Fabulous Diamonds / Tropa Macaca
Galeria Zé dos Bois, Lisboa
12 Mar 2009
Com o ressurgimento da lendária Siltbreeze a impulsionar rasgos de vitalidade pelo entorpecimento um pouco por todo, o mais que oportuno concerto na Galeria Zé dos Bois no passado dia 12 de Março pode ser encarado como um mini showcase da editora de Tom Lax. Óbvio que remeter o extenso catálogo da editora norte americana a este acontecimento não será um apanhado fidedigno desta mesma, mas possibilitou numa mesma noite tomar contacto com o presente um presente feliz (Fabulous Diamonds) e uma promessa para o futuro (Tropa Macaca).
Por promessa entenda-se apenas aquela que passa pelo seu futuro na Siltbreeze, onde serão editados ainda este ano. De resto, a noite foi peremptória em demonstrar que são uma certeza (perdoe-se a expressão) das músicas livres actuais. Serviu também para constatar a crescente sintonia entre André Abel (guitarra) e Joana da Conceição (parafernália electrónica) enquanto artesões sapientes da invulgaridade pela via da libertação. A coisa (que aqui poderá ser um termo mais do que apropriado) até demorou um pouco a pegar fogo, mas assim que os detritos mais improváveis das batidas urbanas entraram em combustão (cheirou a kuduro e grime queimado) o fogo foi lindo de se ver. A metáfora serve o contínuo sonoro do duo de forma bastante fidedigna, quando a recusa ao prazenteirismo se faz por uma via tão destrutiva quanto criadora no seu acto. Devora, e não é por acaso que um dos seus temas de Marfim se chama "Poço da Morte". A vertigem assemelha-se.
Vindos da Austrália carregados de elogios, os Fabulous Diamonds não terão tido nessa mesma noite o melhor dos seus concertos. Duo constituído por Jarrod nos teclados e Nisa na bateria (assegurando ambos as vocalizações), são geralmente associados aos Young Marble Giants, muito embora (como se verificou neste concerto) os impulsos rítmicos assentes na repetição se revelem algo próximos de uns Silver Apples via post-punk à la Brooklyn. Começando o concerto sobre um ritmo incessante de bateria a que se juntou um mantra de sintetizador a apelar ao hipnotismo que se prolongaria ao longo de demasiado tempo, foram desfilando temas do seu álbum de estreia homónimo sem grandes pausas num fluxo contínuo que acabou por a nu as limitações da banda. Estas passam por um modus operandi atraente mas onde a falta de nervo da actuação se foi fazendo sentir. Fiéis àquilo que ouve na rodela do vinil, as canções apresentadas pecaram por alguma ineficácia pela sua pouca desenvoltura. Não que isso seja um defeito em si, mas, à falta de momentos de descarado brilhantismo, estavam demasiado dependentes de uma certa expansividade contagiante que raramente se fez sentir em piloto-automático. Ou que a meia hora lusa anterior não permitiu fruir por comparação.
Por promessa entenda-se apenas aquela que passa pelo seu futuro na Siltbreeze, onde serão editados ainda este ano. De resto, a noite foi peremptória em demonstrar que são uma certeza (perdoe-se a expressão) das músicas livres actuais. Serviu também para constatar a crescente sintonia entre André Abel (guitarra) e Joana da Conceição (parafernália electrónica) enquanto artesões sapientes da invulgaridade pela via da libertação. A coisa (que aqui poderá ser um termo mais do que apropriado) até demorou um pouco a pegar fogo, mas assim que os detritos mais improváveis das batidas urbanas entraram em combustão (cheirou a kuduro e grime queimado) o fogo foi lindo de se ver. A metáfora serve o contínuo sonoro do duo de forma bastante fidedigna, quando a recusa ao prazenteirismo se faz por uma via tão destrutiva quanto criadora no seu acto. Devora, e não é por acaso que um dos seus temas de Marfim se chama "Poço da Morte". A vertigem assemelha-se.
Vindos da Austrália carregados de elogios, os Fabulous Diamonds não terão tido nessa mesma noite o melhor dos seus concertos. Duo constituído por Jarrod nos teclados e Nisa na bateria (assegurando ambos as vocalizações), são geralmente associados aos Young Marble Giants, muito embora (como se verificou neste concerto) os impulsos rítmicos assentes na repetição se revelem algo próximos de uns Silver Apples via post-punk à la Brooklyn. Começando o concerto sobre um ritmo incessante de bateria a que se juntou um mantra de sintetizador a apelar ao hipnotismo que se prolongaria ao longo de demasiado tempo, foram desfilando temas do seu álbum de estreia homónimo sem grandes pausas num fluxo contínuo que acabou por a nu as limitações da banda. Estas passam por um modus operandi atraente mas onde a falta de nervo da actuação se foi fazendo sentir. Fiéis àquilo que ouve na rodela do vinil, as canções apresentadas pecaram por alguma ineficácia pela sua pouca desenvoltura. Não que isso seja um defeito em si, mas, à falta de momentos de descarado brilhantismo, estavam demasiado dependentes de uma certa expansividade contagiante que raramente se fez sentir em piloto-automático. Ou que a meia hora lusa anterior não permitiu fruir por comparação.
· 17 Mar 2009 · 09:43 ·
Bruno Silvacelasdeathsquad@gmail.com
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