14º Aniversário ZDB
Galeria Zé dos Bois, Lisboa
11 Out 2008
Catorze anos não é coisa pouca e a ZDB organizou uma festa à altura da efeméride. Juntando três propostas muito diversas entre si, a noite de celebração teve como característica marcante o desalinho – aspecto que tem pautado, e felizmente de modo constante, as intervenções artísticas da Galeria do Bairro Alto ao longo de todos estes anos.

A festa começou com a experimentação de baixa latitude dos Osso Exótico, em formato trio com David Maranha (violino com som processado por efeitos), Patrícia Machás (experimentação sobre as cordas do piano) e Manuel Mota (guitarra eléctrica semi-abafada pelo pedal de efeitos). Longe das atmosferas pesadas dos Curia (onde Maranha e Mota desenvolvem dinâmicas de alta intensidade), a música produzida pelo trio resultou numa nebulosa sobreposição de sons mascarada de falsa calmaria.

Mudando completamente de ambiências, coube à songwriter Josephine Foster continuar a noite de músicas. Redireccionando as antenas para a sua folk original preenchida de reminiscências medievais, a americana trouxe as suas cativantes melodias de aparência frágil, cheias de subtileza e elegância, acompanhadas por uma guitarra que muitas vezes chegava para preencher todo o espaço.

Josephine Foster © Sofia Ferreira

Para o final ficou guardado o melhor da noite, um trio que juntou duas lendas vivas da história do free jazz: os históricos Sonny Simmons (saxofones) e Bobby Few (piano) – pioneiros notáveis, contemporâneos de Albert Ayler e companhia - juntaram-se ao contrabaixista japonês Masa Kamaguchi. Ouvir as vibrantes oscilações do saxofone alto de Simmons já teria valido o bilhete, juntando-lhe o piano enérgico de Few e o contrabaixo (que fez um óptimo acompanhamento) resultou uma música onde a força da improvisação transpirava a humanidade por todos os poros.

Sonny Simmons © Sofia Ferreira
· 16 Out 2008 · 14:39 ·
Nuno Catarino
nunocatarino@gmail.com
RELACIONADO / Josephine Foster