Caetano Veloso
Coliseu do Porto, Porto
15 Out 2007
Cê é o disco que marca a fase rock actual de Caetano Veloso. É lá que está a base para aquilo que o brasileiro (que se diz sueco) se encontra a fazer neste momento. Editado em 2006, Cê - um diminutivo de “você” - um disco em que Caetano Veloso deixou para trás o violão na procura de sonoridades distintas, um álbum com uma sonoridade bastante live. Na primeira de duas noites no Coliseu do Porto Caetano Veloso tinha a provar a consistência desta nova sonoridade e ainda vencer a oposição forte daqueles que queriam a toda a força vê-lo repetir-se no violão. Para levar a bom porto as canções de Cê Caetano Veloso contou com uma banda formada por Pedro Sá na guitarra, Ricardo Dias Gomes no baixo e nos teclados e Marcelo Callado na bateria; tudo gente jovem no apoio ao veterano Caetano Veloso.
Na entrada em palco Caetano Veloso não faz por menos e põe o rock em cima da mesa. “Você nem vai me reconhecer quando eu passar por você”, dita em “Outro”, guiada por um riff directo e auto-suficiente, é a melhor forma de descrever a presença de Caetano Veloso naquela situação específica – muitos não reconheceram o brasileiro nem a sua música. O ruído inicial pode ter assustado alguns mas fez furor entre outros tantos – os eternos fãs de Caetano. Desde cedo pareceu ficar clara a ideia que a plateia se iria de certa forma dividir (malditas expectativas) mas que no geral a devoção seria uma constante. Saída directamente de Cê, mas caminhando por terrenos menos rock e mais minimalistas, “Minhas Lágrimas” foi momento alto pelas suas ambiências melancólicas e pelas palavras de quem não esquece como se escreve uma canção: “Desolação de Los Angeles / A Baixa Califórnia e uns desertos ilhados por um pacífico turvo / A asa do avião / O tapete cor de poeira de dentro do avião / A lembrança do branco de uma página / Nada serve de chão / Onde caiam minhas lágrimas”.
Mas era “Odeio” que todos esperavam aparentemente. O single de avanço de Cê é um hino aos tempos modernos de Caetano Veloso. Resultado: foi cantada e recebida com entusiasmo pelo público. Pouco depois Caetano confessou que lhe dá especial gozo ouvir uma plateia cantar em uníssono um refrão onde se diz, a certa altura: “Odeio você / Odeio você, odeio você / odeio”. Confessou também que um amigo lhe disse que odiar é um sinónimo de amor profundo. Mas em termos de letras a significados o “melhor” estava guardado para “Por quê”, uma canção em que Caetano Veloso repete vezes sem conta “Estou me a vir” para espanto do público – e gargalhada generalizada. Mas há mais: “Estou me a vir / E tu como é que te tens por dentro? / Por que não te vens também?”.
Quando saiu de Cê Caetano Veloso fez uma visita a Transa e depois Livro. Quando saiu do formato rock actual e pegou no violão apresentou apenas duas canções. Caetano tinha uma explicação para o seu afastamento do violão: um dia, ao visitar um blogue, leu um comentário que dizia que a única coisa pior que ter de ouvir Caetano Veloso a emitir opiniões sobre tudo e mais alguma coisa era ter de o ouvir a tocar violão a toda a hora. Não tem muito tropicalismo o Caetano dos dias de hoje mas tem swing na mesma. Até “Odeio”, que voltou a aparecer no encore depois de “Leãozinho”, possui essa marca inconfundível. Este Caetano Veloso moderno funciona bem - em disco e ao vivo. Foi com rock que Caetano Veloso abriu e fechou a primeira noite numa cidade que o brasileiro afirmou como sendo dona de uma beleza impar.
Na entrada em palco Caetano Veloso não faz por menos e põe o rock em cima da mesa. “Você nem vai me reconhecer quando eu passar por você”, dita em “Outro”, guiada por um riff directo e auto-suficiente, é a melhor forma de descrever a presença de Caetano Veloso naquela situação específica – muitos não reconheceram o brasileiro nem a sua música. O ruído inicial pode ter assustado alguns mas fez furor entre outros tantos – os eternos fãs de Caetano. Desde cedo pareceu ficar clara a ideia que a plateia se iria de certa forma dividir (malditas expectativas) mas que no geral a devoção seria uma constante. Saída directamente de Cê, mas caminhando por terrenos menos rock e mais minimalistas, “Minhas Lágrimas” foi momento alto pelas suas ambiências melancólicas e pelas palavras de quem não esquece como se escreve uma canção: “Desolação de Los Angeles / A Baixa Califórnia e uns desertos ilhados por um pacífico turvo / A asa do avião / O tapete cor de poeira de dentro do avião / A lembrança do branco de uma página / Nada serve de chão / Onde caiam minhas lágrimas”.
Mas era “Odeio” que todos esperavam aparentemente. O single de avanço de Cê é um hino aos tempos modernos de Caetano Veloso. Resultado: foi cantada e recebida com entusiasmo pelo público. Pouco depois Caetano confessou que lhe dá especial gozo ouvir uma plateia cantar em uníssono um refrão onde se diz, a certa altura: “Odeio você / Odeio você, odeio você / odeio”. Confessou também que um amigo lhe disse que odiar é um sinónimo de amor profundo. Mas em termos de letras a significados o “melhor” estava guardado para “Por quê”, uma canção em que Caetano Veloso repete vezes sem conta “Estou me a vir” para espanto do público – e gargalhada generalizada. Mas há mais: “Estou me a vir / E tu como é que te tens por dentro? / Por que não te vens também?”.
Quando saiu de Cê Caetano Veloso fez uma visita a Transa e depois Livro. Quando saiu do formato rock actual e pegou no violão apresentou apenas duas canções. Caetano tinha uma explicação para o seu afastamento do violão: um dia, ao visitar um blogue, leu um comentário que dizia que a única coisa pior que ter de ouvir Caetano Veloso a emitir opiniões sobre tudo e mais alguma coisa era ter de o ouvir a tocar violão a toda a hora. Não tem muito tropicalismo o Caetano dos dias de hoje mas tem swing na mesma. Até “Odeio”, que voltou a aparecer no encore depois de “Leãozinho”, possui essa marca inconfundível. Este Caetano Veloso moderno funciona bem - em disco e ao vivo. Foi com rock que Caetano Veloso abriu e fechou a primeira noite numa cidade que o brasileiro afirmou como sendo dona de uma beleza impar.
· 15 Out 2007 · 08:00 ·
André Gomesandregomes@bodyspace.net
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