Lobster
Escola de Artes da Universidade Católica, Porto
23 Nov 2006
Curiosa iniciativa a de um grupo de alunos da Universidade Católica do Porto, aparentemente inspirada em pessoas que “invadem” espaços para aí promover eventos: os lisboetas Lobster com concerto na Casa de Banho do bar das Artes da mencionada universidade portuense. Opor limitações óbvias do espaço os bilhetes estavam reservados ao número de 35 e estavam disponíveis gratuitamente apenas num café da cidade. Dentro da casa de banho além da bateria e da guitarra uma ventoinha no chão (que o calor prometia aumentar) e umas luzes de natal de formato pisca-pisca porque a ocasião está já aí. E uma folha de papel a cobrir uma lâmpada em jeito de candeeiro ou sistema de luzes. E uma câmara a registar o evento para a posteridade.

Lobster © Ana Sofia Marques

Para quem já teve a oportunidade de presenciar algum, é certo e sabido que um concerto dos Lobster pode ser uma experiência. O início foi algo caótico (com bolachas integrais e os primeiros sinais de mosh nas filas da frente), mas isso já é algo habitual num concerto dos Lobster. Fast Seafood é ainda o ponto por onde mais vezes passam os alinhamentos dos concertos de Guilherme Canhão e Ricardo Martins. O riff de “Colours” é já quase mítico, por enquanto apenas obrigatório. E o segue aos primeiros momentos não é menos entusiasmante. Cedo se percebeu que este era um daqueles grandes concertos dos Lobster.

A viagem seguiu também pelos dois temas do split com os Veados com Fome que foi editado este ano pela Lovers & Lollypops (que prova o bom momento de ambas as bandas), “Hot Flamingos” e “Keep it Brutal”, dois temas que mostram uns Lobster fortes e em contínua exploração do noise - sem desiludir. Tiago Ferreira dos Veados com Fome chegou inclusive, a dado momento do concerto, a substituir por momentos Ricardo Martins na bateria, comprovando o entendimento e ligação entre as duas bandas. Mas e porque os Lobster caminham para uma reformulação do alinhamento apresentaram durante o concerto um novo tema (que afirmaram ter gravado recentemente e que será editado em breve), além de uma versão de um tema dos Botch.

Lobster © Ana Sofia Marques

Como não podia deixar de ser o hino “Farewell Chewbacca” havia de conseguir mais uma vez o prémio de melhor momento da noite: depois dos momentos mais ruidosos sempre surgem os arrastados e enternecedores momentos à força de uns quantos drones. Os Lobster ameaçam ser a banda mais activa em termos de agenda de concertos e igualmente no que diz respeito a lançamentos: há uma série de splits com bandas portuguesas e internacionais (nomeadamente espanholas) com edição prevista para breve. Por enquanto, no que diz respeito a este concerto em particular, resta esperar que a iniciativa, com proveitos óbvios, seja para continuar.
· 23 Nov 2006 · 08:00 ·
André Gomes
andregomes@bodyspace.net
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