Dirty Three
Lux, Lisboa
02 Jun 2007
Quis o destino que os Dirty Three e os Low - duas das bandas de referência do rock independente dos 90 - se estreassem em Portugal, na mesma noite e na mesma cidade. A divisão de públicos pendeu, naturalmente, para o lado dos mormons norte-americanos. Assim, quem se deslocou ao Lux, certamente que há muito que aguardava pelas canções do trio australiano Dirty Three. Não se terão arrependido.
Há momentos na vida em que, sem o esperarmos, somos violentamente confrontados com acontecimentos que põem em causa tudo aquilo em que acreditamos - uma relação que subitamente termina, a morte que nos colhe um amigo, ou então, o dolente tédio que sorrateiramente se instala. Podemos reagir no desespero, fugindo rumo ao desconhecido, ou então, utilizar a nossa criatividade para expurgar males. As canções dos Dirty Three assim o exemplificam.
Dispostos em círculo, com os músicos virados para si, é Warren Ellis (um dos Bad Seeds de Nick Cave e agora, também, nos Grinderman) que assume o comando. No centro do palco, de frente para o baterista Jim White e ladeado pelo discreto guitarrista Mick Turner, Ellis maneija o violino como se de uma guitarra se tratasse. Durante a actuação, emula o "windmill" de Pete Townshed - gesto imortalizado pelo lendário guitarrista dos The Who, grita - mesmo nos momentos mais calmos - e pontapeia o ar. Entre as músicas, e num tom trágico-cómico, contextualiza canções. Interage com o público, dedica uma canção à recém falecida Alice Coltrane e saúda a conterrânea Kylie Minogue. White é um baterista seguríssimo, Turner gosta de criar texturas, e juntos sustentam as melodias amplificadas pelo violino, muitas vezes distorcido. As longas peças instrumentais desenvolvem-se frequentemente em crescendos épicos que desembocam em finais avassaladores. Outras vezes, o lirismo toma a forma de vagarosas canções planantes.
A actuação foi longa, provavelmente demasiado longa para alguns. Ainda assim, as quase duas horas de actuação deixaram banda e público prostados, mas com a certeza de terem partilhado uma noite única.
Há momentos na vida em que, sem o esperarmos, somos violentamente confrontados com acontecimentos que põem em causa tudo aquilo em que acreditamos - uma relação que subitamente termina, a morte que nos colhe um amigo, ou então, o dolente tédio que sorrateiramente se instala. Podemos reagir no desespero, fugindo rumo ao desconhecido, ou então, utilizar a nossa criatividade para expurgar males. As canções dos Dirty Three assim o exemplificam.
![]() |
Dirty Three © Sérgio Hydalgo |
Dispostos em círculo, com os músicos virados para si, é Warren Ellis (um dos Bad Seeds de Nick Cave e agora, também, nos Grinderman) que assume o comando. No centro do palco, de frente para o baterista Jim White e ladeado pelo discreto guitarrista Mick Turner, Ellis maneija o violino como se de uma guitarra se tratasse. Durante a actuação, emula o "windmill" de Pete Townshed - gesto imortalizado pelo lendário guitarrista dos The Who, grita - mesmo nos momentos mais calmos - e pontapeia o ar. Entre as músicas, e num tom trágico-cómico, contextualiza canções. Interage com o público, dedica uma canção à recém falecida Alice Coltrane e saúda a conterrânea Kylie Minogue. White é um baterista seguríssimo, Turner gosta de criar texturas, e juntos sustentam as melodias amplificadas pelo violino, muitas vezes distorcido. As longas peças instrumentais desenvolvem-se frequentemente em crescendos épicos que desembocam em finais avassaladores. Outras vezes, o lirismo toma a forma de vagarosas canções planantes.
A actuação foi longa, provavelmente demasiado longa para alguns. Ainda assim, as quase duas horas de actuação deixaram banda e público prostados, mas com a certeza de terem partilhado uma noite única.
· 02 Jun 2007 · 08:00 ·
Sérgio Hydalgosergiohydalgo@gmail.com
RELACIONADO / Dirty Three