Creamfields
Parque da Bela Vista, Lisboa
19 Mai 2007
Já conhecíamos o espaço do Parque da Bela Vista desde o Rock In Rio. Desta vez, mesmo com um cartaz menos apelativo e desequilibrado, o público voltou a acorrer em massa ao parque para fazer a festa. A aposta da organização numa assumida vertente electrónica arrastou um público mais jovem, que desde cedo abarrotou as diversas pistas de dança espalhadas pelo recinto (demasiado pequenas para tanta afluência). Se a programação dos dois espaços “Olá” apresentou qualidade discutível (David Guetta, Layo & Bushwacka!, Silicone Soul, David Morales) e a tenda “Super Bock Silent Club” valia apenas pela estranha experiência de dançar com auscultadores num espaço silencioso, os restantes espaços apresentaram alguns bons motivos de interesse.

De todos, o palco “Axe Radio Soulwax” foi sem dúvida aquele que apresentou o melhor e mais equilibrado cartaz. Os Digitalism, pontas de lança da nova vaga electrónica europeia, apresentaram a sua música de dança irresistível e só tiveram a contrariedade de actuar às seis da tarde – ao fim da noite a sua música fazia muito mais sentido e conquistaria muito mais público. Seguiram-se os The Poppers que mostraram uma pop engraçada de influências sessentistas que entreteu bem o público antes do furacão que se seguiu. Os The Vicious Five, que traziam na bagagem o disco Up On the Walls, explanaram um rock viçoso feito de urgência adolescente e competência fora do normal. O vocalista Quim Albergaria brincou com a sua presença num festival maioritariamente electrónico e pediu desculpa por não terem um DJ no grupo, mas com ou sem DJ tiveram uma prestação incendiária e fizeram o público presente dançar como poucos.

Com asas de anjo coladas às costas, os WhoMadeWho voltaram ao nosso país para mais uma vez nos fazerem vibrar com as linhas de baixo mais marcantes dos últimos anos. Trouxeram os êxitos do costume – entre eles a inevitável “Rose” - e, mesmo sem surpresas, deixaram muita gente satisfeita. No mesmo palco seguiram-se ainda WrayGunn (a banda de Paulo “Tiger Man” Furtado), Spektrum e Soulwax. O palco “Coca-Cola Reggae Stage” foi um sucesso e concentrou milhares de pessoas, confirmando que a moda do reggae veio para ficar - de toda a programação destacou-se o veterano Max Romeo, que se mostrou em boa forma e abriu o concerto com o clássico “One Step Forward”.

O palco principal abriu com três bandas nacionais (You Should Go Ahead, Expensive Soul e Da Weasel), às quais se seguiram os Placebo. Baseando-se no seu mais recente registo (Meds, 2006), tiveram uma actuação morna e desiludiram os fãs pela pouca duração do espectáculo e pela falta de interacção com o público. Os Prodigy, que há dez anos atrás apresentavam uma aliciante electrónica agressiva, chegam a 2007 com uma fórmula estafada que ao longo do concerto é repetida até à exaustão (ainda assim o público aderiu e levantou muito pó). Pela noite fora seguiram-se ainda as esperadas actuações de Erol Alkan e 2 Many DJs no espaço "Bacardi Kubik".
· 19 Mai 2007 · 08:00 ·
Nuno Catarino
nunocatarino@gmail.com
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