We Are Balboa
Moby Dick Club, Madrid
27 Mar 2007
Quando se formaram em 2003 chamavam-se simplesmente Balboa, mas hoje, com diferente formação e com disco novo, respondem pelo nome We Are Balboa. Carlos del Amo, Lua, Jose Mora e David Leandro vivem dias excitantes. São neste momento uma das bandas indie espanholas mais viradas para o estrangeiro; Space Between Bodies, o último disco dos madrilenos, foi gravado por Jon Gray (que trabalhou com nomes como The Zutons, The Subways, The Coral, entre outros). Mais: em breve rumam ao Reino Unido para alguns concertos de apresentação deste novo disco, com intenção e vocação internacional.

Estes We Are Balboa são no fundo um projecto liderado por Carlos del Amo, fruto das suas audições em vinil de outros tempos. Os tempos agora são outros, são os de passar da audição à acção. Ou aos concertos. Em Madrid, a cidade dos We Are Balboa, a casa encheu-se para ouvir a apresentação de Space Between Bodies. As canções dos We Are Balboa fazem-se de guitarras possantes (as de Carlos del Amo e Lua) e completam-se com a voz de Lua, aquela que lidera os We Are Balboa nos concertos – é porta-voz em todos os sentidos possíveis. O baixo e a bateria completam o quarteto. Os anos de actividade da banda parecem ter-lhes dado a capacidade suficiente de funcionarem como uma máquina bem oleada.

Apesar de não serem muito distintas entre si, as canções possuem personalidade e transpiram energia. Cheira a punk-rock, a power-pop e a hard-rock ou à mistura entre todos. Não é com grande estranheza que vemos nomes como The Clash, Death Cab for Cutie, AC/DC, The Who, Blondie, Dinosaur J.R, Pretenders, Teenage Fanclub, MC5 ou Fountains of Wayne na caixinha de influências do famigerado myspace. E está tudo dito. Este som agrada quase sempre aos espanhóis, apesar de neste caso não terem sido muitas as demonstrações de excitação por parte do público presente. As canções seguem umas atrás das outras, muitas vezes sem pausas entre elas. "Space Between Bodies" e "Lady" surgiram a certa altura. E foi até com surpresa que os We Are Balboa fizeram uma versão de uma grande canção (sim, isso mesmo): "Under Pressure", dos Queen.

Se as vozes de Lua nem sempre parecem resultar na perfeição (por vezes parece um pouco forçada), o mesmo já não se pode dizer das guitarras que quase sempre levam as canções por bons caminhos. A certa altura Lua mencionava que ao abrir o jornal do dia tinha observado que se celebravam 55 anos do nascimento da Sun Records e que esperava que o concerto dos We Are Balboa fizesse justiça a esse facto. E ninguém presente pode declarar objectivamente que não se celebrou o rock nesta noite.
· 27 Mar 2007 · 08:00 ·
André Gomes
andregomes@bodyspace.net

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