Lonely Drifter Karen / G. G. Quintanilla
Bar & Co, Madrid
04 Jan 2007
A história do concerto de Lonely Drifter Karen começa bastante antes desta data propriamente dita. Começa quando algumas jovens tomaram contacto com a Suécia e criaram uma promotora para trazer a Espanha alguns projectos provenientes desse país. O que as move é a paixão pela música feita no país nórdico. Desta vez a escolha recaiu no projecto Lonely Drifter Karen, o epíteto que a delicada Tanja Frinta escolheu para mostrar as suas canções a solo. Quando Tanja se mudou da Áustria, a sua terra natal, para Gotemburgo levou apenas algumas malas e a sua música. Fez parte de algumas bandas de indie pop como os Holly May mas neste momento parece estar concentrada no seu projecto pessoal. Na verdade, antes do concerto de Madrid, Tanja encontrava-se a gravar o seu novo disco em Barcelona, com os dois músicos que compõem os El Piano Ardiendo.

Lonely Drifter Karen © Angela Costa

Para o concerto na capital espanhola, Tanja Frinta, na guitarra acústica, fez-se acompanhar de Marc Melia ao piano, num concerto maioritariamente intimista. A toada é acústica com ocasional travo cabarético ou burlesco. As influências de Tanja Frinta são nomes como Billie Holiday, Nina Simone, Tom Waits e Leonard Cohen mas também Neutral Milk Hotel, Astrud Gilberto, The Velvet Underground e Kurt Weill – tudo isto acabava por transparecer nas suas canções dóceis. Na primeira parte da actuação notou-se por vezes algum desentendimento entre os dois músicos, talvez fruto de reduzido tempo de ensaio, mas a certa altura ambos deram a volta a essas falhas e terminaram a actuação em agradável crescendo. Aí, com alguma moderação, algumas canções destacaram-se por entre as outras.

Lonely Drifter Karen © Angela Costa

Apesar de não ser uma extraordinária escritora de canções, Tanja Frinta possui uma voz bastante apelativa e é aí que reside o seu valor acrescentado. Por isso não foi surpresa quando os momentos em que pousou a sua guitarra e deixou a sua voz ir ao encontro do piano de resultaram bastante bem, apesar de Tanja Frinta ter confessado não se sentir muito confortável sem segurar o instrumento em falta. Evoluindo com a colaboração entre ambos, Marc Melia havia mesmo de se juntar a Tanja Frinta para a assistir na reprodução de uma canção que contém algumas frases em castelhano, compostas com alguns amigos seus provenientes da América do Sul. A aparente timidez de Tanja Frinta fez com que falasse pouco entre os temas, mas não a impediu de voltar para um encore de mais duas canções após pedido lançado pelo público. A sua actuação, no geral, e apesar de algumas falhas, foi agradável de se assistir. Fartar-lhe-á a segurança e firmeza que mostra nos temas que se podem ouvir, por exemplo, no seu Myspace.

G. G. Quintanilla © Angela Costa

Na primeira parte actuou G. G. Quintanilla, natural de Portugalete (Bizkaia) com alguma história no cenário recente da música espanhola. Escreve canções há mais de dez anos (com algumas alterações de formação pelo caminho e com bastantes variações estéticas) mas coube-lhe pouco tempo para apresentar as suas (cantadas em espanhol). Duas pessoas em palco com duas guitarras eléctricas e algumas canções – essencialmente sombrias, uma delas até sobre o atentado de 11 de Março em Madrid. Avisou-se o público que à mistura faltava a bateria e até se pediu que a imaginássemos. Sem essa bateria as canções pareceram ser todas um pouco iguais, incapazes de gerar grandes momentos, pelo que a actuação não teve grandes oportunidades de proveito.
· 04 Jan 2007 · 08:00 ·
André Gomes
andregomes@bodyspace.net

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