Clubbing Abril
Casa da Música, Porto
16 Abr 2008
Ah, o rock'n'roll, essa enorme cobra que se enrola e morde a sua própria cauda. O truque está em fazê-lo com graça, pinta e embrulho fashion. Os The Kills fazem-no, mas acrescentam algo que falta a muitas bandas: boas canções por trás da pose.
Muitos repararam nisso, aquando da edição dos três discos do duo (o último, "Midnight Boom", editado este ano, é um interessante update da matéria dada). Sábado, no Clubbing, com um álbum novo muito bem acolhido, confirmaram as suspeitas que os davam como um dos mais valorosos sobreviventes da vaga rock do início do século.
Nos Kills, o estilo e o apelo sexual não são mero adereço. As canções vivem da aparente tensão sexual entre VV (nome civil: Alison Mosshart) e Hotel (Jamie Hince) - pura encenação, já que Hotel tem casamento marcado com Kate Moss. Em palco, isso é ainda mais visível: eles colam-se ao mesmo microfone, cantam com as bocas quase coladas; Hotel move-se com uma espécie de moonwalking, nas suas botas excêntricas, VV canta algures entre o sussurro e o grito.
"Midnight Boom" foi, naturalmente, o prato forte do concerto. Ao vivo, as canções, que no disco têm uma limpidez inédita nos Kills, tornam-se mais sujas e abafadas. Acentua-se a carga maquinal dos blues esquelético do grupo. Mais do que a voz de VV, que se perdeu no conjunto, sobressaíram os inventivos riffs de Hotel, guitarrista capaz de adicionar perversão extra a linhas de guitarra na tradição dos blues.
Na primeira parte estiveram os The Whip, de Manchester, autores de canções algures entre o electro e o neo-pós-punk, movidas a baixo pulsante e uma batida insistente e unidireccional (faltam-lhe algumas dinâmicas e menos monocromia). Num concerto morno, o destaque vai para "Trash" e "Fire", temas incendiários destinados às pistas de dança.
Muitos repararam nisso, aquando da edição dos três discos do duo (o último, "Midnight Boom", editado este ano, é um interessante update da matéria dada). Sábado, no Clubbing, com um álbum novo muito bem acolhido, confirmaram as suspeitas que os davam como um dos mais valorosos sobreviventes da vaga rock do início do século.
The Kills © Ana Sofia Marques |
The Kills © Ana Sofia Marques |
Nos Kills, o estilo e o apelo sexual não são mero adereço. As canções vivem da aparente tensão sexual entre VV (nome civil: Alison Mosshart) e Hotel (Jamie Hince) - pura encenação, já que Hotel tem casamento marcado com Kate Moss. Em palco, isso é ainda mais visível: eles colam-se ao mesmo microfone, cantam com as bocas quase coladas; Hotel move-se com uma espécie de moonwalking, nas suas botas excêntricas, VV canta algures entre o sussurro e o grito.
"Midnight Boom" foi, naturalmente, o prato forte do concerto. Ao vivo, as canções, que no disco têm uma limpidez inédita nos Kills, tornam-se mais sujas e abafadas. Acentua-se a carga maquinal dos blues esquelético do grupo. Mais do que a voz de VV, que se perdeu no conjunto, sobressaíram os inventivos riffs de Hotel, guitarrista capaz de adicionar perversão extra a linhas de guitarra na tradição dos blues.
The Whip © Ana Sofia Marques |
Na primeira parte estiveram os The Whip, de Manchester, autores de canções algures entre o electro e o neo-pós-punk, movidas a baixo pulsante e uma batida insistente e unidireccional (faltam-lhe algumas dinâmicas e menos monocromia). Num concerto morno, o destaque vai para "Trash" e "Fire", temas incendiários destinados às pistas de dança.
· 16 Abr 2008 · 08:00 ·
Pedro Riospedrosantosrios@gmail.com
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