Slint
Ancienne Belgique, Bruxelas
23 Mai 2007
Até dá vontade de começar o texto com "Bom dia capitão". E vai daà já começou. Quem conhece a história dos Slint sabe que o facto de se poder assistir a um concerto deles é uma oportunidade muito importante. Histórica não diria, mas andará lá perto. Porque nunca se sabe o que é que lhes poderá passar pela cabeça a seguir. Em 2005, depois de se terem reagrupado pela primeira vez desde a separação pós-Spiderland no princÃpio dos anos noventa, decidiram novamente seguir cada um o seu caminho, mas não se ficaram por aÃ. Leiloaram alguns dos instrumentos que tinham usado na mini-digressão de 2005 na eBay, assinalando que desta vez a separação era mesmo definitiva.
Não o foi e ainda bem. Ao lançarem Tweez (1989) e Spiderland (1991) tocavam pós-rock numa altura em que o conceito estava ainda por definir, ou a definir-se. Dezasseis anos mais tarde, o concerto que deram em Bruxelas na passada noite de 23 de Maio levou ao palco uma banda completamente segura de si. Sem qualquer hesitação. Parte de uma digressão europeia na qual prometeram tocar o álbum Spiderland de uma ponta à outra, a banda não desapontou. Aliás, fez precisamente aquilo que se esperava. Tocaram o álbum que os consagrou sem falhas. Um álbum que é álbum e não um conjunto de canções. Uma sequência perfeitamente natural e fluÃda de música que soa muito mais intensa ao vivo do que em estúdio, como seria de esperar. Contudo, a sensação que se começou a fazer sentir foi a de que iria ser um concerto quase monocórdico em emoção. Ou pelo menos assim se pensava, não fosse a banda capaz de provar que conseguia explodir. Mais do que a óbvia "Good Morning, Captain" (que constou da banda sonora do filme Kids de Larry Clark, o que fez com que fosse canção mais conhecida da banda, ou, para muitos, a única canção que conheciam), foi "Don, Aman" que mostrou ao público o verdadeiro tamanho da banda. Guitarra e baixo sentados frente a frente no começo da música. O suspense do crescendo da guitarra. Os sussurros de Brian McMahan: "The light. Their backs. The conversation. The couples, romancing, so natural. His friends stare, With eyes, like the heads of nails. The others. Glances. With amusement, with evasion, with contempt. So distant, with malice, for being a sty in their engagement, like swimming underwater in the darkness, like walking through an empty house, speaking to an imaginary audience, being watched from outside, by no-one (A song without a key) He could not dance to anything". Finalmente a guitarra cresce e oblitera o resto. E tudo regressa ao normal de seguida.
O concerto continua até esse outro pico que é a "Good Morning, Captain". As últimas letras vindas do palco nessa noite foram gritadas: "I'm trying to find my way home. I'm sorry...and I miss you. I miss you. I've grown taller now. I want the police to be notified. I'll make it up to you, I swear, I'll make it up to you. I miss you". Sempre quis ouvir esta letra ao vivo.
Seguiram-se três canções mais antigas, sem voz, para provarem que "sabiam tocar outras coisas", nas palavras de McMahan. Casa cheia no Ancienne Belgique para assistir a um muito esperado concerto por uma banda que conseguiu igualar em beleza um álbum extraordinário que merece ser visto ao vivo.
Não o foi e ainda bem. Ao lançarem Tweez (1989) e Spiderland (1991) tocavam pós-rock numa altura em que o conceito estava ainda por definir, ou a definir-se. Dezasseis anos mais tarde, o concerto que deram em Bruxelas na passada noite de 23 de Maio levou ao palco uma banda completamente segura de si. Sem qualquer hesitação. Parte de uma digressão europeia na qual prometeram tocar o álbum Spiderland de uma ponta à outra, a banda não desapontou. Aliás, fez precisamente aquilo que se esperava. Tocaram o álbum que os consagrou sem falhas. Um álbum que é álbum e não um conjunto de canções. Uma sequência perfeitamente natural e fluÃda de música que soa muito mais intensa ao vivo do que em estúdio, como seria de esperar. Contudo, a sensação que se começou a fazer sentir foi a de que iria ser um concerto quase monocórdico em emoção. Ou pelo menos assim se pensava, não fosse a banda capaz de provar que conseguia explodir. Mais do que a óbvia "Good Morning, Captain" (que constou da banda sonora do filme Kids de Larry Clark, o que fez com que fosse canção mais conhecida da banda, ou, para muitos, a única canção que conheciam), foi "Don, Aman" que mostrou ao público o verdadeiro tamanho da banda. Guitarra e baixo sentados frente a frente no começo da música. O suspense do crescendo da guitarra. Os sussurros de Brian McMahan: "The light. Their backs. The conversation. The couples, romancing, so natural. His friends stare, With eyes, like the heads of nails. The others. Glances. With amusement, with evasion, with contempt. So distant, with malice, for being a sty in their engagement, like swimming underwater in the darkness, like walking through an empty house, speaking to an imaginary audience, being watched from outside, by no-one (A song without a key) He could not dance to anything". Finalmente a guitarra cresce e oblitera o resto. E tudo regressa ao normal de seguida.
O concerto continua até esse outro pico que é a "Good Morning, Captain". As últimas letras vindas do palco nessa noite foram gritadas: "I'm trying to find my way home. I'm sorry...and I miss you. I miss you. I've grown taller now. I want the police to be notified. I'll make it up to you, I swear, I'll make it up to you. I miss you". Sempre quis ouvir esta letra ao vivo.
Seguiram-se três canções mais antigas, sem voz, para provarem que "sabiam tocar outras coisas", nas palavras de McMahan. Casa cheia no Ancienne Belgique para assistir a um muito esperado concerto por uma banda que conseguiu igualar em beleza um álbum extraordinário que merece ser visto ao vivo.
· 23 Mai 2007 · 08:00 ·
Tiago Diastdiasferreira@gmail.com
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