The Sea and Cake
Galeria Zé dos Bois, Lisboa
27 Out 2007
A Zé dos Bois de hoje não é a mesma Zé dos Bois de há dois ou três, muito menos de há um ano. Podem argumentar que a programação teve um decréscimo de qualidade, mas a promoção nunca deve ter sido tão grande. Os Sea and Cake esgotaram a sala, graças a um destaque dado ao concerto pelos meios de comunicação mais improváveis, como o Curto Circuito da SIC Radical, que passou vídeos da banda (não são bem vídeos, os Sea and Cake não acreditam em fazer vídeos e lançar singles, mas sim filmagens medíocres de concertos). Assim, tem-se gente que não faz parte do público habitual da sala (que é, por si só, um grupo bastante ecléctico, dos friques que vão ver world music e bandas de sopros aos friques que vão ver roque experimental e aos friques que vão ver electrónica), mas, como houve uma remodelação da sala, há muito menos calor (mesmo que continue a haver imenso) quando esta está cheia.
Os Sea and Cake são lendas de Chicago, existem há uma porrada de tempo e já tinham vindo duas vezes a Portugal. 2001 e 2002, antes dos Tortoise no Paradise Garage, na segunda vez dentro das comemorações dos 10 anos da Thrill Jockey, com muito mais bandas. Com os Tortoise partilham a designação pós-rock e um baterista, John McEntire, para além de um bocadinho, aqui e ali, de influências kraut-rock. Mas a maior parte das canções dos Sea and Cake anda por um sítio só: na conjugação e no entrecruzar das guitarras de Sam Prekop e Archer Prewitt, da articulação destas com a bateria de McEntire e o baixo de Eric Claridge e, especialmente, pela voz de Prekop. A voz de Prekop é das melhores armas que têm, suave, suspirada, baixinha, e foi o que falhou. Sem ela, nem tudo é bom e, tal como nas piores canções da banda, torna-se tudo um pouco aborrecido. Estava abafada, mais baixinha do que o normal, com todos os instrumentos a sobreporem-se a ela. O que torna tudo morno.
Everybody é o último disco, e o sítio onde se nota mais diferenças é nas guitarras. Estão mais perto de alguma pop dos anos 80, mesmo que tudo se mantenha mais ou menos igual (o disco é, basicamente, mais do mesmo). Tudo resulta melhor, ao vivo e em disco, quando as guitarras estão limpinhas, melódicas, sem distorção, como em “Jacking The Ball” (do primeiro disco) e em “Exact to Me” (uma das melhores canções do novo, com uma linha de guitarra muito devedora da pop africana, que felizmente volta a estar na moda no ano em que se celebra o vigésimo aniversário de Graceland de Paul Simon), quando se ouve a voz de Prekop e quando a bateria enérgica de McEntire caminha por lugares menos rock (jazz, bossanova, África, etc., são tudo ingredientes que fazem dos Sea and Cake o que eles são). O que não quer dizer que a banda não saiba ser excitante quando entra em devaneios instrumentais típicos do pós-rock, com guitarras repetitivas e minimais e muita, muita força, muito mais bem, em termos de intensidade e interesse, do que a banda de abertura, os espanhóis Litius, que seguem as regras do pós-rock mais rock à risca. Reduzidos a duas guitarras, duas vozes, baixo e bateria, faltaram as máquinas que fizeram de One Bedroom, de 2003, um dos melhores discos da banda e os teclados que aparecem um pouco por toda a discografia da banda. Não deixa, claro, de ser um prazer vê-los, na maior parte do tempo, fora dos defeitos do som e com muita, muita gente a acompanhar.
Os Sea and Cake são lendas de Chicago, existem há uma porrada de tempo e já tinham vindo duas vezes a Portugal. 2001 e 2002, antes dos Tortoise no Paradise Garage, na segunda vez dentro das comemorações dos 10 anos da Thrill Jockey, com muito mais bandas. Com os Tortoise partilham a designação pós-rock e um baterista, John McEntire, para além de um bocadinho, aqui e ali, de influências kraut-rock. Mas a maior parte das canções dos Sea and Cake anda por um sítio só: na conjugação e no entrecruzar das guitarras de Sam Prekop e Archer Prewitt, da articulação destas com a bateria de McEntire e o baixo de Eric Claridge e, especialmente, pela voz de Prekop. A voz de Prekop é das melhores armas que têm, suave, suspirada, baixinha, e foi o que falhou. Sem ela, nem tudo é bom e, tal como nas piores canções da banda, torna-se tudo um pouco aborrecido. Estava abafada, mais baixinha do que o normal, com todos os instrumentos a sobreporem-se a ela. O que torna tudo morno.
Everybody é o último disco, e o sítio onde se nota mais diferenças é nas guitarras. Estão mais perto de alguma pop dos anos 80, mesmo que tudo se mantenha mais ou menos igual (o disco é, basicamente, mais do mesmo). Tudo resulta melhor, ao vivo e em disco, quando as guitarras estão limpinhas, melódicas, sem distorção, como em “Jacking The Ball” (do primeiro disco) e em “Exact to Me” (uma das melhores canções do novo, com uma linha de guitarra muito devedora da pop africana, que felizmente volta a estar na moda no ano em que se celebra o vigésimo aniversário de Graceland de Paul Simon), quando se ouve a voz de Prekop e quando a bateria enérgica de McEntire caminha por lugares menos rock (jazz, bossanova, África, etc., são tudo ingredientes que fazem dos Sea and Cake o que eles são). O que não quer dizer que a banda não saiba ser excitante quando entra em devaneios instrumentais típicos do pós-rock, com guitarras repetitivas e minimais e muita, muita força, muito mais bem, em termos de intensidade e interesse, do que a banda de abertura, os espanhóis Litius, que seguem as regras do pós-rock mais rock à risca. Reduzidos a duas guitarras, duas vozes, baixo e bateria, faltaram as máquinas que fizeram de One Bedroom, de 2003, um dos melhores discos da banda e os teclados que aparecem um pouco por toda a discografia da banda. Não deixa, claro, de ser um prazer vê-los, na maior parte do tempo, fora dos defeitos do som e com muita, muita gente a acompanhar.
· 27 Out 2007 · 08:00 ·
Rodrigo Nogueirarodrigo.nogueira@bodyspace.net
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