The Long Blondes / Hello Cuca
Moby Dick Club, Madrid
16 Dez 2006
Someone to Drive you Home, o disco de estreia dos britânicos Long Blondes, quando comparado com as actuações ao vivo da banda, parece sofrer de um mal: é um tanto ou quanto demasiado polido, ou seja, não lhe faria mal nenhum um som mais cru e directo. No concerto que fechou a digressão da banda, no Moby Dick Club, mostraram que são bastante mais ameaçadores (elogio, claro está) do que em disco. Conduzidos por Dorian Cox (na guitarrra) mas liderados pela algo selvagem e definitivamente sensual Kate Jackson (na voz), os Long Blondes completam-se ainda com Reenie Delaney (no baixo), Emma Chaplin (na guitarra), e Screech Louder (na bateria), ou seja, um saudável composto 60% feminino e 40% masculino.
A música dos Long Blondes é, numa palavra, divertida. Não se leva demasiado a sério, nem insuficientemente a sério. Aventuram-se em melodias ameninadas e adolescentes, falam de raparigas, maquilhagem, tatuagens e até de amor (ou daquilo que não se sabe sobre ele) aos 19 anos: "You're only nineteen for God's sake, you don't need a boyfriend", diz Kate Jackson na movimentada “Once and never again”, um dos primeiros temas a fazer mossa durante o concerto - esta canção, como todas as outras, vivem de guitarras e da boa vontade da pop. Às tantas começa a perceber-se que a menina que chegou ao concerto com uma camisola de Blondie sabia de antemão ao que vinha.
Mas o ponto alto do concerto, tal como acontece no disco, é um dos singles de Someone to Drive you Home: a maravilhosa “Giddy Stratospheres”, caixinha de surpresas prestes a explodir a qualquer momento, clímax de inocência e doçura, canção com e para bater palminhas. Se não for utilizada com cuidado, “Giddy Stratospheres” pode tornar-se num objecto de fácil vício. “Lust in the movies” e “Weekend without makeup” também ocuparam os seus lugares no alinhamento do concerto, tendo faltado apenas “Autonomy Boy”, do split com os Boyfriends.
É verdade que os Long Blondes não são ainda senhores de uma obra extensa, mas também parece óbvio que se o concerto em Madrid pecou de alguma forma foi precisamente pela curta duração da actuação (que não deve ter ultrapassado 60 minutos). Enquanto durou, a actuação dos Long Blondes além de constituir agradável divertimento, serviu para demonstrar que estes residentes de Sheffield são mais interessantes em directo do que em diferido. E até porque Someone to Drive you Home é um disco de certa forma desequilibrado, os concertos parecem camuflar essa realidade com sucesso. Estes Long Blondes são bem mais interessantes do que por exemplo os Franz Ferdinand e infinitamente melhores que os Kaiser Chiefs (o que não é difícil, diga-se), recentes vencedores do prémio NME Philip Hall Radar, que o quinteto de Sheffield venceu em 2006.
Na primeira parte actuou uma banda convidada que aparentemente nem chegou a ser anunciada com legitima antecedência (só se sabia que ia haver artista convidado): Hello Cuca, trio formado por Lidia Damunt na voz e na guitarra, Mabel Damunt no baixo baixo e Alfonso Melero na bateria, grupo de Murcia responsável por um rock 'n' roll surf que se portou bem para primeira parte. Apesar de alguma confusão no palco e hesitações e imperfeições, as Hello Cuca foram um aquecimento divertido para o concerto dos Long Blondes.
The Long Blondes © Angela Costa |
A música dos Long Blondes é, numa palavra, divertida. Não se leva demasiado a sério, nem insuficientemente a sério. Aventuram-se em melodias ameninadas e adolescentes, falam de raparigas, maquilhagem, tatuagens e até de amor (ou daquilo que não se sabe sobre ele) aos 19 anos: "You're only nineteen for God's sake, you don't need a boyfriend", diz Kate Jackson na movimentada “Once and never again”, um dos primeiros temas a fazer mossa durante o concerto - esta canção, como todas as outras, vivem de guitarras e da boa vontade da pop. Às tantas começa a perceber-se que a menina que chegou ao concerto com uma camisola de Blondie sabia de antemão ao que vinha.
Mas o ponto alto do concerto, tal como acontece no disco, é um dos singles de Someone to Drive you Home: a maravilhosa “Giddy Stratospheres”, caixinha de surpresas prestes a explodir a qualquer momento, clímax de inocência e doçura, canção com e para bater palminhas. Se não for utilizada com cuidado, “Giddy Stratospheres” pode tornar-se num objecto de fácil vício. “Lust in the movies” e “Weekend without makeup” também ocuparam os seus lugares no alinhamento do concerto, tendo faltado apenas “Autonomy Boy”, do split com os Boyfriends.
The Long Blondes © Angela Costa |
É verdade que os Long Blondes não são ainda senhores de uma obra extensa, mas também parece óbvio que se o concerto em Madrid pecou de alguma forma foi precisamente pela curta duração da actuação (que não deve ter ultrapassado 60 minutos). Enquanto durou, a actuação dos Long Blondes além de constituir agradável divertimento, serviu para demonstrar que estes residentes de Sheffield são mais interessantes em directo do que em diferido. E até porque Someone to Drive you Home é um disco de certa forma desequilibrado, os concertos parecem camuflar essa realidade com sucesso. Estes Long Blondes são bem mais interessantes do que por exemplo os Franz Ferdinand e infinitamente melhores que os Kaiser Chiefs (o que não é difícil, diga-se), recentes vencedores do prémio NME Philip Hall Radar, que o quinteto de Sheffield venceu em 2006.
Na primeira parte actuou uma banda convidada que aparentemente nem chegou a ser anunciada com legitima antecedência (só se sabia que ia haver artista convidado): Hello Cuca, trio formado por Lidia Damunt na voz e na guitarra, Mabel Damunt no baixo baixo e Alfonso Melero na bateria, grupo de Murcia responsável por um rock 'n' roll surf que se portou bem para primeira parte. Apesar de alguma confusão no palco e hesitações e imperfeições, as Hello Cuca foram um aquecimento divertido para o concerto dos Long Blondes.
· 16 Dez 2006 · 08:00 ·
André Gomesandregomes@bodyspace.net
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