música do Indie também esteve presente nas salas de cinema e foram vários os documentários que apontaram o foco para a música, através da secção “Indie Music”.
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Ena Pá 2000 © IndieLisboa |
O documentário Young@Heart seguiu um coro de pessoas idosas que aborda um repertório pouco convencional – quem esperaria ouvir senhores com mais de setenta anos a cantar “Schizophenia” dos Sonic Youth? O ponto alto do filme mais emocionante do festival acontece quando o grupo interpreta “Fix You”, original dos Coldplay (perdoem-nos a fraqueza, mas nesta interpretação a música fica muito bonita).
Um dos melhores da secção foi O Homem que Engarrafava Nuvens, sobre Humberto Teixeira, compositor fundador do “baião” (um estilo nordestino) e da sua frutuosa parceria com Luíz Gonzaga. Este filme conta com depoimentos de Chico Buarque, Otto, Belchior, Caetano e Zeca Pagodinho, entre outros, para além de fazer um retrato pessoal, através da filha sua Denise. O tema recorrente acaba por ser “Asa Branca”, um hino maior composto por Teixeira (até Maria João e Mário Laginha já pegaram no tema) e vale a pena assistir às reinterpretações de Miho Hatori e David Byrne.
Soul Power é um documentário sobre um festival musical que levou estrelas afro-americanas a África, juntando num mega-festival James Brown, Bill Withers e B.B. King (entre outros) e músicos locais. O filme vale sobretudo pela presença de Muhammad Ali, que poucos dias depois do festival iria defrontar George Foreman (naquela que seria uma das suas vitórias mais inesquecíveis). Apesar das premissas, e de alguns instantes captados ao vivo, acabou por ser um dos filmes menos interessantes da secção. Já Kikoe é uma análise alargada sobre o enorme Otomo Yoshihide, que vai alternando entre registos ao vivo, de actuações da sua New Jazz Orchestra (ONJO) até duos e solos, e entrevistas com músicos de áreas distintas, como Jim O’Rourke e Mats Gustaffson.
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O documentário Süden vai de encontro ao maestro e compositor argentino Mauricio Kagel, num regresso ao seu país depois de décadas de ausência. Johnny Cash at Folsom Prison, conforme indica o título auto-explicativo, foca-se na mítica actuação na prisão de Folsom, no respectivo álbum ao vivo e histórias paralelas associadas. Low, you may need a murderer é uma viagem até à banda de “Dinossaur Act” e está centrado no líder Alan Sparhawk e nas suas declarações – acabou por ser o filme mais aborrecido do festival. O filme sobre os Low teve como complemento a curta Adelia, I want to love, um curioso (e mais interessante) retrato sobre os Mogwai. Portugal esteve também representado na secção, através de Aldina Duarte: Princesa Prometida, filme apresentado num timing perfeito, poucos dias após o seu concerto na Culturgest.
Para além destes, a música esteve naturalmente presente um pouco por todo o festival. Os filmes do herói independente Werner Herzog tiveram a música dos Popol Vuh quase omnipresente e Fitzcarraldo aborda o fascínio pela ópera. Com o atípico Tony Manero faz-se a recuperação do disco sound, via Saturday Night Fever. O adolescente Leroy descobre o funk através de Shaft e Isaac Hayes. E o filme Crítico do brasileiro Kleber Mendonça Filho faz uma reflexão sobre a crítica de cinema, mas que facilmente se poderia adaptar à música. Houve momentos de âmbito exclusivamente cinematográficos, como o “comeback” do grande Van Damme com JCVD ou a ante-estreia do mais recente Oliveira, Singularidades de uma Rapariga Loura, com a presença do realizador (o maior aplauso do festival). Cada vez mais seguro e diversificado, conforme se comprovou nesta edição, o Indie pode orgulhar-se de ser, cada vez mais, “mais do que um festival”.
· 09 Mai 2009 · 18:06 ·
Nuno Catarinonunocatarino@gmail.com
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