Amiina
Casa da Música, Porto
04 Out 2007
Na primeira data da digressão das islandesas Amiina, a sala 2 da Casa da Música foi o sitio ideal para receber as autores de Kurr. Na falta das habituais cadeiras, o público decidiu-se muito cedo pela opção de sentar no chão para melhor contemplar as paisagens das Amiina. O muito público presente na Casa da Música pôde testemunhar desde logo a quantidade de instrumentos (e de coisas que nas mãos do quarteto são instrumentos) que enchiam o palco. São a forma das Amiina contrariarem a imagem de quarteto de cordas dos Sigur Rós e levarem as suas composições para outros locais, mais interessantes.

Foi com efeito a partir de Kurr que se conta a história do concerto na Casa da Música (elas que até têm um EP anterior a este disco de estreia). Foi aí que foram buscar forças para um longo concerto com alguns bons momentos e outros menos bons. É verdade que as Amiina conseguiram alcançar uma certa identidade fora da actividade com os Sigur Rós (e isso nota-se especialmente nos discos); quando ao vivo essa identidade própria se manifesta as Amiina são boas criadoras de paisagens salpicadas de harpas, copos de cristal, metalofones, campainhas (para além das cordas obviamente e até da bateria tocada por um amigo do quarteto); quando se colam mais ao trabalho que fazem nos Sigur Rós fica a ideia que as Amiina estão a reproduzir introduções de canções da banda que assinou Agaetis Byrjun.

Depois há outra coisa. Uma coisa importante. A música das Amiina é essencialmente plana (elogio). Mas a verdade é que quando as islandeses deviam usar e abusar de uma certa capacidade que têm de aumentar o volume e a intensidade, como acontece na entusiasmante “Rugla”, tema que figura em Kurr. Essa é claramente uma aposta que lhes traria bons dividendos – quem sabe o que o futuro trará para as islandesas. Mas apesar de algumas limitações, a inocência e beleza na música das Amiina chegaram para atribuir ao concerto uma nota positiva.
· 04 Out 2007 · 08:00 ·
André Gomes
andregomes@bodyspace.net
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